Agropecuária cresce 8,3% de janeiro a setembro e puxa alta do PIB capixaba, aponta Findes
A pecuária bovina no Espírito Santo registrou um bom desempenho em 2024. Durante o primeiro trimestre, o abate de bovinos cresceu 45,4% em relação ao mesmo período de 2023, totalizando 17,6 mil toneladas de carne, contra 12,1 mil toneladas no ano anterior, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Renata Erler, zootecnista e especialista em gestão pecuária 360º, destacou: “Esse crescimento expressivo no abate refletiu diretamente nas exportações de carne bovina, que alcançaram US$ 7,6 milhões no primeiro trimestre de 2024, representando 1,18% das exportações totais do agronegócio capixaba nesse intervalo”. Ela também apontou que, em volume, as exportações saltaram de 55,1 toneladas no início de 2023 para 1.564 toneladas no mesmo intervalo deste ano.
No acumulado do primeiro semestre de 2024, a carne bovina consolidou-se como um dos pilares do agronegócio capixaba, ocupando a quarta posição na geração de divisas do setor, com US$ 14,2 milhões. O volume exportado também cresceu, passando de 1.845 toneladas entre janeiro e maio de 2023 para 2.518 toneladas no mesmo período de 2024.
Essa evolução foi impulsionada por fatores como a estabilização dos custos de insumos e combustíveis, o aumento da produtividade e a adoção de práticas mais eficientes.
Renata Erler comentou ainda sobre as perspectivas para 2025: “O governo estadual lançou o Plano de Crédito Rural para a safra 2024/2025, oferecendo R$ 8,5 bilhões em mais de 47 mil contratos voltados a investimentos, custeio, comercialização e industrialização”. Os recursos buscam fomentar o crescimento em diversas cadeias agropecuárias, com destaque para a pecuária leiteira e na cafeicultura.
Além disso, o Ministério da Agricultura e Pecuária apresentou a primeira estimativa para o Valor Bruto da Produção (VBP) de 2025, projetando um crescimento de 7,6% em comparação a 2024, alcançando R$ 1,309 trilhão. A pecuária deve liderar esse avanço, com um aumento de 9,5%, totalizando R$ 435 bilhões.
No entanto, nem todos os indicadores foram favoráveis. O presidente da Associação de Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), Victor Paulo Miranda, explicou que apesar do número de abates ser satisfatório, os motivos não são favoráveis.
“O volume cresceu muito porque o preço da arroba do boi estava muito baixo, o que tornou insustentável manter os custos. Isso levou ao abate em massa de fêmeas pelo baixo preço da arroba do boi e pelo baixo preço do bezerro”, explica Victor. Ele ressalta que tudo foi agravado pela seca que afetou o Espírito Santo neste ano. Também alertou que o abate excessivo de fêmeas pode gerar dificuldades na recomposição do rebanho em 2025.
Miranda também ressaltou que a seca prejudicou a criação de bezerros, enquanto frigoríficos lucraram com a desvalorização do gado no mercado interno e a alta do dólar nas exportações.
“Nunca se ganhou tanto dinheiro com exportação de carne como os frigoríficos ganharam este ano, mas quem perdeu foram os criadores de gado”. Apesar disso, ele vê um cenário mais otimista para 2025, com a previsão de chuvas mais regulares no Espírito Santo.
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