Da árvore à barra: Capixaba Ana Bandeira expande produção para crescer no mercado de chocolates no Brasil e EUA
Criado no Brasil por brasileiros, o Cup of Excellence recebeu 612 amostras de cafés especiais de 19 regiões produtoras do país. Após a pré-seleção, 142 lotes de 14 diferentes regiões avançaram para a Fase Nacional. Entre as regiões que seguem na disputa estão Alta Mogiana, Cerrado Mineiro, Mantiqueira de Minas e Montanhas do Espírito Santo. Seis cafés produzidos no Espírito Santo foram selecionados para competir no evento, que premia os melhores cafés arábicas da safra 2024 no Brasil.
Na categoria “via úmida”, voltada para cafés despolpados, desmucilados e cerejas descascados, cinco produtores capixabas das cidades de Afonso Cláudio e Marechal Floriano estão entre os 62 selecionados. Já na categoria “via seca”, que avalia cafés naturais, secos com casca, o produtor Henrique Sloper, da Fazenda Camocim, em Domingos Martins, representa o Espírito Santo entre os 42 finalistas.
Na categoria “via úmida”, os finalistas do Espírito Santo são: Antônio Carlos Dazilio, Estevão Denizar Douro, Jeremias Lietig Braga, Luciano Dazilio Delpupo e Sueli Schwanz de Souza, todos com produções em Afonso Cláudio e Marechal Floriano. Já na “via seca”, Henrique Sloper, da Fazenda Camocim, é o destaque.
A Fazenda Camocim, localizada em Domingos Martins, é referência em cafés orgânicos e foi a primeira no Brasil a receber a certificação Regenerative Organic Certified (ROC). Além disso, já foi vencedora do Cup of Excellence Brazil em 2017, com um café que alcançou quase 94 pontos e que foi arrematado por R$ 39 mil.
Os produtores estão otimistas, mesmo após uma safra marcada por desafios climáticos. Antônio Delpupo, produtor de Afonso Cláudio, um dos finalistas, comenta: “Foi um ano difícil, mas conseguimos colher um café excelente. Estamos confiantes em avançar na premiação”.
Além de Antônio, seu irmão Luciano Delpupo também foi selecionado com o café do Sítio Analice. Para Luciano, a trajetória até aqui foi marcada por desafios e conquistas. “Participar de concursos é sempre um grande desafio, mas com o tempo adquirimos experiência. Desde que começamos a focar na qualidade e a ganhar prêmios, percebemos o quanto isso agrega valor à nossa produção.”
Com o tempo, a propriedade de Luciano passou a negociar com uma empresa de exportação de São Paulo, atraindo compradores internacionais interessados em conhecer seus métodos de produção. Ele acredita que o terroir da região montanhosa do Espírito Santo favorece a qualidade dos cafés especiais. “A região tem um terroir excelente, mas também é fundamental cuidar de cada detalhe, desde a colheita até o pós-colheita, para garantir um produto diferenciado”, afirma.
Sueli Schwanz, outra finalista, já foi premiada no concurso Florada Premiada da 3 Corações. Com sua propriedade a 1.150 metros de altitude, ela acredita que a localização contribui para a qualidade do café. “Realizamos três seletivas na lavoura, despolpamos o café no mesmo dia e secamos em terreiro suspenso. Cada etapa é cuidadosamente planejada para garantir a melhor qualidade possível. Ver meu trabalho sendo reconhecido é uma alegria imensa. Há oito anos trabalho com cafés de qualidade, sempre buscando melhorar”, comenta.
Jeremias Lietig Braga, produtor do Sítio Liberdade, em Afonso Cláudio, também está entre os finalistas do Cup of Excellence. No ano passado, ele conquistou o quinto lugar, com seu lote de café vendido por R$ 7 mil a uma empresa japonesa. Para Jeremias, as expectativas para a edição de 2024 são positivas, apesar dos desafios. “Sempre temos boas expectativas, mesmo sabendo que o processo não é fácil. Nos dedicamos o ano todo, da colheita ao pós-colheita”, afirma o produtor, que há 20 anos trabalha com cafés especiais e faz parte da quarta geração de cafeicultores.
A qualidade dos cafés produzidos nas montanhas do Espírito Santo tem conquistado cada vez mais reconhecimento, especialmente em competições que avaliam a excelência dos grãos. Segundo Guilhermino Netto, presidente da Associação dos Produtores de Cafés Especiais das Montanhas do Espírito Santo, o desempenho dos cafés especiais da região reflete o trabalho cuidadoso dos produtores.
“Os cafés das montanhas estão se destacando pela qualidade e relevância. A participação desses cafés selecionados gera reconhecimento e agrega valor ao trabalho dos produtores”, afirmou Netto. Ele também destacou que, apesar das dificuldades enfrentadas nesta safra, devido às mudanças climáticas, a expectativa é de que os cafés da região conquistem as primeiras colocações, o que seria uma grande vitória.
Netto também ressaltou o compromisso dos produtores com a sustentabilidade: “Vale lembrar que todos os produtores atuam em agroflorestas e adotam práticas sustentáveis nas lavouras. São propriedades com um forte currículo de sustentabilidade”.
O Cup of Excellence, realizado no Brasil desde 2000 pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) com apoio da Apex-Brasil e da Alliance for Coffee Excellence (ACE), é o principal concurso de qualidade de cafés do mundo. O concurso é parte do Plano Internacional de Marketing para a Promoção dos Cafés Especiais Brasileiros, e os cafés finalistas são leiloados globalmente, atraindo compradores que pagam preços acima da média do mercado.
Como exemplo da valorização desses cafés, o maior lance do leilão de 2023 foi para o café da Fazenda Rainha (Orfeu Cafés), em São Paulo. O campeão da categoria “via seca” foi vendido por R$ 84,5 mil à empresa japonesa Sarutahiko Coffee.
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