O Pensamento e os Saberes Circulares.

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Porque nos faz ver uma parte e a conexão como o todo. Ideal para a Economia Circular

Autora: Brito, Celene– Doutoranda em Psicologia no Contexto da economia Circular- UCES. CEO/EcoRecitec- 2020, parte de Trabalho enviado à UCES.

Introdução

A inovação de produtos e serviços, com novas propostas de modelos de negócio, a partir de uma visão diferenciada de sustentabilidade, ou seja, o referido conceito passa a estar associado aos negócios de forma intrínseca, objetivando gerar o bem-estar social e recuperação ambiental e, torna-se um dos principais desafios do século XXI.

O objetivo deste trabalho é chamar a atenção para uma nova forma de pensar um destes modelos de negócio que surge como uma inovação que vem modificando os mercados: a inclusão do conceito de Economia Circular, que constitui o paradigma de uma proposta para um novo sistema empresarial. Em decorrência deste fenômeno vem, em seguida, a importância de serem observados com maior atenção, o pensamento humano como fator diferencial para uma transição mais tranquila e eficaz do modelo existente para a Economia Circular.

A Economia Circular é um modelo que induz a um repensar sobre as práticas económicas e sustentáveis da sociedade atual e que se inspira na forma como os ecossistemas e a natureza operam. É indissociável da inovação e do design de produtos e sistemas. Inclui-se num quadro de desenvolvimento sustentável baseado no princípio de “fechar o ciclo de vida” dos produtos, permitindo a redução no consumo de matérias-primas, energia e água. Promove o desenvolvimento de novas relações entre as empresas, que passam a ser simultaneamente consumidoras e fornecedoras de materiais que são reincorporados no ciclo produtivo. ” (MacArthur, E. 2012, 2013, 2014)

Os conceitos aplicados na Economia Circular não são novos, no ano de 1970 uma nova maneira de lidar com a agricultura, denominado de “permacultura” foi criada pelos ecologistas australianos Bill Mollison e David Holmgren tendo como base uma maneira de viver a vida de forma mais integrada com a natureza. A aplicação da permacultura ocorreu inicialmente nas comunidades aborígines tradicionais da Austrália. Porém agora com a proposta de adaptação a uma escala Industrial, este e outros conceitos semelhantes passaram a incluir uma nova denominação – Economia Circular-  considerada na atualidade como uma inovação radical para o setor industrial, por estar propondo uma mudança cultural, tecnológica, no design dos processos e na gestão das empresas, esta inovação “adaptada “ está sendo demandada por vários setores produtivos em decorrência de fatores como:

– A economia dos mercados buscando alternativas para uma crise financeira global encontrou na Economia Circular maneiras de promover o reuso, reutilização, remanufatura de produtos, bem como a parceria simbiótica entre empresas como forma de ajudar na sobrevivência delas;

– O segmento ambiental e de mudanças climáticas passou a buscar soluções para a crise socioambiental, visto que a proposta interage, conectando os conceitos de sustentabilidade com os negócios empresariais;

– Avanços tecnológicos, inclusive na área de TI favorecendo a operacionalização de processos sistêmicos, circulares com ganho de escala.

Muitos autores pesquisados fazem a abordagens sobre a mudança, inclusive na área econômica: “A nova economia informacional não é considerada um fenômeno setorial, mas está relacionada a um fundamental “redesenho” de produtos e à reestruturação da produção tecnológica por toda a economia (KIEL INS-TITUTE OF WORLD ECONOMICS, 2004). No entanto, as empresas que surgem estreitamente associadas e influenciadas por essa nova economia apresentam características singulares em sua forma de organização, no seu sistema de produção e no seu ambiente de trabalho”. (Zanini, 2016, p.19).

