Por: Fernando Scheffer
Diretor de Marketing e Sócio Fundador na Espaço Smart | MBA em Gestão Comercial.
A construção civil no Brasil ainda enfrenta desafios profundos que dificultam seu desenvolvimento em comparação com outros países e setores. Um dos problemas mais graves é a produtividade: o setor é um dos que menos evoluiu nos últimos 30 anos. Estudos revelam que, enquanto a produtividade global da construção aumentou apenas 1% ao ano, setores como manufatura e tecnologia cresceram entre 3% e 4% no mesmo período.
O déficit habitacional continua alarmante, com mais de 5,8 milhões de famílias brasileiras vivendo em condições precárias ou de coabitação. Isso reflete a falta de inovação e planejamento no setor, que permanece preso a métodos tradicionais e, muitas vezes, ineficazes.
Outro ponto crítico é a informalidade: cerca de 50% dos trabalhadores do setor atuam sem qualquer formalização, o que impede o acesso a direitos básicos e retarda a modernização. Além disso, o setor enfrenta o envelhecimento da mão de obra, com uma média de idade acima dos 40 anos, e uma baixa entrada de jovens capacitados. Isso agrava ainda mais a crise de qualificação e inovação.
Enquanto em outros países há um investimento massivo em tecnologia, industrialização e métodos construtivos modernos, como o Steel Frame, no Brasil, a construção civil ainda é predominantemente artesanal. Não podemos chamar de “indústria da construção” algo que ainda se baseia em processos manuais, demorados e ineficientes.
Para transformar essa realidade, é necessário um esforço conjunto entre empresas, governo e trabalhadores. Precisamos de inovação, industrialização e profissionalização na construção civil para garantir moradias dignas e um futuro sustentável para o setor. Só assim poderemos construir o futuro que o Brasil merece, utilizando a tecnologia como base para um novo patamar de produtividade e qualidade.
Além disso, o cenário é agravado pela falta de formalização técnica. Segundo o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), cerca de 85% das construções no país são realizadas sem projetos arquitetônicos completos. A falta de planejamento técnico compromete a segurança, a qualidade e a durabilidade das obras.
Ainda mais preocupante é que apenas 15% das construções são devidamente acompanhadas por engenheiros ou profissionais habilitados. A falta de supervisão técnica impacta negativamente a segurança e a qualidade das edificações, além de gerar desperdício de materiais e retrabalhos.
Esses dados reforçam a necessidade de maior fiscalização e conscientização sobre a importância de projetos bem elaborados e do acompanhamento técnico. O Brasil precisa se modernizar e, para isso, a construção civil deve seguir um caminho de transformação com tecnologia, eficiência e profissionalização.