VIXPar finaliza Prova de Conceito com startup capixaba especializada em sustentabilidade climática
A colheita de café conilon começou oficialmente no Espírito Santo, marcando o início de uma temporada que se estende até agosto. No entanto, algumas plantações iniciaram a colheita desde o início de abril, especialmente aquelas com clones de conilon de maturação precoce. Neste início de colheita, produtores de café têm relatado que a produtividade no início desta safra está abaixo do esperado devido às altas temperaturas registradas durante os últimos meses de 2023. Os grãos de café conilon estão sendo colhidos menores do que o previsto, o que significa que é necessário mais volume para encher uma saca de 60 quilos.
Este cenário é atribuído aos desafios climáticos enfrentados durante o cultivo, particularmente a estiagem que afetou o desenvolvimento das plantas em novembro e dezembro de 2023.
Luiz Carlos Bastianello, presidente da Cooabriel, a maior cooperativa de café conilon do Brasil, observa que os grãos estão apresentando peneiras menores, resultando em um rendimento de peso inferior.
“Essa condição já era esperada para esta safra, em virtude das condições climáticas adversas enfrentadas durante a fase de formação dos grãos. Contudo, em relação ao peso, é importante frisar que ainda estamos no início de safra. Na medida em que a colheita for avançando, será possível ter mais clareza em relação ao percentual de quebra, bem como em relação à qualidade dos grãos”, explicou Bastianello.
As altas temperaturas e a escassez de chuvas em novembro e dezembro de 2023 impactaram significativamente as lavouras de café, levantando preocupações sobre a qualidade dos grãos. No estado, foram registrados alertas vermelhos de ondas de calor, com temperaturas até 5°C acima da média.
Na propriedade de Roney Krause, produtor de café conilon em Vila Valério, a diferença no tamanho dos grãos colhidos nesta safra em comparação com 2023 é evidente, refletindo o período de calor excessivo e escassez de água durante a granação do conilon. Isso resultou em frutos pouco desenvolvidos durante o período de maturação, comprometendo a qualidade do café.
“Passamos por um período de altas temperaturas no final do ano passado, no período de granação do conilon. Com esse excesso de calor e falta de água percebemos uma diferença na granação dos grãos, além do que a planta abortou por não conseguir segurar. Desta forma, entramos no período de maturação com frutos pouco desenvolvidos, o que resultou em uma qualidade de café comprometida”, explicou o cafeicultor.
Além disso, o rendimento dos grãos maduros ficou aquém das expectativas, conforme destacado por Bastianello. Embora seja previsto que a colheita de conilon nesta safra se mantenha próxima dos números da safra anterior, o presidente da Cooabriel ressalta que é prematuro fazer uma análise precisa neste momento.
“A expectativa é que tenhamos uma safra de conilon com números muito próximos aos da safra 2023 no que se refere à quantidade de café colhido, mas seria prematuro mensurar números neste momento”, explicou o presidente da Cooabriel.
Em 2023, foram colhidas 10,2 milhões de sacas de 60 quilos em uma área de 261,9 mil hectares, com uma produtividade média de 38,8 sacas por hectare. Para este ano, a Conab estima que a produção atinja 11,1 milhões de sacas, representando um aumento de 9% em relação à safra anterior. A área colhida está projetada para alcançar 262,98 mil hectares, com uma produtividade média esperada de 42 sacas por hectare.
O engenheiro agrônomo, Thiago Zignatti, destaca que a situação varia consideravelmente dependendo da região de produção de café no Espírito Santo. Na região norte e noroeste, especificamente, observa-se uma prevalência de grãos menores. Essa característica não apenas impacta o rendimento das lavouras, mas também pode influenciar os preços de negociação do café, uma vez que os grãos de maior tamanho costumam ser mais valorizados.
“Ano passado tivemos uma variação de clima, e isso causou uma diferença nos grãos em comparação com as outras colheitas. Antes, tínhamos em média 800 grãos para obter 1 litro de café maduro, e agora estamos lidando com uma média de 1000 a 1200 grãos. Os grãos estão menores em comparação com anos anteriores. Essa variação pode ser atribuída aos problemas de estiagem no final do ano passado. Muitas fazendas não estavam preparadas para lidar com isso, havendo problemas no manejo da irrigação, afetando o tamanho dos grãos e o rendimento. Além disso, houve infestação de cochonilhas, causando perdas em várias fazendas e resultando em prejuízos significativos.”
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória