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O Espírito Santo tem consolidado seu papel de principal produtor e exportador de café conilon, refletido nos números recordes de exportações pelos portos do estado. Dados do Centro de Comércio de Café de Vitória (CCCV) indicam que, entre janeiro e setembro de 2024, o estado já exportou mais de US$ 1,2 bilhão em café (arábica, conilon e solúvel), o que representa mais de R$ 7,2 bilhões na cotação atual, com um volume de 6,3 milhões de sacas. Este desempenho supera o total exportado ao longo de 2023, que foi de US$ 824,4 milhões e 5,2 milhões de sacas. A alta demanda internacional, especialmente da Europa, vem fortalecendo o mercado de café brasileiro, posicionando os cafés capixabas como uma solução para atender mercados que não conseguem ser supridos por países asiáticos devido à quebra de safra.
De janeiro a setembro, foram exportadas 6,3 milhões de sacas, sendo 5,5 milhões de conilon, 410 mil de arábica e 382 mil de café solúvel, totalizando US$ 1,2 bilhão. Os principais destinos incluíram Bélgica, com 935 mil sacas; México, com 652 mil; Estados Unidos, com 558 mil; Itália, com 547 mil; Espanha, com 479 mil; Alemanha, com 393 mil; Reino Unido, com 365 mil; Vietnã, com 345 mil; Indonésia, com 246 mil; e Turquia, com 181 mil sacas.
Em setembro, especificamente, foram embarcadas 747 mil sacas para o exterior: 653 mil de conilon, 71 mil de arábica e 23 mil de solúvel. O vice-presidente do CCCV, Jorge Nicchio, prevê que o ritmo de exportação deve se manter elevado nos próximos meses, permitindo que o Espírito Santo atinja cerca de 7 milhões de sacas de conilon até o final de 2024.
“Mantemos um forte ritmo de embarque, com uma média de 600 mil sacas de conilon em setembro, apesar de uma leve redução em relação ao mês anterior. Setembro e outubro são meses intensos em exportações, com muitos embarques ainda programados. No entanto, continuamos enfrentando desafios para enviar café ao exterior pelos portos do Espírito Santo. Em setembro, o Brasil embarcou 912 mil sacas de conilon, das quais 653 mil saíram por Vitória, enquanto cerca de 28% foram exportadas por outros portos, principalmente o do Rio de Janeiro”, destacou Nicchio.
Apesar do potencial do Espírito Santo para produzir e exportar café em grande volume e de qualidade, gargalos logísticos estão impedindo uma expansão ainda maior, mesmo com os preços internacionais do café em alta. A escassez de navios e contêineres, além do cancelamento de rotas, são problemas recorrentes. Isso força uma parte significativa das exportações a serem redirecionadas para portos de outros estados, como o Rio de Janeiro.
“Isso é muito ruim para o Espírito Santo, que tem produção e exportadores qualificados, mas depende de outros portos para atender a demanda internacional. Já alertamos sobre esse gargalo há algum tempo, e, enquanto não houver melhorias, parte das nossas exportações será desviada para outros estados. Apesar das dificuldades, os embarques têm sido positivos”.
Para Gilberto Profilo, advogado da Oliveira Cardoso Advogados e especialista em Direito Contratual e Empresarial, o aumento dos investimentos em tecnologias e capacitação dos produtores consolidou a capacidade produtora do estado.
“A exportação do conilon, que já era a marca registrada do Espirito Santo, foi favorecida com a queda na produção de países como a Indonésia e Vietnã. Essa combinação de cenários culmina na melhoria da reputação da produção cafeeira capixaba, além de um aumento no interesse e demanda. O que se correlaciona diretamente com a necessidade de investimentos contínuos na qualificação, e ampliação da mão de obra. É necessário pensar em toda cadeia produtiva, seja no plantio e colheita, seja na exportação. Os números reforçam o potencial capixaba para se tornar uma superpotência, mas é necessário superar alguns desafios”, disse Profilo.
Com o regulamento europeu antidesmatamento entrando em vigor, o mercado vai exigir mais rastreabilidade dos produtos agrícolas. No Brasil, o Cecafé, em parceria com a Serasa-Experian, desenvolveu uma plataforma para ajudar exportadores a comprovar que seus produtos atendem aos critérios da União Europeia. Essa medida regulatória, inicialmente prevista para entrar em vigor em 30 de dezembro de 2024, deve ser adiada para 2025, após pressão de países produtores de commodities e representantes da indústria.
Gilberto Profilo ressalta que a sustentabilidade da produção cafeeira brasileira pode ser uma vantagem competitiva frente a essa regulamentação europeia.
“O Brasil, caso continue a direcionar esforços para o desenvolvimento de uma cadeia produtiva sustentável, poderá tomar a frente na corrida global para a venda de café. Ultimamente, a sustentabilidade refletirá na eficiência da lavoura, permitindo que a produção seja feita com menor desperdício possível”.
Ele complementa: “A implementação, mesmo que incentivada pelas diretrizes Europeias, de regulamentações mais duras quanto as normas socioambientais, podem significar um avanço na produção como um todo, e servir de motor para consolidação do Brasil no mercado de café”.
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