Artigo do Estadão PME outubro 2011, relata pontos críticos na gestão empresarial que podem afetar drasticamente o desempenho das empresas. Embora já conhecidos por grande parte dos empresários, estes 5 pontos merecem uma releitura e aprofundamento, em especial, pelos números apresentados pelo referido artigo. Vamos a ele:
Com 15 anos de experiência no ramo de logística e marketing promocional, Flávio Augusto Filho decidiu abrir seu próprio negócio. Em 2010 ele fundou a Autlog, empresa de logística de material promocional, que deve fechar 2011 com um faturamento de R$ 30 milhões.
Para alcançar esse resultado, Flávio seguiu à risca as recomendações para aumentar as chances de sobrevivência da sua empresa. Só para elaborar o plano de negócio, ele demorou cerca de um ano. Além de já ter uma ampla experiência na área, Flávio utilizou as economias que poupou ao longo dos anos – Cerca de R$ 1 milhão – como investimento inicial e não precisou recorrer a crédito. A empresa teve sucesso por causa desses três cuidados. E também porque investi em uma estrutura de qualidade e certificações que são desejadas no mercado, afirma.
Hoje a Autlog soma grandes empresas no seu portfólio e espera dobrar de tamanho em 2012. Ao contrário da companhia, porém, muitos negócios sequer sobrevivem ao primeiro ano. A pesquisa mais recente do Sebrae-SP sobre o assunto mostra que só no Estado de São Paulo, 27% das empresas encerram suas atividades em 12 meses e 58% não passam dos cinco primeiros anos.
Para que sua empresa não faça parte desses indicadores negativos, o Estadão PME consultou especialistas e listou os 5 maiores erros que podem levar ao fracasso de um negócio. Confira:
1 – CUIDADOS NA CONTRATAÇÃO DE NOVOS FUNCIONÁRIOS
Da mesma forma que é importante separar as despesas pessoais das profissionais, o empreendedor deve separar a vida pessoal da profissional. A empresa deve ser o mais profissional possível, portanto, a escolha dos profissionais deve ser criteriosa e a contratação de parentes, evitada, diz o coordenador do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da FGV-EAESP, Tales Andreassi.
Encontrar mão de obra qualificada, no entanto, tem sido um desafio para a maioria das empresas. E as pequenas ainda tem como agravante a dificuldade de oferecer salários compatíveis aos das grandes empresas.
Para lidar com essas questões, os especialistas sugerem que os empreendedores recorram a indicação de amigos e pessoas de confiança e busquem jovens profissionais qualificados que ainda estejam em formação nas universidades. Outra dica é ter definido qual o perfil do profissional e as funções a serem exercidas. A pior coisa que pode acontecer a um profissional é ser contratado para realizar um trabalho e, na prática, descobrir que sua função será outra. Isso desmotiva qualquer um, alerta Alexandre Prates, especialista em desempenho organizacional. Oferecer plano de carreira e treinamentos são outros diferenciais.
2 FALTA DE PLANEJAMENTO
Focar em apenas um item do plano de negócios ou até mesmo não elaborar um plano são erros comuns das empresas, afirma o consultor do Sebrae-SP, Pedro João Gonçalves. Tem empresário que foca no consumidor, mas esquece de pensar na sua cadeia de fornecedores, exemplifica.
Pesquisa do Sebrae-SP aponta que entre as empresas que fecharam as portas entre 2003 e 2007, 45% delas não tinham informações detalhadas sobre o número de clientes que iria atender, 30% não sabiam quantos concorrentes tinham e 28% não faziam idéia de quais seriam os seus fornecedores. Na hora de elaborar um plano de negócios, é importante contemplar tudo: quantos clientes, concorrentes e fornecedores a empresa vai ter, se as vendas serão à vista ou prazo e toda a política que será adotada, explica.
Por vezes, esse planejamento pode levar meses ou até mais de um ano, como foi o caso da Autlog, empresa de logística de material promocional. As pessoas costumam entrar em um negócio considerando o lado emocional, e não o racional. Mas antes de investir em algo é importante pesquisar, diz o fundador da empresa, Flávio Augusto Filho.
