Café: preço sobe 100% e robusta opera na casa dos R$ 1.500
Em 2023, as cooperativas do Espírito Santo comercializaram 2,8 milhões de sacas de café, com destaque para 2,6 milhões de café conilon e 193 mil de café arábica, representando um crescimento de 22,06% em relação ao ano anterior. Apesar desse aumento no volume comercializado, o valor das vendas apresentou queda de 26,1%, influenciado pela oscilação dos preços internacionais do café. O total comercializado em 2023 somou R$ 1,4 bilhão, frente aos R$ 1,9 bilhão de 2022, quando houve um crescimento expressivo de 36,3% entre 2021 e 2022.
Já em 2022, foram comercializadas 2,3 milhões de sacas, sendo 2,1 milhões de café conilon. Em 2023, o volume de conilon cresceu 20,6%, enquanto o arábica saltou de 132 mil para 193 mil sacas, um aumento de 46,3%. No ano passado, as cooperativas comercializaram 67,7 mil sacas de conilon especial (com mais de 80 pontos de qualidade) e 113 mil sacas de café arábica.
Dentre as cooperativas, a Cooabriel, maior cooperativa de café conilon do Brasil, com sede em São Gabriel da Palha, foi responsável por comercializar 1,77 milhão de sacas de café.
As cooperativas capixabas representaram 23,9% da produção estadual de café conilon em 2023 e 9,9% da produção de arábica. No setor agropecuário, essas cooperativas também atuam em atividades extrativistas, agroindustriais, aquícolas e pesqueiras, com destaque para organizações como a Cooabriel, Cafesul e Coopbac. Os dados foram mapeados pelo Anuário do Cooperativismo Capixaba, elaborado pelo Sistema OCB/ES em parceria com a Futura Inteligência.
Os municípios que mais se destacaram na captação e aquisição de sacas de café foram Santa Maria de Jetibá (46,4%), São Gabriel da Palha (16,47%), Nova Venécia (11,45%), Boa Esperança (8,25%), Águia Branca (5,07%), Jaguaré (3,73%) e Vila Pavão (3,58%).
“Produção e comercialização são aspectos distintos. Muitas vezes, nem tudo que é produzido em um ano é comercializado no mesmo período. A comercialização depende dos preços de mercado. Se os produtores percebem uma queda nos preços, mas há expectativa de melhora, eles seguram o café, quase como uma poupança, para vender quando o valor estiver mais alto. Nesse sentido, o papel das cooperativas é fundamental, pois oferecem flexibilidade e segurança ao produtor”, destacou Orlando Caliman, economista e diretor econômico da Futura Inteligência.
Caliman complementou que um pequeno produtor, por exemplo, pode depositar sua produção na cooperativa e guardá-la até que precise do dinheiro, vendendo aos poucos conforme a demanda. “No período, houve desafios com os preços no mercado internacional, que estão abaixo dos valores de 2024, especialmente devido à crise no Vietnã, um grande produtor de robusta. O Brasil acabou assumindo parte desse mercado”, ressaltou.
Em janeiro de 2023, a saca de café robusta estava cotada a R$ 693,00, segundo o Indicador Cepea, subindo para R$ 759,00 em dezembro. No caso do arábica, o valor da saca de 60 kg em dezembro se aproximava de R$ 1.000,00. A partir de 2024, os preços do robusta foram subindo, com a alta influenciada por uma menor oferta no Vietnã, importante produtor de robusta, que redirecionou a demanda global para o Brasil. Além disso, o fenômeno El Niño gerou preocupações quanto aos impactos climáticos sobre a safra 2024/25, levando a previsões de uma colheita menor tanto para arábica quanto para robusta.
No total, as 22 cooperativas agropecuárias capixabas geraram um faturamento de R$ 5,8 bilhões, representando mais de 39% do faturamento total das cooperativas do Espírito Santo. Para o diretor-executivo do Sistema OCB/ES, Carlos André Santos de Oliveira, a cada novo ano, o movimento cooperativista se mostra mais participativo no desenvolvimento da economia. “Em 2023, diversos avanços foram alcançados pelas cooperativas que atuam no estado. Demostrando profundo interesse em amadurecer conhecimentos e práticas, expandir mercados e criar conexões, nossas cooperativas tomam impulso rumo a um cenário extremamente promissor”, complementou.
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