O artigo de Gabriel Rossi vem em boa hora. Atualmente, sob coordenação do Professor Herbert Carneiro do Centro Tecnológico da UFES/Departamento de Engenharia de Produção, acontece uma série de palestras na temática do empreendedorismo que começaram no início de setembro e vão até meados de Dezembro para os alunos dos últimos anos das engenharias da universidade. Serão ao todo 15 empresas cujos dirigentes empreenderam e apesar das dificuldades enfrentadas estão agora colhendo os frutos das experiências vivenciadas.
Na foto, palestra do jovem empreendedor Franco Machado da empresa MOGAI que desenvolve seus produtos na área da tecnologia. O tema abordado foi Inovação e Empreendedorismo nesta última segunda feira para um público de mais de 120 alunos
Vamos ao artigo do Consultor e Professor, Gabriel Rossi.
Qual a idade ideal para começar a empreender? Maturidade é a métrica e isso varia. Sendo assim, é possível afirmar que não exista uma fase certa para lançar-se neste universo.
O meu conselho é para que empreendam quando tiverem conhecimento plausível sobre o mercado, assim como capacidade de tomar decisões frias e racionais. O jovem empreendedor sério é caracterizado pela vontade de sempre aprender, resistência e essência vencedoras. Esses são os alicerces sine qua non para quem deseja prosperar, principalmente quando a conjuntura é desafiadora.
Cinco dicas importantes para quem está iniciando na vida do empreendedorismo:
1- Cuidado com a falta de construção da marca – Há a impressão que criar uma marca forte é algo complexo demais para ser desenvolvido, porque a estratégia precisa ser bem estruturada. A marca funciona como atalho para o consumidor e ela é o maior patrimônio de qualquer empresa perene.
2- Glamour – Muitos inovadores mambembe pensam que apenas uma ideia é suficiente para criar uma empresa. Outro erro grave. É essencial colocar a mão na massa, tomar a frente do negócio, batalhar. O trabalho em uma startup é tão árduo quanto em qualquer outra empresa. Arregaçar as mangas é fundamental. Egos também devem ser deixados de lado. Brigas entre fundadores são comuns. Portanto, escolher o sócio correto – com objetivos similares – é fundamental. Depois do “casamento”, a separação entre sócios só gera dificuldades.
3- Momento errado para lançar – O empreendedor deve saber o exato momento de lançar sua marca e produto. A ideia pode ser boa e o dinheiro pode estar no caixa, mas é essencial não perder a oportunidade de entrar no mercado. Se o momento está conturbado – com a economia do país em baixa, por exemplo -, vale esperar ou tirar vantagem disso?
4- Desconhecimento do mercado – Já é um “mantra” do marketing o fato de ser fundamental antecipar a necessidade do consumidor. Mas isso é impossível diante do desconhecimento do mercado. Só se conhece a futura necessidade do consumidor com estudo completo sobre a área que a startup está ingressando. E os estudos devem ser profundos.
5- Falta de público-alvo – É preciso decidir qual público atingir, estudar suas características e conhecê-lo a fundo. Com este perfil em mãos, o empreendedor não apenas saberá com quem está falando, mas como e o que falar e por quais ferramentas. Geralmente uma startup nasce de uma ideia – e o mentor dela não se preocupa com quem “falar”. É preciso focar em determinado públicos.
Os alicerces fundamentais para a sobrevivência de qualquer negócio são os seguintes: lucratividade, confiança do consumidor, crescimento e proteção aos riscos. Diluir as associações positivas de qualquer marca é um ato de suicídio. No cenário de hoje, é ilógico e arriscado as marcas mentirem para seus clientes.
Mais do que um momento de desafio, tratar a economia atual como uma oportunidade é ter uma visão positiva, mas também real.
Tradicionalmente, o setor de beleza não sofre grande impacto com incertezas econômicas. São produtos menos duráveis e por isso os consumidores precisam repor constantemente, o que acaba energizando o setor continuamente.
O setor de saúde, por questões estruturais, também vislumbra boas perspectivas de crescimento no longo prazo. Isso acontece porque o envelhecimento da população aumenta a demanda por esse serviço.
O ramo da educação é outro que mostra resiliência. Investimentos são atraídos para esse segmento pois ele exige um aporte inicial preponderantemente baixo se comparado com setores como o da construção civil.
Ademais, em tempos de economia colaborativa, vencerão os empreendedores criativos que pensarem em produtos e serviços que possam ser compartilhados, tenham durabilidade e se fortaleçam com as comunidades digitais.
Lembre-se de que o novo consumidor não se preocupa mais em ser dono das coisas, mas ter acesso às coisas. A tendência veio para ficar, especialmente porque é regida por três grandes forças: social (as pessoas compartilham mais, por exemplo), econômica (escassez de recursos) e tecnológica (ascensão de uma geração que cresceu com a internet e se conecta com outras pessoas em proporções muito maiores do que antes).
Empreender no Brasil é duríssimo mas é possível. Foque em janelas ao invés de espelhos.
*Gabriel Rossi é Diretor da Gabriel Rossi Consultoria de Marketing e Professor da ESPM