Com tantas opções de crédito, de pagamento e de investimentos, a população pode ficar confusa em quais bancos ou fintechs adquirir uma conta e cartão ou onde investir para ter um bom retorno.
De acordo com o Banco Central do Brasil (BC), “fintechs são empresas que introduzem inovações nos mercados financeiros por meio do uso intenso de tecnologia, com potencial para criar novos modelos de negócios.”
Assim, elas podem ter várias categorias, como de crédito, de investimento e de pagamento. Essas empresas começaram a atuar no mercado financeiro há pouco tempo, por isso é normal que gerem dúvidas quanto a sua segurança.
Já os bancões são conhecidos há muito tempo pela população. Inclusive, muitos consumidores têm confiança nessas instituições.
LEIA TAMBÉM:
Quando se trata de facilidade, resolver tudo pelo celular, parece ter atraído muitos clientes para as fintechs. Segundo dados da Pesquisa Fintechs de Crédito Digital, realizada pela PwC e a Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD), o número de clientes Pessoa Física de fintechs cresceu 82% em 2023.
Veja o vídeo:
Os dados, que levam em comparação o ano de 2022, mostram que o número de clientes chegou a 46,7 milhões.
Em 2024, por exemplo, o Nubank se tornou o terceiro maior banco em número de clientes no Brasil, ultrapassando o Itaú Unibanco.
Em contrapartida, a Caixa Econômica Federal, o Bradesco, o Itaú, o Banco do Brasil e o Santander somam mais de 508 milhões de clientes. Os dados são do ranking divulgado, em janeiro, pelo BC e levam em conta resultados do ano de 2024.
É perceptível que o número de clientes das fintechs aumentou, porém os bancos tradicionais continuam com altos resultados.
Afinal, qual deles é melhor? Bancões ou fintechs? Especialistas irão responder algumas perguntas sobre as instituições, a fim de auxiliar a população na escolha do melhor método.
Vantagens e desvantagens de bancões
O planejador financeiro e assessor de investimentos, Erico Colodeti Filho, afirma que uma das vantagens dos bancos tradicionais é ter uma rede física.
Para você poder buscar o atendimento é mais facilitado. Você consegue encontrar as agências pelas ruas das cidades. [Os bancos] também possuem maior variedade de produtos: empréstimos, investimentos, seguro, previdência.
Erico Colodeti Filho, planejador financeiro.
Ele também frisou que os bancões têm uma segurança regulatória e uma auditoria do BC. Além da credibilidade e tradicionalidade no mercado.
O professor de finanças do departamento de administração da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Claudio Cunha, também expôs essas vantagens sobre os bancos tradicionais.
Os dois especialistas afirmaram que uma das desvantagens sobre essas instituições são os serviços tarifados.
Os serviços presenciais têm custo elevado, pois demandam pessoas e instalações físicas. Com isso, os serviços oferecidos são tarifados, incluindo tarifas de manutenção de conta, anuidade de cartão de crédito e taxa de corretagem em operações em bolsa.
Claudio Cunha, professor de finanças da Ufes.
De acordo com Erico Colodeti Filho, há também as desvantagens relacionadas às burocracias para abrir contas e realizar investimentos e à agilidade dos aplicativos, que realizam menos funções que os aplicativos das fintechs.
Vantagens e desvantagens das fintechs
Os dois profissionais afirmaram que a maioria das fintechs não possuem tantas tarifas, especialmente por não terem custo relacionado a agências físicas.
Além disso, Colodeti completou dizendo que as plataformas digitais são muito mais intuitivas. “Tudo é 100% online. Então, principalmente para a Geração Z, que é muito atraída por isso, é uma grande vantagem. Os processos, por isso [atendimento online] também são mais ágeis”, afirmou o planejador.
Ele também frisou que as fintechs oferecer cashbacks, quando o consumidor recebe uma porcentagem de dinheiro em cima do valor comprado.
Segundo o professor da Fucape Business School, Leonardo de Oliveira Boa, não ter uma agência física ocasiona a maioria das desvantagens, já que a resolução de problemas é digital, o que pode limitar o atendimento.
Colodeti também afirmou que as fintechs possuem limitações de produtos e não atendem alguns serviços, como seguro e previdência.
