JÁ ESTAMOS EM 2015? O velho desafio do calendário brasileiro

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2014 foi um ano particularmente sofrido. Perdemos a copa do mundo em condições trágicas. O país do futebol capitulou para uma Alemanha produtiva, disciplinada e aplicada em seus objetivos. O povo ficou extasiado. Em seguida vieram as eleições e todo o conjunto de movimentos que não geram energia de desenvolvimento e com isto nosso esperado PIB se tornou o pibinho (minúsculo mesmo). Não podemos nem falar no pib per capita não é mesmo?

Os resultados da pesquisa CNI de Competitividade (já publicados aqui no blog) nos confirmou no penúltimo lugar de 15 países selecionados em 2014 (mantivemos nosso desempenho (sic) de 2013). Continuamos de forma gloriosa somente à frente da combalida Argentina.

Os resultados de capacidade de investimento na área de Inovação, dita salvadora de países que querem e precisam sair da mesmice e das crises passadas e futuras, são ainda muito modestos. Dizem que estamos investindo de 1 a 1,5% do PIB em Inovação, Ciência e Tecnologia – mas dizem também que deste valor, a metade é aplicada somente pela Petrobras, portanto… O que será do nosso futuro?

Ah, o futuro. Veio o Natal, ano novo, férias, falta de água no sudeste, praias lotadas e então o nosso famoso carnaval. Chegamos ao verdadeiro 2015 com novas e não tão promissoras perspectivas para 2015.

Para completar, uma análise mais macro, ao estilo do economista Marcos Troyjo que nos enviou recentemente um dos seus últimos artigos para o Folha de São Paulo com o título A NOVA DÉCADA PERDIDA. Suas reflexões são apenas realistas – o que dá para sentir vários calafrios na espinha. Vejam o trecho final do seu artigo: “Indonésia, Índia e China esperam crescimento anual superior a 6% no intervalo 2015-18. No período, estimativas realistas projetam o Brasil com expansão média 1,5 % abaixo da economia mundial. 

Ouve-se com frequência do governo brasileiro, no que só pode ser alusão à Europa, que poucos no mundo estão crescendo.  Uma coisa, porém, é o desempenho estacionário da Zona do Euro, onde a renda per capita é de US$ 35 mil. Outra é empacar com um terço disso, como o Brasil, ainda nos verdes anos do bônus demográfico. Nesse ritmo, é grande o risco de ficar velho antes de se tornar rico.

No âmbito das relações internacionais, estamos desorientados. Na melhor hipótese, praticamos uma diplomacia confusa. E, ao contrário do desejado mote para o Ashampoo_Snap_2015.02.20_13h49m16s_005_Itamaraty de Dilma 2.0, “sem resultados”.

Nos fóruns multilaterais, estamos eclipsados por falta de pagamento de contribuições regulares ou pela grande alocação de tempo, recursos e capital político em portfólio de baixo retorno, de que é exemplo o marasmo da OMC.

Em nossa suposta prioridade à África, abrimos grande número de postos diplomáticos, agora em frangalhos orçamentários.

Na América Latina, o embate maior entre Washington e Pequim por aliados regionais num momento de fragilidade econômica e diplomática brasileira mina nossa influência. A Argentina claramente já substituiu o Brasil pela China como principal referência de sua política externa.

Nações desperdiçam anos quando não crescem, não performam à altura de seu potencial. Mas uma década só é realmente perdida quando um país nada aprende com ela. Vivemos uma confluência de todos esses fatores. Tomara que desta vez o passado – e o presente – nos ensinem algo para o futuro, conclui Troyjo.

Então, já podemos trabalhar o nosso 2015 ou vamos esperar a semana santa?

 “Dai-me, Senhor, a perseverança das ondas do mar, que fazem de cada recuo um ponto de partida para um novo avanço.” (Cecília Meirelles)

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