Jun 2024
22
Stefany Sampaio
AGRO BUSINESS

porStefany Sampaio

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Já comuns em outros países, as fazendas urbanas têm atraído empreendedores no ES

Nos últimos anos, diversas iniciativas vêm sendo exploradas por empreendedores capixabas em busca de uma agricultura mais rentável. Com as mudanças climáticas, escassez de água e aumento das temperaturas, as fazendas urbanas se tornam uma alternativa para agricultores que desejam produzir alimentos na Grande Vitória.

Uma técnica que tem ganhado adeptos é a hidroponia, que consiste em cultivar plantas sem o uso da terra. O biólogo e agricultor Leonardo Valandro Zanetti começou a horta de forma experimental em 2019, no terraço da casa dos pais, no Morro do Quadro, em Vitória. A Horta do Léo, como é conhecida, conta com uma estufa onde são cultivadas cerca de 250 plantas de tomate no sistema semi-hidropônico. Leonardo produz tomates dos tipos italiano e grape.

“Este era um terraço que acumulava sujeira e a madeira se deteriorava, precisando ser substituída constantemente. Eu tinha duas opções: fazer um jardim ou um telhado verde. Devido à minha formação, pensei em criar algo legal e sustentável, com a possibilidade de gerar comida. Optei por gerar comida, que sairia mais barato. Então, construí a estufa,” destacou Zanetti.

Livre de agrotóxicos, o fruto é comercializado, trazendo uma nova perspectiva sobre agricultura e alimentação. Seu principal mercado é o consumidor final, fazendo a entrega direta. Leonardo aponta alguns benefícios desse tipo de interação com o cliente:

“O benefício é a proximidade com o consumidor final. Reduzimos muito o consumo de carbono. Quando o produto é produzido no interior, ele passa por um atravessador que leva para a Ceasa, de lá vai para o supermercado, e do supermercado para a casa do consumidor. Aqui, a pessoa pega diretamente comigo ou eu entrego, oferecendo um produto mais fresco e sem uso de agrotóxicos. Utilizamos substratos de origem vegetal com um pouco de mineral, mas todo o material é esterilizado, pronto para cultivo, sem risco de patógenos no solo.”

Devido aos cuidados com os tomates, o cultivo precisa ser protegido. Apesar dos muitos benefícios, também há desafios. Leonardo explica que o maior deles é lidar com a temperatura elevada na capital capixaba.

“Temos um problema sério com a alta temperatura devido à estufa ser baixa e ter pouca circulação de ar. Estamos em uma área urbana, onde a ilha de calor se forma. Nos períodos próximos ao meio-dia, quando o vento para, a temperatura pode passar de 42 graus no verão, o que inviabiliza o cultivo do tomate. Acima de 33 graus, a produção cai muito. Também temos problemas com pragas. A mosca branca ataca muito, ao contrário da traça, que é um dos maiores problemas para os cultivadores de tomate no Brasil”.

Apesar dos desafios, os resultados da última colheita foram satisfatórios: 60 quilos de tomate por semana, totalizando 1200 quilos.

Em Vitória, outro empreendimento também funciona como uma fazenda urbana. No bairro Praia do Canto, cultiva-se hortaliças como alface, manjericão, rúcula e mostarda, todas livres de agrotóxicos. Além da compra na loja, os clientes podem assinar um serviço mensal para receber os produtos em casa. Para Leonardo, esse modelo de negócio desenha o futuro da agricultura no Espírito Santo.

“Olho para fora, para os Estados Unidos, Canadá, Europa, onde esse movimento é forte. No Rio de Janeiro, também há uma fazenda urbana. Acho que isso veio para ficar. Se as pessoas tiverem um espaço em casa com sol, podem produzir seu próprio alimento, e tenho certeza de que não vão querer voltar atrás”.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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