“Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.
Antoine Lavoisier
Que frase verdadeira, pois todos os ciclos e processos realizados pela natureza, como, por exemplo, o ciclo da água, a vida das árvores, flores e frutos não existe geração de resíduos, tudo é reaproveitado. Interessante, não é?! E a Economia Circular baseia se justamente neste sistema perfeito. Vou explicar melhor abaixo comparando o modelo econômico atual com a Economia Circular.
O nosso atual modelo econômico é linear, onde a produção está diretamente ligada a extração de recursos naturais, e infelizmente muito do que fabricado é descartável por ter uma vida útil baixa, ou o conserto é inviável, criando assim a constante necessidade de compra que alimenta este ciclo.
E os resíduos como são gerados? No descarte dos itens fabricados para compra do novo, nas embalagens que acompanha o produto, e sobre embalagens eu tenho um exemplo que aconteceu comigo há pouco tempo, me mudei e tive que comprar alguns móveis e eletrodomésticos e, o caso da TV foi o mais, o eletroeletrônico, é bem leve, mas a caixa era muito pesada (pelo menos para mim… rs) devido à quantidade de isopor, plástico além do papelão grosso que era a embalagem principal. Entendo que os resíduos citados no caso da TV hoje são utilizados para garantir que o produto não seja danificado no transporte.
Mas será que não dá para fazer diferente? Sem gerar tantos resíduos? Utilizar outro modal, adaptar o atual para transportar o produto final até chegar no consumidor, ou até mudar a forma de compra e entrega entre cliente e fornecedor? São essas perguntas que a Economia Circular busca fazer e com os geradores responder. Veja que ela não é contra a produção, ela busca um equilíbrio entre a extração dos recursos naturais de forma que a natureza possa se regenerar, onde os três pilares da sustentabilidade (econômico, social e ambiental) estejam em equilíbrio, pois todos são diretamente ligados, pensem comigo: a indústria não tem como produzir se não tiver matéria-prima, consequentemente não terá lucro que prejudica o trabalhador que precisa do trabalho da indústria, dos produtos que ela consome e do desenvolvimento que ela traz.
O modelo de Economia Circular busca um olhar sistêmico para o fluxo de materiais desenvolvendo novas formas de consumo que gere valor ao longo da cadeia, que reaproveita os resíduos, aliás neste processo não existem resíduos, pois os mesmos se transformam em matéria-prima. Ele busca uma cadeia onde todos temos a nossa responsabilidade, onde o jogar fora não existe, e realmente não existe, pois, o fora é dentro do nosso planeta, terra, onde estamos enterrando em aterros sanitários a maioria dos nossos resíduos que podem ser reaproveitados de diversas formas que poderia trazer até benefícios para nós, como a geração de energia elétrica através do biogás. Atualmente temos diversas formas de redesenhar os processos considerando o ciclo de vida do produto, os impactos negativos causados pelo seu descarte, as necessidades do consumidor.
Que incrível a ideia dos criadores/desenvolvedores de diversos itens como o computador e seus programas, dos ‘smartphone’ e dos diversos aplicativos de diferentes seguimentos como de mobilidade, GPS, de venda/troca/empréstimo de diversos itens como roupas; ser aluguel de bicicleta, de patinete, entrega de refeições e contratação de diversos trabalhos, e das redes sociais, do, do computador, do ‘smartphone’, de sacolas biodegradável e de tantos outros que desenvolveu e desenvolvem um trabalho muito criativo e que facilita a vida das pessoas e ajuda a economizar recursos naturais. Todos os exemplos acima são modos de economia Circular na prática.
E precisamos de ideias como as citadas acima, pois temos temas ambientais importantes estão sendo cada vez mais discutidos em âmbitos diferentes. Um grande exemplo são as mudanças climáticas, que além de ser discutida anualmente nas Conferências das partes, tradução do termo em inglês Conference of the Parties, (COP) na semana passada foi destaque no Fórum Econômico Mundial, que aconteceu em Davos, na Suíça.
Temos também os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que foi adotado em 2015 por todos os estados-membros da ONU que assumiram o compromisso global, adotando oficialmente a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
Já estamos em 2020, temos apenas 10 anos para cumprir a mesma, escrevo a palavra apenas, pois como citado acima o compromisso é global, urgente e afeta a todos nós, pois temos somente um planeta. Abaixo estão os 17 objetivos, faça uma rápida análise e perceba que a Economia Circular participa da maioria.
Nações Unidas, 2015
Trazendo para o nosso dia a dia podemos praticar Economia Circular de diversas formas: repensando o nosso consumo, consertando produtos ao invés de trocar, pesquisando no momento da compra a procedência daquele ‘item’, evitando desperdícios, pesquisando sobre as matérias-primas, educando os seus amigos e familiares, reaproveitando alimentos, reciclando, doando, compartilhando, são alguns exemplos.
Enfim, o modelo econômico atual precisa ser repensado e a Economia Circular esta aí para isto. Como consumidores e cidadãos temos que fazer a nossa parte e incentivar para que este novo modelo econômico, seja realidade no Brasil. Na União Europeia já é lei, poderia ser aqui também! Vamos repensar juntos?!
Fonte: https://www.linkedin.com/pulse/o-que-natureza-pode-ensinar-sobre-economia-circular-elaine-guimar%C3%A3es/