Café conilon produzido no Espírito Santo ganha primeiro selo de Indicação Geográfica
O uso de produtos químicos em níveis acima das tolerâncias aceitas internacionalmente pode resultar na devolução de produtos agrícolas exportados. Para evitar esse problema e garantir que os frutos cheguem saudáveis, nutritivos e livres de contaminação à mesa do consumidor, empresas exportadoras estão optando por soluções naturais, como o Clean Fruit. Esse sanitizante é aplicado em pós-colheitas de frutas e hortaliças, atuando na limpeza durante o processo de beneficiamento e na seleção e embalagem dos produtos agrícolas (packing house), com função solvente e detergente. A tecnologia é uma criação da empresa capixaba Lithoplant, localizada em Linhares, no norte do Espírito Santo.
O Clean Fruit é um sanitizante de uso geral e profissional, aplicado em pós-colheitas de frutas e hortaliças. Ele possui uma ação secundária de limpeza no processo de beneficiamento e embalagem, atuando como solvente e detergente. Certificado pela Anvisa, ele garante a limpeza e segurança contra bactérias, fungos e sujeira nas frutas destinadas tanto ao mercado externo quanto interno.
Fábio Zanardi, gerente Administrativo da Litho Plant, destaca que o produto também tem a função de limpeza de superfícies e máquinas, além de aumentar em até cinco vezes o tempo de uso e reaproveitamento da água nos tanques. “Além disso, o sistema é todo separado. Apesar de sermos uma indústria de fertilizantes inicialmente, esta unidade é separada da indústria de fertilizantes. As matérias-primas são armazenadas em locais específicos, o processo de formulação ocorre em um local específico, e o controle de qualidade e validação do produto também são feitos separadamente”.
A Interfruit, especializada na distribuição e exportação de mamão, também está sediada em Linhares. A empresa exporta cinco mil toneladas de mamão por ano, atendendo a mais de 15 países nas Américas, Europa e Oriente Médio. Rafael Zucateli, gerente de Qualidade da Interfruit, descreve o processo pelo qual o mamão passa no packing house:
“Inicialmente, o mamão chega através de caminhões identificados para controle de rastreabilidade. A primeira lavagem do fruto é feita apenas com água pura para remover a sujeira mais grossa da roça. Em seguida, ele passa por uma aplicação de ozônio via spray pulverizador, circulando por um sistema que garante uma aplicação homogênea. O ozônio realiza uma limpeza biológica, eliminando a contaminação de fungos, bactérias e defensivos agrícolas aplicados na lavoura. Ele remove uma quantidade significativa desses defensivos, especialmente os de contato”, destacou.
Para garantir uma sanitização completa, o mamão passa por mais de um processo de limpeza. “Na terceira etapa, os frutos vão para um tanque com sanitizante, retirando mais contaminantes, fungos e bactérias para que cheguem limpos à mesa do consumidor”.
Cada etapa do processo ressalta o cuidado com os frutos que passam pelas esteiras diariamente. Os processos precisam garantir que chegue à mesa do consumidor um produto saudável, nutritivo e livre de contaminação. As tecnologias são desenvolvidas para aumentar o tempo de prateleira dos frutos, melhorar sua aparência e eliminar sujidades.
Rafael Zucateli, gerente de Qualidade da Interfruit, complementa que a troca de um produto químico por um produto natural foi uma virada de chave para a companhia, permitindo que atendessem aos altos padrões de exigência dos mercados internacionais.
“Procuramos substituir produtos químicos por alternativas naturais ou o mais próximo possível disso. O advento dessa nova tecnologia, que conhecemos junto à Lithoplant, foi perfeito para nós. A qualidade da limpeza da superfície da fruta foi excelente, e não tivemos problemas com o consumidor final. Não há resíduos, cheiro ou manchas na fruta, e nenhuma análise química detecta resíduos porque é um produto natural”.
Em 2023, a produção de mamão no Espírito Santo ultrapassou 500 mil toneladas, um crescimento de 30% em comparação a 2022. Esse aumento representa R$ 1,2 bilhão na comercialização do produto. Além disso, em 2023, o Espírito Santo exportou mamão para 37 países, gerando um faturamento de 21,1 milhões de dólares.
As características naturais do Clean Fruit facilitam a comercialização do mamão em mercados com padrões de qualidade rigorosos. De acordo com o presidente da Brapex, José Roberto Macedo Fontes, os produtores brasileiros de mamão produzem frutos de alto valor agregado e utilizam produtos como este para potencializar a aparência dos frutos.
“Nós trabalhamos com um produto de alto valor agregado, e nosso mamão precisa atender aos padrões internacionais. Isso inclui a aparência da fruta e a qualidade intrínseca, que está diretamente relacionada à segurança alimentar. Usar um produto natural à base de óleos essenciais, não só melhora a sanidade e a limpeza do fruto, mas também sua aparência”, ressaltou Fontes.
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