A Heineken quer ser mais verde – e não é na cor das garrafas de sua principal marca de cerveja. Para isso, a empresa pretende tornar toda sua cadeia de valor neutra em carbono até 2040, desde a agricultura, passando pela produção até a embalagem. Sua própria produção já deve alcançar essa marca em 2023, com o uso de energias renováveis e eficiência energética.
A estratégia de sustentabilidade não é feita para alcançar apenas os investidores, atentos aos parâmetros do famoso ESG. A companhia deseja mostrar seus esforços para os consumidores. “Quando a gente olha para consumidor hoje, sustentabilidade é um dos principais atributos de valoração desse consumidor. Principalmente essa geração nova – de adultos, é claro – que cada vez mais cobra isso”, diz Mauro Homem, diretor de Corporate Affairs do grupo. “Da mesma forma como trouxemos o puro malte para o mercado brasileiro como sinal de qualidade, a gente acha que sustentabilidade pode ser a nova forma que as pessoas olham e diferenciam o produto”.
O caminho em direção à neutralidade começou em 2018. Hoje, seis das 12 grandes cervejarias do grupo no Brasil já usam biomassa nas caldeiras, em vez de gás natural.
Um dos grandes desafios é alcançar a neutralidade na logística, lembra Ornella Vilardo, gerente de Sustentabilidade do Grupo Heineken. Para isso, a Heineken pretende levar energia renovável aos 31 centros de distribuição até 2023. Até 2025, quer usar apenas empilhadeiras elétricas. E em julho deste ano, vai começar a testar um piloto com caminhões elétricos em São Paulo e Salvador, duas praças importantes para o grupo.
No elo de embalagens, o compromisso é por ter 100% de embalagens retornáveis no canal de bares e restaurantes. Para os canais de vendas nos quais as garrafas retornáveis não são viáveis, a empresa investe em logística reversa, com parcerias com cerca de 200 cooperativas de catadores, para estimular a reciclagem.
O próximo compromisso, diz Ornella, é levar energia renovável para bares e restaurantes. Para isso, a Heineken pretende criar uma plataforma para facilitar que pequenos pontos de venda tenham acesso à energia renovável. “Proporcionar essa oportunidade para os nossos clientes é uma maneira de garantir que nossas ambições cheguem também na ponta da cadeia e se conectem com nossos consumidores finais”, afirma ela.
Concorrência
Se conseguir alcançar a meta, a Heineken não será a primeira cervejaria a ter sua produção neutra em carbono. A marca Praya, carioca e nascida em 2016, conseguiu a certificação recentemente, em uma parceria com a WayCarbon, em que compra créditos de carbono para compensar suas emissões.
Já a Ambev –principal rival da Heineken e a maior cervejaria do país– também tem metas de sustentabilidade. Até 2025, planeja comprar 100% da eletricidade de fontes renováveis e reduzir em 25% as emissões de carbono ao longo da cadeia de valor. Além disso, a empresa tem um programa, em parceria com a startup Lemon Energia, para fornecer acesso a créditos de energia solar aos pontos de venda. “Até o final de 2020, mais de 500 PDVs já estavam utilizando as soluções fornecidas e nossos planos buscam continuar ampliando o alcance da iniciativa em todo o Brasil, para fornecer energia limpa e mais barata a mais de 50.000 pequenos comércios até 2023”, promete a empresa.