Em 1992, Severn Suzuki, uma menina canadense de 12 anos, chamou a atenção mundial quando fez um discurso durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a ECO-92, no Rio de Janeiro. No discurso, Severn pediu que os líderes mundiais e delegados da ONU prestassem atenção ao sistema ecológico mundial e às ameaças ambientais que nosso planeta estava enfrentando. Seu discurso foi tão comovente e inovador que ficou conhecida como ‘a menina que calou o mundo’. Até hoje a mensagem continua ecoando entre os cidadãos e líderes mundiais.
Vinte anos depois, Severn Suzuki continua morando no Canadá, é bióloga, apresentadora de programa de sustentabilidade e está se preparando para participar da Rio+20. Leia abaixo a primeira parte da entrevista exclusiva que Severn concedeu para o Vale@Informar, diretamente do Canadá.
Em uma entrevista em 2009, você disse que desde a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento em 1992, todos os nossos problemas ambientais pioraram. Você ainda pensa assim?
Bem, sim, ainda sinto a mesma coisa. De fato, há um trabalho recém-publicado na revista Nature que apresenta um cenário desastroso para o planeta e isso é a opinião dos cientistas mais renomados do mundo. Não estamos prestando atenção à ciência ou à ecologia que tratam dos impactos que nossa biosfera está enfrentando.
O sistema econômico está tão globalizado atualmente que causa e efeito foram realmente separados. Os meios de produção e o consumo foram tão divididos que não precisamos enfrentar as consequências de nosso consumismo ou de nossas ações.
Porém, temos pontos fortes, como o acesso democratizado e sem precedentes à informação. Existem ferramentas extraordinárias à nossa disposição. O pensamento na área ambiental e onde queremos chegar em termos de sustentabilidade, não implicam sacrifícios, mas sim a mudança para um estilo de vida mais sustentável, com ênfase na comunidade e na saúde em um sentido mais holístico, mais focado na qualidade de vida do que no PIB (produto interno bruto).
Portanto, existem pontos positivos, mas não estamos lidando com as coisas com rapidez suficiente. Não estamos realmente tomando as medidas urgentes que precisamos e isto é muito preocupante. Como eu disse, estamos vivendo em uma época de prosperidade sem precedentes, mas é uma prosperidade emprestada porque as próximas gerações não poderão ter o que temos.
Grande parte do seu trabalho tem sido na área da educação da juventude e das novas gerações sobre questões ambientais. Você está satisfeita com o progresso das novas gerações?
Os jovens são sempre nossa fonte de inspiração. São inovadores, criativos e não aceitam um sistema velho, ultrapassado, e por isso realmente precisamos manter esta energia jovem.
Mas o que acho mais triste é quando nossos jovens se tornam descrentes. Temos que manter em mente que somos modelos, temos que trabalhar para mantê-los inspirados e mostrar que eles podem fazer coisas boas, que vale a pena lutar por este mundo.
Isto é porque você vê a juventude como a resposta para nossos desafios ambientais?
Sim, eles são a nova fonte de energia, eles são os nossos futuros líderes. Se os jovens não acreditarem que a sua voz tem importância ou que o compromisso faz a diferença, como teremos pessoas que podem mudar o mundo?
Quero levar esta mensagem para o Rio, para que as gerações mais jovens possam ter esperança. Quando eu tinha 12 anos, acreditei que se falasse aos líderes mundiais, aos delegados da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, eles poderiam fazer a diferença. E finalmente eu percebi gradualmente, ao longo dos anos, que não cabe apenas aos líderes mundiais, cabe a todos nós e decidi que o compromisso cívico era o caminho a seguir.
Fonte: Vale informar – colaborador do BLOG GESTÃO & RESULTADOS: Edenildo Nunes Loureiro – Vale – Diretoria Soluções Logísticas – Gerência Geral de Soluções Logísticas