Uma U.S. Secretary of Quality? Este é o título de artigo da revista americana Quality Progress de dezembro de 2014.
A autora, Marcia W. Weeden, comenta que Obama continua a receber baixos graus de aprovação. O mesmo ocorre com o Congresso, com 13% de aprovação e 84% de desaprovação. Ela acrescenta que pesquisas mostram que apenas 15% dos parlamentares merecem ser reeleitos.
Após citar várias iniciativas na área da qualidade desde a 2ª. Guerra Mundial (Departamento de Defesa, NASA, Secretaria da Receita, Correios, Prêmio Baldrige, Government Performance and Results Act, Government Performance and Results Modernization Act, e Government Services: Reinvention of the Federal Government), ela comenta como ainda é possível a crise na Administração de Saúde dos Veteranos, com dados burocráticos falsificados e veteranos ignorados durante anos.
A seguir ela pergunta: Você pode imaginar nossos atuais políticos conduzindo uma fábrica ou uma organização de serviços? E complementa: faltam a eles os conhecimentos mais elementares sobre instrumentos de gestão que os qualifiquem para o adequado cumprimento de tais tarefas.
Ela conclui seu texto, após detalhar o que os profissionais da Qualidade sabem fazer e os políticos não, perguntando: o que não sabemos é porque não existe um U.S. Secretary of Quality.
Traçando um paralelo com o Brasil, encontramos o mesmo quadro, agravado pelos últimos acontecimentos: Executivo e Legislativo (podemos acrescentar o Judiciário) com prestígio lá embaixo.
Também temos um histórico de iniciativas, desde o Programa da Qualidade e Participação na Administração Pública – QPAP, Programa da Qualidade no Serviço Púbico – PQSP, Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade – PBQP, a criação da então Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade – FPNQ, hoje FNQ, e posteriormente o Gespública – Programa Nacional de Gestão da Qualidade e Desburocratização, órgão do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Além disso, cumpre citar a criação do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade – Sinmetro, com o respectivo Conselho – Conmetro e seu órgão executor – Inmetro, inicialmente Instituto Nacional de Normalização, Qualidade e Metrologia, atualmente Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. Soma-se o Comitê Brasileiro da Qualidade – CB-25 da Associação Brasileira de Normas Técnicas, e recentemente a criação da Academia Brasileira da Qualidade – ABQ.
Dentro desse panorama, merecem destaque alguns programas setoriais, como o SE – EB, Sistema de Excelência do Exército Brasileiro, que culminou com o reconhecimento como Finalista do Prêmio Nacional da Qualidade do 3º. Regimento de Carros de Combate em Rosário do Sul, RS. O Ministério da Agricultura implementou programa nas Superintendências estaduais, com o recebimento do devido reconhecimento. Mais recentemente a Marinha implementou o Programa Netuno, tendo várias organizações navais recebido prêmios estaduais e nacional.
Constata-se, pois, que iniciativas não faltam, tanto nos EUA como no Brasil, os resultados é que são limitados, para não dizer pífios, em ambos os países.
A falta de conhecimento sobre ferramentas básicas de gestão, tanto lá como cá, de parte de parlamentares e administradores públicos (e juízes), é uma das causas mais importantes do problema. Uma das propostas que se nos afigura prioritária é, pois, um curso com conteúdo mínimo, até virtual, para que ambos os grupos tenham um mínimo de competência gerencial para conduzir os destinos da Nação.
Basilio V. Dagnino é Vice-Presidente da Academia Brasileira da Qualidade, Fellow pela ASQ (EUA), Fellow & CQP pelo CQI (Reino Unido), Diretor Técnico da Qualifactory Consultoria