GESTÃO DE QUALIDADE NA VISÃO DA FNQ

Entrevista com Jairo Martins para o WWW.movimentobrasilhsm.com.br

O Brasil está descobrindo que toda gestão requer método. Por isso, um gestor precisa encontrar uma maneira de ser metódico nos processos com sua equipe. Caso contrário, não será um gestor. O gerenciamento mais estruturado precisa de metodologia porque é obrigado a seguir uma sequência lógica:

  • identificar a necessidade do cliente;
  • estabelecer os processos internos;
  • fazer a entrega final.

A afirmação é do superintendente geral da Fundação Nacional de Qualidade (FNQ), Jairo Martins. Segundo ele, quando as empresas não têm metodologia se perdem muito porque iniciam um processo sem pensar na sua conclusão. “É preciso documentar melhor os processos e seguir os objetivos”.  Uma dica de Martins é: escreva o que você faz e faça o que você escreve.

Martins destaca que a busca por resultados é um fator importante, mas equilíbrio é fundamental. Saber quem são seus clientes é aspecto essencial, assim como a liderança. “Uma gestão estruturada e uma comunicação aberta melhoram a qualidade do diálogo e, com boa gestão e pessoas bem orientadas, é possível conseguir bons resultados, mantendo sempre ambiente saudável”, afirma. Martins chama atenção para o fato de que empresas são feitas de pessoas. “Cobranças são necessárias,mas o mais importante é a comunicação. Chefe tem de ser admirado e não pode tratar mal seus funcionários”, aconselha.

Martins acredita que o perfil das empresas no Brasil está mudando muito e elas têm tido uma gestão bem mais objetiva, estão preocupadas com o ambiente de trabalho e percebem que é preciso ter funcionários satisfeitos. “A oferta de empregos é maior no Brasil de hoje e um funcionário insatisfeito vai embora”, ressalta lembrando que para reter um funcionário a qualidade do ambiente deve ser uma preocupação constante. De acordo com Martins, a economia está mais aberta, existe mais concorrência e competição. “Esses pontos reforçam a necessidade de melhorar a gestão e ter metodologia porque são essas questões que garantem o sucesso em um mundo competitivo”, diz.

Qualidade setorial

Empresas privadas já estão mais integradas em melhorar a gestão na opinião de Martins. “De um modo geral o cliente é mais exigente e as empresas privadas não têm outro caminho para não perder espaço”, explica. Já em alguns setores da área pública, Martins aponta para uma  crise de gestão, além da preocupação com os grandes eventos como a Copa e as Olimpíadas, que precisam de infraestrutura de transporte e aeroportuária, por exemplo. “Algumas áreas como a saúde pública, infraestrutura, construção civil e educação precisam incrementar um modelo de gestão mais forte”.

De acordo com Martins, as micro e pequenas empresas merecem destaque porque estão num momento muito bom porque e vêm se preocupando em melhorar sua gestão. Um indicador disso é a quantidade de demanda no uso do Modelo de Excelência em Gestão (MEG), disseminado pela FNQ e concebido com base em 11 fundamentos da excelência, reconhecidos internacionalmente. A aplicabilidade e avaliação desse modelo acontece por meio da análise de oito critérios de excelência (Liderança, Estratégias e Planos, Clientes, Sociedade, Informações e Conhecimento, Pessoas, Processos e Resultados). “As micro e pequenas não são mais silenciosas, mostram um crescimento com qualidade e com planejamento estratégico, o que aumenta a longevidade do negócio”.

Outra prova disso foram as inscrições para o MPE Brasil – Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas, premiação que reconhece anualmente as melhores práticas de excelência da gestão das micro e pequenas empresas brasileiras, onde 22 mil empresas na última edição se submeteram a avaliações de gestão. Para Martins só o fato das empresas lerem o questionário sobre a aplicação dos métodos já melhora o jeito de se pensar em gestão porque provoca uma conscientização dos líderes. O MPE Brasil é uma iniciativa do Sebrae, Movimento Brasil Competitivo (MBC), Gerdau e Fundação Nacional da Qualidade (FNQ).
Ainda sobre o Modelo de Excelência em Gestão (MEG), Martins afirma que qualquer tipo de empresa pode segui-los. Esses critérios podem ser utilizados para planejar os processos da empresa em toda a sua abrangência. Martins destaca ainda que outro ponto importante é que esses critérios já incorporam questões como inovação e sustentabilidade. “Trata-se de um modelo neutro que pode ser pra qualquer tipo de empresa, de qualquer segmento”, diz.
Algumas pessoas são avessas à metodologia, mas um gestor precisa entender esse processo, dominar sua prática e disseminar no dia a dia, além de lidar com isso de forma equilibrada. Martins acrescenta que basta pensar nisso apenas internamente. “É extremamente importante disseminar para seus fornecedores também. A qualidade de qualquer processo depende disso”.

De olho no Brasil

Para o superintendente da FNQ as empresas brasileiras de um modo geral têm pensado mais nessa questão da qualidade no gerenciamento. Isso teve início com a abertura comercial nos anos 90 e foi impulsionada pela capacidade que o Brasil tem mostrado para passar pelas crises.  “A visibilidade mundial é grande e todo o mundo está olhando pra cá. Isso faz com que as empresas tenham que reagir e oferecer o melhor. Sem uma gestão de qualidade, essa reação não seria possível”.
O Brasil evoluiu na gestão da execução de estratégias, segundo Martins, porque existe uma preocupação mais abrangente, mais focada em inovação e sustentabilidade. “Vale lembrar que sustentabilidade não é sinônimo apenas de meio ambiente. Uma empresa sustentável precisa estar financeiramente bem, ter processos adequados ao meio ambiente e responsabilidade social como um todo”, ressalta.

Em termos de gestão, Martins avalia que longo ou curto prazo dependem muito do porte da empresa, da vontade do gestor e da equipe. Entre 3 meses em 1 ano seria um prazo máximo e 6 meses é um prazo médio para colocar em prática um bom modelo de gestão. “O que falta de um modo geral é estruturação, juntar as peças de todas as áreas pra colocar a casa de ordem, sem se esquecer que a comunicação entre as áreas é fundamental”, conclui.

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