Entenda como os produtores rurais podem usar os recursos do Plano Safra para investir no agronegócio
As exportações capixabas de café nos últimos 12 meses, encerrados em junho, somaram mais de 8 milhões de sacas, o maior volume já exportado pelo Porto de Vitória. Apesar dessa marca, a estrutura logística portuária local não conseguiu escoar todo o café disponível para exportação. Foram necessários 21 anos para que o Espírito Santo superar seu próprio recorde, mas o volume atual ultrapassou o recorde anterior em apenas 4,5 mil sacas de café: de julho de 2002 a junho de 2003 foram exportadas 8,072 milhões de sacas, contra 8,077 milhões de sacas no último intervalo de comparação. Isso ocorreu mesmo com o aumento considerável das produções brasileira e capixaba de café e com o progresso tecnológico em geral.
No período analisado (julho de 2023 a junho de 2024), as exportações poderiam ser pelo menos 12,4% maiores, se cerca de 1 milhão de sacas de café conilon não tivessem sido desviadas para embarques em outros portos, especialmente os do Rio de Janeiro.
Se considerarmos também que aproximadamente 2 milhões de sacas de café arábica poderiam ter sido escoadas pelo Porto de Vitória, o total das exportações seria 37% maior, somando mais de 11 milhões de sacas.
A produção exportável de café arábica foi praticamente perdida do Espírito Santo para outros portos. Em 2002, o estado exportou mais de 4,3 milhões de sacas dessa variedade, contra apenas 683 mil sacas em 2023.
Comparando os ciclos de 2002/03 e 2023/24, observa-se uma mudança no perfil dos cafés exportados: no primeiro, os volumes de arábica e conilon eram praticamente equilibrados, na proporção de 53% e 45%, respectivamente, contra 8% e 85% no segundo ciclo.
Os embarques de cafés industrializados (torrado & moído e café solúvel) saltaram de 2% no primeiro ciclo para 7% no segundo. De acordo com o Centro de Comércio de Café de Vitória (CCCV), o desempenho abaixo do esperado das exportações capixabas se deve, sobretudo, aos gargalos logísticos do complexo portuário local.
“Pouco espaço no terminal de contêineres, alta ocupação do terminal e de retroáreas com carros importados, omissão de escalas pelos armadores, escassez de oferta de contêineres de 20 pés ‘padrão alimento’ e número reduzido de auditores fiscais no serviço de vigilância agropecuária internacional do Ministério da Agricultura. Esses problemas não são novos e tiveram um peso maior com o alto volume de exportações dos últimos meses”, destacou o CCCV.
Cerca de 91% do volume exportado nos últimos 12 meses foi comercializado pelos associados do CCCV, que projeta a continuidade de volumes elevados de exportação de café para os próximos meses.
“Isso evidencia a necessidade urgente de medidas mais efetivas para que o complexo portuário capixaba se torne mais eficiente e possa absorver maiores quantidades das safras de café capixaba e de regiões produtoras vizinhas”.
No mês de junho, o Espírito Santo exportou 694 mil sacas de café. Destas, o conilon foi a principal espécie exportada, totalizando 604 mil sacas, representando 87% do volume total. Em seguida, vem o café solúvel, com 65 mil sacas exportadas (9%), e o café arábica, com 25 mil sacas (4%).
O Vietnã foi o principal destino das exportações, recebendo 14% do volume total exportado. Na sequência, os cinco principais destinos foram Bélgica, Reino Unido, México e Itália. O café foi negociado a um preço médio recorde de 211 dólares por saca, acumulando uma receita de US$ 146 milhões.
No acumulado do ano, os embarques totalizaram mais de 4 milhões de sacas, sendo 3,5 milhões de café conilon, 297 mil sacas de café solúvel e 258 mil sacas de café arábica. O volume deste ano é 247% maior que o do mesmo período de 2023 e equivale a 78% de tudo que foi exportado no ano passado. Ao todo, 61 países transacionaram com o Espírito Santo de janeiro a junho de 2024. Bélgica, Estados Unidos, México, Reino Unido e Itália foram os cinco maiores importadores.
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