GESTÃO COLABORATIVA – tema do 15o. Congresso Internacional de Gestão – PGQP RS

GAF 2014_002Stephen Hacker é presidente da American Society for Quality, a maior entidade mundial na área de qualidade. Antes de palestrar nesta sexta-feira, no 15º Congresso Internacional da Gestão, em Porto Alegre, Hacker concedeu entrevista ao Jornal do Comércio. O executivo ressaltou a importância da gestão colaborativa e das certificações profissionais, traçou um panorama da qualidade em nível mundial e pontuou estratégias das empresas na busca por talentos. Para Hacker, não bastam serviços e produtos de qualidade para garantir competividade. “É apenas quando a gestão da qualidade permear toda a estrutura organizacional que ela vai conseguir encontrar um caminho que lhe garanta vantagem”, afirma.

Jornal do Comércio – Como o senhor definiria a gestão colaborativa?

Stephen Hacker – É um estilo de gestão que promove o trabalho em equipe com o objetivo de combinar seus pontos fortes. A ideia é que os pontos fortes do coletivo e as peculiaridades de cada um ajudem a compensar possíveis fraquezas. Dessa forma, é possível reduzir a margem de erro, em um esforço coletivo para aumentar a eficiência e a qualidade.

JC – Qual é a importância da gestão colaborativa para a manutenção e o desenvolvimento da qualidade nas organizações?

Hacker – Para ser bem feita, a qualidade requer apoio de todos os níveis da empresa, de executivos a funcionários. Nesse cenário, a gestão colaborativa pode ajudar a fomentar a qualidade ao alinhar objetivos comuns para toda a empresa. Valores e visões de qualidade podem, dessa forma, ser canalizados para a produção de produtos e serviços de excelência. São dois componentes chave para o sucesso da cultura da qualidade, que devem ser definidos e apoiados de forma inequívoca pela liderança empresarial. Mas, em um estudo realizado pela ASQ e Forbes Insight, observamos que há espaço para melhorias nesse setor em todo o mundo. Apenas 60% dos entrevistados afirmou que sua liderança apoia, de forma inequívoca, a qualidade. E só 50% disseram que a gerência apoia iniciativas de qualidade.

JC – O que o senhor poderia nos falar a respeito do cenário atual e perspectivas para a gestão da qualidade em nível mundial?

Hacker – As empresas estão percebendo que produção e serviço de qualidade são apenas requisitos mínimos no mercado do século XXI. Esses dois fatores sozinhos não serão suficientes para manter uma vantagem competitiva. É apenas quando a gestão da qualidade permear toda a organização – o que chamamos de Qualidade Empresarial – que ela vai conseguir encontrar um caminho que lhe garanta uma vantagem competitiva saudável. Além disso, como parte da mudança em direção à qualidade empresarial, muitas empresas estão adotando uma relação mais próxima aos seus clientes, a fim de gerar valor para os dois lados. Os resultados da pesquisa ASQ Global State of Quality reforçam essa noção. Esse estudo inédito, que inclui informações de 22 países, forneceu o primeiro olhar sobre o atual uso das práticas de qualidade ao redor do mundo. De acordo com o a pesquisa, 81% dos entrevistados “concordam” ou “concordam plenamente” que suas organizações procuram entender o desempenho do seu produto a partir dos olhos dos seus clientes.

JC – Como o Brasil se insere nesse cenário?

Hacker – A pesquisa cita que 64% das organizações brasileiras usam uma estrutura de padrão de qualidade ISO 9000, que ajuda na transição da gestão da qualidade para o seu uso como um sistema de excelência organizacional.

JC – Em relação às certificações profissionais, o que elas significam para funcionários e organizações?

Hacker – Os certificados proporcionam ao trabalhador o reconhecimento formal de um conhecimento e uma competência que ele tem demonstrado em uma área específica. E, de acordo com a pesquisa de qualidade salarial de 2013, pessoas com certificações ganham mais. Em contrapartida, organizações que investem em certificações profissionais para seus empregados são beneficiadas por ter uma força de trabalho com conhecimento e compreensão para aumentar sua eficiência, reduzir o desperdício e aumentar a qualidade. 

JC – Ao contratar, quais características profissionais e pessoais as organizações estão procurando em funcionários e líderes?

Hacker – Cada organização é única, assim como as posições de trabalho. Assim também são as exigências aos novos funcionários e líderes. No que se refere à qualidade, inteligência emocional, como habilidades interpessoais, estão se tornando cada vez mais importantes, principalmente aos líderes, para que eles defendam a importância da qualidade para executivos que possam estar interessados apenas no impacto financeiro dos programas. Essas habilidades básicas podem ser aperfeiçoadas pelas próprias certificações profissionais, pois elas fazem os candidatos se destacarem e podem oferecer mais conhecimento para organizações que estão contratando e buscando novas lideranças. Inclusive, de acordo com o ASQ Global State of Quality Research, 64% dos entrevistados acreditam que a qualidade está relacionada ao treinamento. Algumas organizações estão fornecendo treinamento ASQ aos funcionários e líderes para reforçar e adequar as competências às suas necessidades. 

JC – A busca por talentos é o fator decisivo no mercado global e na busca por qualidade? Por quê?

ccq inovaHacker – Alcançar qualidade depende dos funcionários e das habilidades que eles oferecem. Como a força de trabalho continua a envelhecer, cada vez mais profissionais talentosos vão deixar de trabalhar, levando consigo o conhecimento acumulado por suas experiências ao longo dos anos. Especialistas da área projetam que as organizações vão competir, cada vez mais, por talentos e que essa concorrência vai movimentar empregos entre os países. Empresas de alta tecnologia já perceberam essa realidade. Então, o grande desafio na educação da força de trabalho do futuro é preservar a sabedoria do passado e construí-la a partir de novas perspectivas.

JC – Como é possível vencer ou fugir dessa competição por talentos?

Hacker – Para preencher o déficit de conhecimento, organizações podem competir fortemente por talentos, ou procurar internamente, se valendo dos atributos dos funcionários que já estão familiarizados com a organização e a cultura da qualidade. Ou seja, a lacuna de talentos pode ser reduzida internamente por meio de treinamentos e programas de certificação. As organizações com sistemas de qualidade maduros, geralmente, fornecem treinamento para um grande público de diversas áreas, garantindo amplitude e profundidade de formação.

Fonte: Jornal do Comércio – Porto Alegre RS

Jornalista: Luiz Eduardo Kochhann

Presença no PGQP – Getulio Ferreira e Herbert Carneiro da Fundação Espírito Santense de Tecnologia – FEST/UFES

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