Os meios de comunicação em todo o mundo tem intensificado as discussões acerca da escassez e da dependência, por toda a sociedade, dos combustíveis fósseis, não apenas para a locomoção, como é o caso do diesel e da gasolina, mas também para a manutenção da vida humana, como por exemplo o uso do gás natural na Europa e na Rússia, fundamental para o aquecimento das habitações na região em que temperaturas ficam próximas a 0ºC em quase todo o inverno.
Os danos que essa falta de energia, o chamado apagão energético, poderiam causar fez submergir uma discussão semelhante e, também muito importante em caráter global, que estava a circular, mas que há meses, infelizmente, não tinha tanto foco: o apagão digital.
Assim como a dependência das energias, o mundo de hoje está completamente digital e dependente de operações realizadas por sistemas, sites e aplicativos. Toda a sociedade, incluindo as empresas e governos, depende do bom funcionamento e operação desses softwares. De uma simples marcação de consulta ou mesmo de uma transação bancária ao controle do tráfego ferroviário. De alguma forma utilizamos e precisamos das ferramentas digitais.
O apagão digital vem da falta de atualização de sistemas e aplicativos, e da necessidade constante de sua manutenção por profissionais capacitados para tal. A falta de mão de obra é resultante de uma escassez de programadores com experiência, o que atravanca o processo de adaptação e avanço dos sistemas.
No caso do apagão energético, as soluções mais próximas são buscar e tentar implementar uma nova matriz energética, como as chamadas energias limpas ou renováveis. No entanto, as principais opções, como e energia eólica por exemplo, ainda são caras e, em curto prazo, inviáveis se não forem subsidiadas por governos. Mas já existem e estão em implementação e ampliação de bases.
A questão é que, no caso do apagão digital, a grande maioria da sociedade não enxerga a possibilidade de resolução dos problemas para um curto prazo, por mais alto valor que isso possa custar. O ponto principal está no tempo que demanda a formação de programadores entregues ao mercado pelas universidades. Para muitos, não se consegue acelerar um processo complexo de formação estável que demanda quatro a cinco anos de estudos até a formação. Para muitos isso é inexequível. Para outros como eu, sabemos que é viável.
Eu que já passei por essa situação de falta de desenvolvedores. Vejo agora, quase dez anos depois, o mesmo problema só que, neste momento, em cenário mundial. Empresas privadas atuam de forma solitária, outras dão as mãos e algumas, em conjuntos com governos e instituições, agem com o objetivo de contribuir para reduzir o que for possível a escassez de recursos humanos especializados em desenvolvimento de software.
A visão que tenho é que a expansão do ecossistema de ”developers” e a criação de oportunidades educativas em todo o mundo serão as melhores soluções para esse apagão. Mas o desenvolvimento desse pensamento requer mais embasamento, a ser desenvolvido no próximo artigo.