Tudo isto parece seguir um curso natural e evolutivo, porém a observação dos impactos que as inovações vêm provocando ao fator humano, com mudanças tão aceleradas não poderão ficar como prioridade última em estudos acadêmicos e de pesquisa científicas e tecnológicas. Sabe-se que a Economia Circular tem mobilizado pesquisa em várias áreas das ciências com criação de Editais locais e internacionais, tais como o ERAMIN, criação de startups com tecnologia circular e que vem reunindo centros, empresas e instituições de pesquisa e inovação em vários países, inclusive do Brasil e Argentina, porém somente agora vem sendo direcionada ao campo da psicologia e RH com associação da temática específica da Economia Circular, o estudo pioneiro, integrando a área da psicologia a um novo modelo econômico, está sendo desenvolvido por Celene Brito, desde 2018 na Universidade de Ciências Sociais e Empresariais- UCES-Buenos Aires.

Este capítulo visa a elucidação de como os conceitos tecnológicos estão sendo utilizado para a criação de novos modelos de negócios, analisando como a visão fenomenológica poderá nortear metodologias e integrar as novas e antigas criações.

 O Poder da Visão Sistêmica e da Atitude Fenomenológica.

Os conhecimentos sobre a estrutura da personalidade humana, a psicologia formal e informal, associadas aos estudos filosóficos, ambientais, sociais, econômicos, tecnológicos e de negócios, em volta do mundo, poderão nos apontar as saídas para a passagem do pensamento linear, indo em direção à interação com o curvo e o circular. Neste contexto torna-se relevante descrever sobre a importância de interação de várias áreas do conhecimento. Para aqueles que tiverem isentos de preconceitos e julgamentos, esta interação de conhecimento poderá proporcionar uma abertura consciente na forma de pensar, como também proporcionará uma grande indução à criatividade.

A mudança e a inovação provocam demandas de novas formas de desempenho nas organizações e, neste contexto, na forma de pensar. Não há mudança, não há inovação e não há desempenho de qualidade se não for alterada a forma de “pensar”, ou seja, a passagem do pensamento mais linear e condicionado para um pensamento sistêmico (Brito, Celene 2018).

A grande diferença entre as organizações privadas e as organizações públicas não está apenas no uso das tecnologias de ponta, mas nas formas de operá-las e delas desdobrar estratégias de ação que simbolizem mudança e inovação. Há, evidentemente, um ponto de equilíbrio e sustentação para as organizações que operam a mudança e a inovação. (Vieira, Eurípedes, 2003)

Através de pesquisas e observação de vários “cases” pode-se constatar que alguns pensamentos e atitudes adquiridas ou natas e o uso da tecnologia poderão auxiliar aos colaboradores e líderes no objetivo de ampliar a visão para conseguir desenvolver alguma inovação sustentável e sistêmica favorecendo as questões mais humanitárias, seja na vida ou no trabalho. Salienta-se neste trabalho algumas delas:

 A aceitação da diversidade, gênero, raças, religiões, convívio com o oposto.

O convívio com diferentes raças, culturas e opiniões, em uma postura de aceitação, compreensão e respeito por outro ser humano, facilita a ampliação da consciência. Saber ouvir ideias contraditórias que estão em oposição as nossas, a não confrontação, o saber ouvir e respeitar o outro – seja no aspecto físico, seja no campo das ideias -, são atitudes importantes e indutoras de expansão da consciência. Por tudo isto, a convivência grupal, assim como ter relacionamentos diversos, poderá proporcionar muitas experiências ricas. Contudo, mesmo com a inexistência de convívio com ideias opositoras, muitas vezes, situações adversas nos aparecem, e nestas situações é recomendável uma abertura para a interação e a escuta sensível. Pode-se refletir sobre que o pensamento em uma única linha, como uma única forma de pensar afasta as pessoas das vivências fundamentais ao seu aprendizado.

