UFPR produz fertilizante ecológico com casca de ovo – parte 2

Compartilhe essa notícia

Foto: Pixabay

“Todos os elementos químicos presentes no produto final apresentam alto valor agregado na agricultura, ou seja, não há necessidade de purificação”, explica ele.

O processo deve focar no uso de materiais provenientes da indústria alimentícia, que ao beneficiar o produto traz diversas vantagens, como aumento da vida útil, mas também produz uma grande quantidade de resíduos.

Segundo um estudo publicado em 2009 pelo Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Santa Catarina, uma única indústria de produção de ovo pasteurizado no Rio Grande do Sul produzia mais de 100 toneladas de cascas de ovos por mês.

Foto: Mads Eneqvist | Unsplash

Produto mais eficiente e com menos impacto ambiental

Além da reutilização que evita que este material acabe descartado em aterros sanitários ou mesmo em terrenos inapropriados, contribuindo negativamente para poluição do meio ambiente, o produto apresenta outras vantagens.

Fernando Wypych, professor do Departamento de Química da UFPR que orientou o projeto, explica que por ser menos solúvel em água o novo fertilizante funciona de uma forma mais sustentável, devido a sua liberação ser controlada.

“Quando chove, os fertilizantes convencionais liberam os nutrientes de uma vez enquanto os de liberação controlada são estimuresponsivos, ou seja, respondem aos estímulos das plantas, mantendo os teores constantes ao longo do ciclo de produção”, comenta Wypych.

O pesquisador aponta que além de sobrecarregar as plantas com nutrientes em um primeiro momento, esses produtos são levados facilmente pelas chuvas privando as plantas de seus benefícios em um momento posterior.

A menor solubilidade do novo fertilizante também combate outro problema, quando são carregados para os cursos d’água, os nutrientes dos produtos convencionais fertilizam excessivamente algas que tomam contam de rios e lagos num processo conhecido como eutrofização.

Este processo deixa as águas turvas, em um tom esverdeado, consumindo o oxigênio de rios e lagos, ocasionando a morte de peixes e outros animais aquáticos. A decomposição de todo esse material orgânico produz, além do mau cheiro, gás carbônico e gás metano, que são os principais gases do efeito estufa.

 

Foto: iStock by Getty Images

Borges aponta ainda que a economia de produtos como o calcário, utilizado na produção de fertilizantes minerais por ser rico em cálcio, é outra vantagem, já que as reservas desses materiais são restritas e finitas, sendo essencial utilizá-las de maneira sustentável.

Em 2020, as lavouras brasileiras usaram mais de 45 mil toneladas de calcário agrícola, boa parte dele resultante da exploração de reservas do país.

Viabilidade econômica

Os pesquisadores fizeram dois pedidos de patentes relacionadas ao projeto e a nova técnica deve ganhar aplicação comercial em breve, segundo Borges. Ele explica que uma proposta proveitosa para a indústria seria um sistema que combinasse diferentes fontes de materiais baseados em carbonato de cálcio, com foco principalmente no amianto e nas cascas de ovos que foram estudadas na pesquisa.

Outro ponto interessante é que a técnica cria um subproduto que pode ser utilizado para a produção de hidroxiapatitas, um material a base de fósforo e cálcio que tem grande afinidade biológica e é utilizado para a produção de próteses ósseas e dentárias. Com maior valor agregado, a substância torna a aplicação mais atrativa comercialmente.

Para mais informações, leia o artigo “Mechanochemical synthesis of eco-friendly fertilizer from eggshell (calcite) and KH2PO4“, publicado pelo periódico Advanced Powder Technology.

Com informações de Universidade Federal do Paraná

 

Fonte: https://ciclovivo.com.br/inovacao/tecnologia/ufpr-produz-fertilizante-ecologico-com-casca-de-ovo/?no_cache=1646830194

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *