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A green tech francesa NetZero e a Coocafé firmaram uma parceria com a trading japonesa Marubeni para exportar café sustentável produzido com biochar nas regiões de Lajinha, em Minas Gerais, e Brejetuba, no Espírito Santo. A parceria se concretiza em setembro com o envio dos dois primeiros contêineres contendo 880 sacos de café ao Japão, totalizando 52,8 toneladas. O café é considerado altamente sustentável, pois os produtores associados à Coocafé, cooperativa parceira da NetZero, utilizaram biochar em sua produção. O biochar é um insumo agrícola que melhora significativamente e de forma duradoura o rendimento das colheitas, reduz o uso de fertilizantes tradicionais e ajuda no sequestro de carbono atmosférico no solo.
Para incentivar e reconhecer a produção de café sustentável com biochar no Brasil, a Marubeni pagou um preço diferenciado, beneficiando os produtores.
“A NetZero caracteriza-se pelo trabalho em parceria com companhias que levam a sério a sustentabilidade, e a Marubeni se torna uma importante aliada nossa na produção de café sustentável. Estamos muito entusiasmados com esta parceria”, afirma Pedro de Figueiredo, cofundador da NetZero e CEO da empresa no Brasil.
Em Lajinha, onde está uma das fábricas de biochar da NetZero no Brasil, há uma parceria com a Coocafé, cooperativa que reúne mais de 10 mil cafeicultores. Eles fornecem milhares de toneladas de resíduos não utilizados provenientes do processo de envelhecimento do café, que a NetZero transforma em biochar. Estes mesmos agricultores utilizam o biochar em seus campos para melhorar a produtividade das culturas e reduzir a utilização de fertilizantes, ao mesmo tempo em que ajudam na remoção do carbono.
De acordo com Fernando Cerqueira, diretor presidente da Coocafé, a parceria com a Marubeni, que é inédita e beneficiará 40 produtores da região, representa uma conquista relevante: “Todo mundo ganha. Vamos embarcar um produto de qualidade, sustentável, para uma companhia idônea, grande, reconhecida por sua importância em um mercado tão exigente. É também uma nova porta de entrada para a Coocafé, o que reforça nossa posição de defender os interesses dos cooperados, inclusive de sempre buscar novos mercados”.
De acordo com Fukui Yoshinori, representante da empresa japonesa no Brasil, a Marubeni começou a comprar café de fazendas que usam biochar em suas práticas de cultivo, como uma forma de apoiar os agricultores que adotam a tecnologia e incentivar o uso na produção de café.
“Estamos engajados no negócio de café há muitos anos. Nos últimos anos, tornamo-nos extremamente conscientes dos riscos que as mudanças climáticas representam para a produção de café. Essa consciência reforçou o compromisso da empresa em desempenhar um papel crucial para garantir a estabilidade e a sustentabilidade do setor cafeeiro. Embora as práticas sustentáveis sejam geralmente reconhecidas como benéficas para o meio ambiente, muitas vezes elas têm custos elevados ou podem afetar negativamente a produtividade. Isso representa um desafio para equilibrar as preocupações ambientais com a necessidade de um setor cafeeiro estável e produtivo. No entanto, identificamos o biochar como uma tecnologia potencialmente revolucionária, capaz de lidar com as preocupações ambientais e de produtividade”, destacou.
O biochar, um condicionador de solo produzido a partir do carbono contido nos resíduos agrícolas, atua como uma “esponja” que retém água e nutrientes de forma duradoura no nível da raiz da planta. Isso permite, com uma única aplicação, aumentar a produtividade das culturas e, ao mesmo tempo, reduzir significativamente o uso de fertilizantes, que atualmente contribuem para uma parcela significativa da pegada de carbono do café.
Além de reduzir as emissões, o biochar é uma tecnologia de remoção de carbono reconhecida pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), fixando o carbono atmosférico nos solos por milênios. O biochar também desempenha um papel importante no aumento da resistência das plantas durante secas e outros eventos climáticos extremos.
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