O artigo a seguir foi escrito pelo membro da Academia Brasileira da Qualidade – ABQ, Jairo Martins (foto). Sua contribuição para o tema Corona Vírus nos leva a uma profunda reflexão, veja:
“Aprendizado e Inovação” é um dos 8 Fundamentos Universais da Boa Gestão. Os outros 7 são: Liderança Transformadora, Pensamento Sistêmico, Compromisso com as Partes Interessadas, Desenvolvimento Sustentável, Orientação por Processos, Adaptabilidade e Geração de Valor.
A Plataforma MEG de Excelência da Gestão, da FNQ – Fundação Nacional da Qualidade -preconiza que o caminho da excelência, em qualquer empreendimento humano, passa pelo equilíbrio dos 8 fundamentos, pois tudo tem uma relação de interdependência, de causa e efeito.
O que estamos passando no momento, com o surto do COVID – 19, sugere que negligenciamos a gestão, deixando os fundamentos e o aprendizado das crises, pelas quais já passamos, de lado e, com isso, deixamos de inovar nas possíveis soluções.
O fato é que, submetidos à aceleração que a evolução tecnológica nos impôs, focamos 100% na transformação digital e nos esquecemos que o mundo analógico continuava a existir.
Criamos produtos e plataformas digitais para lucrar mais, a qualquer custo, concentrando riquezas nas mãos de poucos, perseguindo cegamente o “Market Share” e não o “Share the
Market”, pouco nos importando para o bem-estar coletivo e para o equilíbrio global. Deixamos de levar a sério, e partir para a ação efetiva, e não de fachada, da boca para fora, as mudanças climáticas, a sustentabilidade, as desigualdades, o novo perfil dos empregos, a poluição, as mortes e invalidez dos moto e bike-boys dos deliveries, o feminicídio, o trabalho escravo, os distúrbios psicológicos das crianças, a corrupção e a escassez de alimentos, entre outros.
Todos elementos do Mundo Analógico, por sinal. “Pré-ocupados” com a velocidade do mundo, fomos vítima do engodo de que a tecnologia resolve tudo e que a “Transformação Digital” seria a panaceia para um mundo melhor. Não há dúvidas de que facilita, mas não é tudo.
O mundo dava sinais de que já estava mais que na hora de refletir sobre o todo. Era preciso agir de forma mais estratégica, sustentável e transformadora, olhando todas as partes interessadas, analisando os processos e se preparando para adaptá-los, de forma proativa, com base nos aprendizados e nas realidades e tendências dos novos cenários, buscando resultados econômicos, sociais e ambientais de forma equilibrada. Não podemos nos esquecer de que a economia mundial é um sistema fechado – se uns estão ganhando é porque outros estão perdendo. Um olhar para os PIB dos diversos países demonstra isso. O crescimento do PIB mundial é pura ilusão. A economia mundial está calcada em um conceito impreciso, que não leva em conta muitos fatores importantes. Calculamos o Valor de Mercado das Empresas, mas não somos capazes de incorporar as externalidades e nem as ações para a erradicação da miséria, em vários países da África, Ásia e Américas, na fórmula de aferição.
Afinal, que Valor de Mercado é este?
O fato é que o Universo é soberano e sempre encontra uma maneira de restaurar as coisas 
para equilibrá-las de acordo com as suas próprias leis, quando estas são alteradas de forma irresponsável, indiscriminada, egoísta e individualista.
Eis que surge o Novo Corona Vírus para nos deixar em casa com a nossa, muitas vezes, renegada Família, nos nossos exílios voluntários ou recomendados, refletindo ponderadamente, sem a loucura exponencial que paralisa a nossa capacidade de pensar, analisar e agir sistemicamente, olhando para todas as partes interessadas, aguardando o colapso da economia mundial que já se configura. Agora sim, chegou o momento de inovar, não nos modelos de negócios visando unicamente o lucro, mas na gestão, buscando alternativas de como sobreviver na escassez, de como distribuir o que há, de forma coletiva, e paralelamente estancar a disseminação do Covid – 19.
Onde está essa inovação?
A boa notícia é que as ferramentas de gestão estão disponíveis universalmente, por meio dos
Modelos de Excelência da Gestão, amplamente conhecidos. É uma questão de união de esforços, desprovidos de vaidades individuais e ideologias políticas, tirando proveito das lições aprendidas com humildade, sem buscar culpados, e partir para a ação. A única maneira de sairmos dessa situação é cada um assumir o seu papel de Líder Transformador, todos engajados para uma causa maior – o bem-estar das pessoas. É o que nos resta fazer.
Comece agora, pois não há mais tempo a perder!
Autor: Jairo Martins – Vice-presidente da FCMF (Fundação Casimiro Montenegro Filho) – Fundação de Apoio ao ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e membro da Academia Brasileira da Qualidade – ABQ.