RuralturES supera expectativas com R$ 5,5 milhões em negócios e atrai 20 mil visitantes
O Centro de Comércio de Café de Vitória divulgou os dados mais recentes sobre as exportações de café pelo Espírito Santo. O estado atingiu um recorde histórico na exportação de café conilon, principal variedade produzida, com 4,849 milhões de sacas exportadas de janeiro a agosto de 2024. O recorde anterior havia sido registrado em 2020, com 4,808 milhões de sacas. Jorge Nicchio, vice-presidente do CCCV, projeta que, até o final do ano, o estado poderá exportar cerca de 7 milhões de sacas de conilon. No entanto, gargalos logísticos nos portos de Vitória têm prejudicado o embarque, forçando a exportação via portos do Rio de Janeiro.
Em agosto, o Espírito Santo exportou 749 mil sacas de café, um aumento de 15,65% em comparação com o mesmo mês de 2023. O café conilon foi responsável por 91,6% desse volume, com 687 mil sacas. As exportações do café arábica somaram 32,9 mil sacas, enquanto o café solúvel totalizadou 29,6 mil sacas.
De janeiro a agosto, o total exportado pelo estado foi de 5,5 milhões de sacas, sendo 4,8 milhões de conilon, 332 mil de arábica e 359 mil de arábica, gerando uma receita de US$ 1,089 bilhão. Os principais destinos das exportações foram Bélgica (15,25%), México (10,6%), Estados Unidos (9,05%), Itália (8,96%), Espanha (7,99%), Reino Unido (6,57%), Alemanha (5,68%) e Vietnã (5,20%).
Jorge Nicchio ressaltou que, se o ritmo atual continuar, o Espírito Santo deve atingir cerca de 7 milhões de sacas de conilon exportadas até o final do ano
Gargalos logísticos Embora o Espírito Santo seja o maior produtor e exportador de café conilon do Brasil, gargalos logísticos estão impedindo que o estado amplie ainda mais suas exportações, mesmo com os preços internacionais do café em alta.
O CCCV estima que cerca de 1 milhão de sacas de conilon deixaram de ser escoadas pelos terminais capixabas e foram embarcadas por portos no Rio de Janeiro. Esse número pode chegar a 1,5 milhão até o final do ano.
“De janeiro a agosto, o Brasil exportou 6,1 milhões de sacas de conilon, e o Espírito Santo contribuiu com 4,8 milhões. No entanto, mais de 1 milhão de sacas produzidas no estado foram embarcadas em outros portos devido a esses gargalos logísticos”, explicou Nicchio. “É frustrante, pois temos o café, temos o porto, mas não conseguimos exportar a totalidade”.
Segundo Nicchio, a falta de navios, contêineres e o cancelamento de todas são problemas recorrentes. Para contornar a situação, o CCCV está em negociação com autoridades portuárias para aumentar a capacidade de embarque e garantir maior disponibilidade de contêineres. “Estamos em diáogo desde o ano passado, prevendo que os volumes seriam grandes, e isso tem se confirmado”, acrescentou.
O aumento das exportações de café conilon capixaba é resultado de vários fatores. O Espírito Santo tem suprido a escassez de produção em grandes produtores mundiais como Vietnã e Indonésia, que enfrentaram problemas climáticos. Além disso, a melhoria na qualidade do conilon produzido no estado tem atraído mais compradores internacionais.
Nicchio explica os motivos que levaram a uma maior demanda internacional pelo conilon a partir do segundo semestre de 2023.
Principais produtores mundiais de conilon: O Vietnã é o maior produtor de café conilon, seguido pelo Brasil e pela Indonésia. No entanto, tanto Vietnã quanto Indonésia enfrentaram problemas climáticos nos últimos anos, o que resultou em safras reduzidas. A expectativa é que a colheita deste ano, que começa em novembro, também seja impactada, causando uma nova quebra de safra.
Quebra de safra no Brasil: A colheita de conilon no Brasil também ficou abaixo das expectativas, com uma quebra estimada entre 15% e 20%. Isso resultou em uma oferta menor da variedade no mercado.
Problemas logísticos: As dificuldades em escoar a produção, como a falta de navios e contêineres, têm limitado as exportações. Com os estoques globais de conilon historicamente baixos, os importadores estão dispostos a pagar preços mais altos para garantir o recebimento do café.
Melhoria na qualidade do conilon capixaba: Nos últimos anos, o conilon produzido no Espírito Santo melhorou significativamente em qualidade. Esse avanço tem aumentado a aceitação do café no mercado internacional, provando o sucesso dos esforços dos produtores locais.
Preocupações para a safra de 2025: O Brasil, especialmente o Espírito Santo, está enfrentando quase quatro meses sem chuvas, o que já gera preocupações sobre o impacto na colheita de 2025. Existe um alerta de que a próxima safra pode não atingir as expectativas.
Aumento do consumo global de conilon: O consumo mundial de café conilon tem crescido em um ritmo mais acelerado que o do arábica nos últimos 20 anos. A demanda pelo conilon tem sido impulsionada por indústrias ao redor do mundo, o que reforça a importância da produção dessa variedade.
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória