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A redução da informalidade e o avanço da tecnologia de ponta no campo têm acelerado o aumento da renda dos trabalhadores rurais no país. Entre 2019 e 2023, a remuneração média na agropecuária acumulou uma alta de 11,3%, superando significativamente o aumento médio no mercado de trabalho geral, que foi de apenas 1,5%, segundo estudo da FGV Agro. No Espírito Santo, a média dos salários aumentou 24,3%, comparado a um aumento médio de 6,2% no restante do país. Nacionalmente, a remuneração média na agropecuária está em R$ 1.894,89, enquanto no Espírito Santo a média é de R$ 2.000,87, colocando o estado na 11ª posição.
Em 2019, a remuneração média na agropecuária era de R$ 1.702,07, subindo para R$ 1.894,89 em 2023. No entanto, mesmo com esse aumento, os salários no setor agropecuário ainda são inferiores à média geral. Há também uma grande disparidade salarial entre os estados. Goiás é o estado com maior remuneração média, pagando R$ 3.532,99 por mês, enquanto o Piauí registra a menor remuneração.
Os estados de Goiás, Mato Grosso (R$ 3.521,05) e Mato Grosso do Sul (R$ 3.388,38) lideram o ranking de remuneração, com trabalhadores rurais ganhando acima da média nacional. As piores remunerações são encontradas na região Nordeste, com Piauí (R$ 679,54), Ceará (R$ 715,00) e Sergipe (R$ 834,10) registrando os menores salários.
Em 2023, um trabalhador rural em Goiás recebeu, em média, R$ 2.853,44 a mais que um trabalhador no mesmo setor no Piauí, representando uma diferença de mais de 420%. No Espírito Santo, os trabalhadores rurais recebem em média R$ 2.000,87.
Inicialmente, pode parecer que as atividades agropecuárias estão gerando menos postos de trabalho. Contudo, os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do IBGE, revelam que o perfil da mão de obra demandada pelo setor tem mudado estruturalmente.
“Há um aumento das contratações formais e uma expressiva redução dos postos de trabalho informais. Em outras palavras, o setor tem demandado uma força de trabalho mais qualificada e oferecido remunerações que crescem mais rapidamente do que em outros setores”, explicou a FGV Agro.
Em 2023, a população ocupada na agropecuária caiu 5% em relação ao ano anterior, passando de 8,68 milhões para 8,25 milhões de pessoas – uma perda de 432,99 mil postos de trabalho. É importante destacar que essa redução se deve exclusivamente à queda nas vagas informais, enquanto as formais se mantiveram estáveis. Entre 2022 e 2023, a população ocupada informal na agropecuária diminuiu 6,5%, resultando na perda de 435,31 mil empregos, enquanto as vagas formais aumentaram ligeiramente (+0,1%), com a criação de 2,32 mil postos de trabalho.
É válido ressaltar que a redução dos postos de trabalho na agropecuária não é um fenômeno exclusivo de 2023, pois desde 2016, início da série histórica para abertura dos empregos formais e informais, houve uma perda de 791,25 mil ocupações no setor agropecuário. Assim como em 2023, essa queda ocorreu exclusivamente devido à redução dos postos informais.
De acordo com Felippe Serigati, coordenador do estudo e pesquisador do FGV Agro, apesar dos desafios enfrentados por algumas culturas e criações neste ano, a expectativa é que essa tendência continue, pois a demanda por uma mão de obra mais qualificada no setor é uma mudança estrutural, não conjuntural.
Os dados mostram que o setor agropecuário está se tornando menos intensivo em trabalho e mais intensivo em tecnologia ao longo do tempo. Isso aumentou a demanda por profissionais mais qualificados. Essa melhoria na qualidade do mercado de trabalho no setor fica evidente quando se observa que as ocupações formais estão crescendo enquanto as informais estão diminuindo ao longo de um período maior.
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