Recursos dos bancões e das fintechs
Os bancos tradicionais possuem alguns recursos como: conta corrente, conta poupança, cartão de débito, crédito consignado, investimentos, entre outros.
As fintechs também possuem cartão de débito e crédito, normalmente sem anuidade e investimentos, normalmente mais simplificados, que facilitam o entendimento.
Os bancões podem oferecer, segundo Cunha, um cartão de crédito sem anuidade, que estão associados à pontuação do cliente. Isso está ligado ao quanto o banco consegue ganhar do cliente em outros serviços.
Em relação à disponibilidade do crédito dos cartões, os especialistas afirmaram que os bancos tradicionais têm mais disponibilidade de crédito, especialmente porque eles utilizam dos depósitos de clientes superavitários para conceder crédito aos clientes deficitários. Porém, o professor da Ufes informou que as fintechs tendem a expandir sua atuação.
De acordo com Cunha, as fintechs tornam-se, assim, sociedades de crédito, financiamento e investimento.
Algumas, como PicPay, chegam a incorporar a atividade de banco múltiplo, com uma maior gama de serviços financeiros autorizados. Nesses casos, elas começam a reproduzir todas as linhas de crédito dos bancos tradicionais.
Claudio Cunha, professor de finanças da Ufes.
O professor da Fucape informou que o crédito das fintechs é disponibilizado por dados digitais. Enquanto os bancos tradicionais têm um contato com o cliente e utilizam informações, como movimentações de conta e dados específicos dos clientes. Já as fintechs analisam os dados por meio de modelos estatísticos, sem dados com o cliente.
Qual dos dois é mais vantajoso para guardar dinheiro?
A população pode também ter dúvidas sobre qual opção é melhor para guardar dinheiro.
De acordo com Colodeti, se a fintech for regulada pelo Banco Central, ela tem uma garantia adicional pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), assim como os bancos tradicionais.
O FGC protege os clientes dos bancos em casos de problemas com a instituição, ou seja, ele protege o patrimônio do investidor ou correntista. “Mas guardar dinheiro nas fintechs é algo realmente mais temeroso, exatamente, por conta dessa relação com o Fundo Garantidor de Crédito”, completou o planejador financeiro.
Entretanto, ele afirmou que, no dia a dia, pode ser mais interessante para o cliente guardar dinheiro em uma fintech, principalmente por conta da isenção de taxas.
Segundo o professor Claudio Cunha, a escolha de qual banco ou fintech é melhor para guardar dinheiro depende da necessidade do cliente. Caso não precise de atendimento presencial e só utilize a instituição para pagamentos no dia a dia, uma fintech pode ser a opção.
E bom avaliar a usabilidade da interface do site ou do aplicativo, e como é o atendimento, quando tem algum problema. Caso o atendimento em agências seja imprescindível, por exemplo, para saques de depósitos em dinheiro, ou pela preferência por uma assessoria presencial, a pessoa deve optar por um banco tradicional.
Claudio Cunha, professor de finanças da Ufes.
Qual dos dois é mais vantajoso para investimentos?
Tanto os bancos quanto as fintechs possuem recursos para investir. Porém, segundo o professor da Ufes, não são todas as fintechs que possibilitam investimentos.
“Quando as fintechs incorporam as atividades de sociedades de crédito, financiamento e investimento e distribuidora de títulos e valores mobiliários, passam a oferecer um escopo de alternativas de investimento comparáveis às dos bancos tradicionais, mas cada instituição tem seus produtos de investimento, como fundos específicos. Nesse caso, volta a importar o tipo de atendimento que o cliente quer, e, também, a satisfação com as oportunidades de investimento oferecidas”, concluiu Cunha.
O professor Leonardo de Oliveira Boa também explicou que, embora as fintechs ofereçam opções de investimentos, elas são feitas em plataformas online com opções digitais, como as criptomoedas. Diferentemente dos bancões, que oferecem maior variedade, já que são feitos com gestão de especialistas.
Qual dos dois é mais seguro?
A segurança pode ser uma dúvida exposta por clientes. Dessa forma, como já dito anteriormente pelos especialistas, os bancos tradicionais possuem um FGC, regulado pelo Banco Central, porém algumas fintechs também ganharam o fundo.