3 FALTA DE CONTROLE DAS FINANÇAS
Quando o assunto é finanças, são dois os principais erros que podem levar ao fechamento de um negócio. O primeiro é misturar as despesas pessoais com as do empreendimento. Na sequência está a realização de empréstimos com juros altos e sem planejamento.
O crédito no Brasil é muito caro e, por vezes, as empresas nascentes não conseguem acesso a uma linha adequada e acabam utilizando opções caras, como o dinheiro do cheque especial, diz o coordenador do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da FGV-EAESP, Tales Andreassi.
Ele recomenda que as empresas recorram a linhas de crédito para aquisição de insumos e equipamentos, enquanto o capital de giro deve vir da receita da empresa. Já as despesas pessoais não devem ser pagas com dinheiro do caixa da corporativo. Pesquisa do Sebrae-SP mostra que entre as empresas que fecharam no período de 2003 a 2007, 59% não tinham acompanhamento rigoroso de despesas.
4 INVESTIMENTO NA CAPACITAÇÃO PARA GERIR A EMPRESA
Os especialistas são unânimes: para empreender é preciso mais do que vontade. Buscar capacitação para saber lidar com os diferentes desafios que rondam a rotina de um empresário faz diferença nos resultados e tem impacto direto na sobrevivência de um negócio.
Prova disso é uma pesquisa do Sebrae-SP que aponta que entre as empresas que fecharam no primeiro ano de vida entre 2003 e 2007, 59% não procuraram a ajuda de um especialista e apenas 42% investiam em educação contínua, enquanto entre as que sobreviveram mais de cinco anos, o índice era de 66%.
E não basta apenas investir na formação do empreendedor. É preciso estimular também os funcionários. Acho que esse é o grande segredo para que toda a equipe saiba usar as ferramentas de planejamento, inovar e trazer bons resultados diz o coordenador do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da FGV-EAESP, Tales Andreassi. O empreendedor não deve ver o funcionário como inimigo, diz.
5 – FALTA DE INOVAÇÃO COMPROMETE O FUTURO DA EMPRESA
O negócio da moda de hoje, pode ser substituído por uma nova tendência amanhã. Para sobreviver ao longo do tempo uma empresa precisa adequar seus métodos, explorar novos mercados, desenvolver outros produtos entre outras formas de inovar. O aquecimento da economia e o aumento da competitividade só reforçam essa necessidade.
Entre as empresas que permanecem abertas após 5 anos, 86% investem em inovação, aponta pesquisa do Sebrae-SP. Não adianta fazer a mesma coisa que o concorrente, as empresas devem encontrar uma forma de se diferenciar, diz o coordenador do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da FGV-EAESP, Tales Andreassi.
O último Global Entrepreneurship Monitor (GEM), relatório que mapeia o nível de empreendedorismo de 59 países, coloca o Brasil no último lugar do ranking de inovação. De acordo com o GEM, menos de 10% dos novos negócios brasileiros trazem ao mercado um produto realmente original, que não seja ofertado pela concorrência.
A designer Priscilla Callegari fez diferente e lançou em 2008 uma linha de sapatos customizáveis. Hoje, sua empresa, a Ciao Mao, fatura cerca de R$ 2,4 milhões ao ano. “O brasileiro tem medo de inovar porque quer 100% de retorno no curto prazo, mas não percebe que o caminho da inovação é mais seguro”, diz ela.
Comentário do blog: Todos os pontos citados no artigo mostram que a velha máxima de TOM PETERS continua sendo verdadeira para os dias atuais e futuros: TUDO VEM DAS PESSOAS, ou seja, em todos os casos a competência humana tem papel de destaque na minimização dos pontos críticos e maximização dos pontos fortes das organizações. Planejar, atrair e reter talentos, controlar rigidamente os custos e despesas, investir pesadamente na educação e capacitação das pessoas e priorizar a inovação como diferencial competitivo é a chave que irá abrir as portas para a produtividade e competitividade empresarial.