ilustração: Nicolas Rohleder.
Vejam que interessante, e assustador, esta publicação. Autoria de Wagner Andrade
(LinkedIn TopVoice Sustentabilidade 2022 | CEO & Head de Inovação na Menos 1 Lixo | Ativismo Corporativo).
JÁ COMEU SUA DOSE DE PLÁSTICO HOJE?
Não sei se sabe, mas ingerimos – sem desejarmos – o equivalente a 1 cartão de crédito TODA SEMANA. No peixe que come, na água que bebe, até no ar que respira.
Esse é só um exemplo da loucura que nos enfiamos. Criamos um mundo completamente equivocado, conduzido sob valores e dinâmicas socioeconômicas e culturais incoerentes, que não valorizam a vida. Já sabemos o tamanho do problema, falta olharmos com seriedade pra solução.
Ainda dá tempo.
Louco pensar nisso, né? Mas sim, a cada ano que passa cientistas descobrem que o microplástico está presente em partes bizarras do corpo humano. Duvida? Acompanha comigo! Alguns anos atrás, um estudo da WWF divulgou que a poluição está tão espalhada no meio ambiente que podemos estar ingerindo cerca de 5 gramas de plástico por semana, o que equivale a comer um cartão de crédito. Mas calma que o buraco é mais embaixo: um estudo mais recente, divulgado semanas atrás, revelou que o microplástico pode chegar até o cérebro! Já imaginou?
Se você ainda não sabe a diferença entre plástico e microplástico, eu te conto! Microplásticos são pequenos pedaços de plástico – algo em torno de 5 mm para menos – A degradação de componentes plásticos leva à formação de microplásticos. Mas não se deixe enganar pelo “micro”. Essas partículas quase invisíveis são uns dos principais poluentes do oceano.
É aquela velha história de pequenos lixos, grandes problemas. Mas agora voltando pra como esses “pequeninos” impactam não só a vida marinha, como também a saúde humana: no ano passado, um estudo italiano publicado na revista Polymers, da MDPI, e divulgado pela National Center for Biotechnology Information (NCBI) descobriu quantidades significativas de microplástico no leite materno de 26 das 34 mães – saudáveis, diga-se de passagem – que foram examinadas apenas uma semana após terem dado à luz.
No mesmo ano, cientistas da Hull York Medical School (HYMS) encontraram doze tipos de microplásticos em pulmões humanos. Mas a descoberta fica ainda mais cabeluda! Eles foram encontrados na parte inferior do órgão, onde as vias aéreas são bem mais estreitas. Por último, mas não menos importante, cientistas da Vrije Universiteit Amsterdam (VU Amsterdam) detectaram microplástico no sangue humano que conseguem se movimentar e se alojar em órgãos causando diversas doenças.
Já tomou sua dose de plástico hoje?
Foto: Oregon State University / Flickr
A verdade é que se você deixar, toda essa ideia pode subir a cabeça. E aqui eu não tô só dizendo que o microplástico é esnobe. Ele literalmente pode chegar no cérebro humano. O estudo da Medizinische Universität Wien feito com poliestireno (aquele plástico encontrado em copinhos descartáveis, potes de iogurte e várias outras embalagens de alimentos) conseguiu determinar que minúsculas partículas do material podem ser detectadas no cérebro apenas duas horas após a ingestão.
Mas calma … respira por 10 segundos!
Agora que você sabe de todo o impacto dos microplásticos na saúde humana, que o número deles no fundo do mar triplicaram nos últimos anos e que nem a neve fresca na Antártida está livre dessa desgraça (leia-se consequências das escolhas humanas), que tal refletir sobre consumo? E mais, vamos olhar também para o pós-consumo, ou seja, o descarte?