De acordo com o assessor de investimentos e membro do Instituto Brasileiro de Executivos e Finanças (Ibef-ES), Marcel Lima, é comum que as pessoas associem os bancões à solidez financeira. Mas isso não significa que toda fintech apresente riscos.
Ele também afirmou que o risco institucional é diferente do risco de mercado ou de crédito. Por isso, em casos de investimento, é essencial que o cliente conheça o destino do recurso.
Caso o destino do recurso seja a própria instituição, o cliente pode verificar se o investimento possui cobertura do Fundo Garantidor de Crédito como uma segurança adicional.
Marcel Lima, assessor de investimentos.
Ele informou que caso o banco decrete falência, o cliente deve escolher outra instituição para guardar o dinheiro. “Caso a mesma fintech trabalhe apenas na intermediação de investimentos no mercado regulamentado, por exemplo, o risco do cliente é o mesmo daquele existente em grandes corporações.”
Como os bancões e as fintechs previnem seus clientes de fraudes?
Os bancos tradicionais e as fintechs possuem prevenção de fraudes. Os especialistas explicaram que as duas instituições possuem sistemas robustos, com biometria, token (dispositivo gerador de senhas), notificações e tecnologias avançadas, com inteligência artificial.
Bancões ou fintechs: qual é melhor?
Segundo os profissionais, isso depende das necessidades e prioridades dos clientes. Se o cliente deseja um atendimento presencial, os bancos tradicionais são uma boa opção. Porém, resolver questões financeiras virtualmente, podem atrair muitos clientes.
Além disso, questões de anuidade e tarifas de manutenção de conta podem ser fatores atrativos para as fintechs. Do mesmo jeito que investir presencialmente com um gerente podem atrair clientes para a os bancões.
Veja abaixo as principais informações
Bancos e fintechs | Anuidade do cartão | Tarifa de manutenção | Tarifa de saque | Atendimento | Investimento |
---|---|---|---|---|---|
Nubank | Não tem | Não tem | Tem, R$ 6,50 | Virtual, pelo chat ou telefone | No próprio aplicativo |
PicPay | Não tem | Não tem | A partir do 9º saque feito no mês, será cobrado R$ 9,50 por cada novo saque | Virtual, pelo site ou aplicativo | No próprio aplicativo |
C6 Bank | Depende do cartão | Depende da conta. Pessoa física e jurídica não tem tarifa | A partir do 5º saque feito no mês, será cobrado R$ 6,50 por cada novo saque | Virtual, pelo chat ou telefone | No próprio aplicativo |
Banco Inter | Não tem | Não tem | Tem, R$ 5,90 | Virtual, por chat com assistência virtual, telefone, SAC ou WhatsApp | No próprio aplicativo |
Will Bank | Não tem | Não tem | Tem, R$ 6,70 | Virtual, por chat, telefone, SAC ou WhatsApp | No próprio aplicativo |
Banestes | Depende do cartão, porém a maioria tem | Tem, R$ 65,00 | A partir do 5º saque por mês, será cobrado R$ 4,30 | Presencial/Virtual, em agência, por telefone, SAC ou site | Na agência, abrindo uma conta de investimentos |
Caixa Econômica Federal | Depende do cartão, porém a maioria tem | Tem, R$ 69,00 | A partir do 4º saque por mês, será cobrado R$ 2,10 | Presencial/Virtual, em agência, chat online, telefone ou aplicativo | Na agência, abrindo uma conta de investimentos |
Itaú Unibanco | Depende do cartão, porém a maioria tem | Tem, R$ 73,00 | Tem, R$ 6,50 | Presencial/Virtual, em agência, telefone, chat com inteligência artificial ou WhatsApp | Na agência, abrindo uma conta de investimentos |
Banco do Brasil | Depende do cartão, porém a maioria tem | Tem, R$ 68,40 | Tem, R$ 4,30 | Presencial/Virtual, em agência, por telefone, aplicativo, SAC ou WhatsApp | Na agência, abrindo uma conta de investimentos |
Bradesco | Sim, valor mínimo R$ 60,00 | Tem, R$ 79,95 | Tem, R$ 2,20 | Presencial/Virtual, em agência, por telefone, SAC, chat com assistência virtual ou WhatsApp | Na agência, abrindo uma conta de investimentos |
*Texto sob a supervisão do editor Edu Kopernick