 A imaginação nos Ajuda a Mudar

Atualmente as mensagens difundidas em todos os meios, principalmente pelas mídias, são em forma de imagens, com a promoção da comunicação direta, tornando a mensagem explícita. Esta mensagem, em formato de uma foto ou figura, atinge o cérebro muito rapidamente e é por isso que muitas vezes, especialmente em pessoas mais jovens, surge uma letargia e preguiça de refletir sobre o conhecimento e as emoções proporcionadas por alguma comunicação mais profunda e complexa como a de um livro científico ou mesmo um romance, por exemplo. Não temos mais tempo de interiorizar, somente de reagir.

Se não há demandas para a reflexão, haverá a preguiça no pensar e não haverá motivações para dar “asas à imaginação”, afetando a condição humana na busca do objetivo de atingir a autonomia e protagonismo no mundo. A gestão socioeconômica atual do mundo não se apresenta de forma inclusiva e não nos parece proteger socialmente.

O Uso da Tecnologia Auxiliando na Adaptação as Mudanças.

Biomimética, “Mindset” e Psicologia das Formas de Jung para a estruturação do Software FlashplayHR.

Celene Brito (2021) estruturou uma plataforma www.flasplayhr.com.br/#/ com base no estudo da mentalidade para criar sistemas complexos, da biométrica, ciência que estuda a natureza para fins de criar inovações e a psicologia dos símbolos de Jung(1966). Associou-se a estas abordagens imagens, formas e uma escala que passou a definir 03 tipos de perfis, ideal para o planejamento do RH Estratégico nas empresas e na aplicação em projetos de Economia Circular, ESG (sigla em inglês, significa ambiental, social e governança) e Modelos de Negócios Circulares. A plataforma avaliar a Mindset de linear ao circular, resultado do Projeto Piloto publicado e apresentado na RemTechEurope.  A avaliação é realizada a partir das circular skills, habilidades para conceber, criar , desenhar e realizar a gestão de sistemas no contexto da economia circular.

Conclusão

O método fenomenológico é reconhecido como potencialmente importante para a investigação sobre líderes e empreendedorismo, vem sendo adotado na pesquisa de doutorado de Brito, Celene (2018) para avaliar os aspectos psicológicos e da economia circular em um contexto disruptivo (Jornada de Psicologia da UCES – 2020). Ao que consta em resultados de pesquisas, poucos procedimentos metodológicos mostram-se tão ricos para possibilitar o conhecimento da experiência vivida dos empreendedores e líderes, no contexto de integrar e criar circularidade entre a área de psicologia e o contexto da economia circular, a referida pesquisa vem sendo uma pesquisa pioneira e, certamente, abrirá portas para muitas outras linhas a partir desta pesquisa sistêmica: Mindset e a Economia Circular. O aspecto de estudar o fenômeno da economia circular torna-se muito interessante por poder avaliar as vivências dos líderes em uma nova experiência de modelo de negócios.

“Como o método fenomenológico possibilita desvelar os fenômenos, faz com que a ação empreendedora seja conhecida pelo “lado de dentro”, do ponto de vista do próprio empreendedor. Assim, os resultados obtidos nas pesquisas realizadas segundo esse enfoque possibilitam a contemplação do fenômeno empreendedor em sua essência. “(Gil e Silva, 2013, p. 109)

A produção científica acerca do empreendedorismo construída graças à utilização do método fenomenológico tem tido muito bons resultados, no entanto, ainda é muito incipiente no Brasil. (Gil e Silva, 2013)

Torna-se necessário, portanto, garantir que o ensino dos métodos e técnicas de pesquisa qualitativa se efetive nos cursos de Psicologia e Administração de forma trans disciplinar, não apenas em nível de mestrado ou doutorado, mas também de graduação. Importante papel cabe, portanto, às instituições empenhadas na realização destas pesquisas. Assim, recomenda-se a ampla discussão acerca dos fundamentos ontológicos, epistemológicos e metodológicos e a integração de saberes como de fundamental importância para que seja possível se dar os próximos passos para a sustentação da inovação disruptiva nas empresas.

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