Para VP de finanças e estratégia do iFood, Diego Barreto, é necessário apostar em novas soluções para aumentar a eficiência e responder melhor às demandas do consumidor
Quando se fala em Nova Economia, a inovação deixa de ser “opção”. Isso porque inovar está no DNA desses novos empreendedores e no cerne dessa tendência de negócios, com o máximo de empenho por soluções e negócios disruptivos e revolucionários. Mas como saber se um determinado negócio é de fato inovador, ou apenas parece ser?
Para Diego Barreto, executivo do iFood e autor do livro NOVA ECONOMIA – Entenda por que o perfil empreendedor está engolindo o empresário tradicional brasileiro, é preciso deixar de lado a atuação lenta, atrelada a inúmeros processos, das empresas tradicionais, e dar espaço à atuação mais livre, com menos amarras e mais ousada, adotada pelas startups e novas corporações.
“Com a transição da Velha Economia para a Nova Economia, sai de cena o modelo de negócio estático e antiquado, que depende de recursos naturais e commodities, e ganha espaço o negócio ligado à inovação contínua, sustentada por modelos de gestão ágeis, menos hierárquicos, com times diversos e voltado para a sustentabilidade. Ou seja, é impossível pensar em inovação sem ganho de agilidade e desburocratização”, explica o VP de finanças e estratégias do iFood.
Para Barreto, os dois modelos de negócios – Velha Economia e Nova Economia- são muito distintos. Enquanto o primeiro é focado na segurança e na manutenção do status quo, o segundo investe na inovação – seja em produtos, gestão, tecnologia e processos, tudo visando ganhos de produtividade e maior agilidade. “Na Nova Economia, é preciso estar sempre em busca de novas formas de atuar, novas tecnologias e ideias, sem medo de errar. O erro faz parte do processo de maturação do negócio, e não deve ser “evitado a qualquer custo”, afinal não é possível chegar a um modelo ágil e pioneiro, sem errar”, avalia o executivo.
Na visão do autor, apostando em novas soluções e no “fazer diferente”, aumenta-se a eficiência e responde-se melhor às demandas do consumidor, dessa forma dando espaço para o ciclo virtuoso de competição, que é a principal premissa da Nova Economia. “Quando a concorrência torna-se mais acirrada, fazendo com que as empresas corram o risco de perder espaço no mercado, os gestores são fortemente incentivados a buscar maneiras criativas de aumentar o valor do que oferecem aos clientes. Nesse momento, é preciso escolher, de fato, entre ‘inovar ou morrer’, diz.
Buscando auxiliar esse processo, Barreto listou 4 pontos de um “checklist” do negócio inovador:
1. Criar conflito criativo é necessário
Embora a inovação seja “mandatória” na Nova Economia, por si só, não cria sozinha um negócio disruptivo. É necessário atrelar a busca incessante por inovação aos investimentos em tecnologia e à agilidade. Empresas inovadoras precisam de excelência operacional e uma base gerencial sólida – mas flexível.
São as chamadas empresas ambidestras, que convivem com a tensão entre investir em um produto disruptivo e resolver os problemas urgentes de seu negócio principal. Isso cria um estado de conflito criativo permanente que permite que a inovação aconteça. “As empresas da Nova Economia também criam e adotam processos, mas, quando percebem que determinada forma de atuar torna-se lenta ou falha, não resistem em ir em busca de novas maneiras de fazer as coisas. Esse é o “x da questão”, a grande diferença entre a Velha Economia e a Nova Economia”, destaca Barreto.
2. Compartilhar informações é fundamental
A Nova Economia é movida pela meritocracia de ideias e, para que a melhor ideia vença, é preciso que haja sucessivas discussões em busca das melhores soluções, mas, isso só é possível se houver transparência, e se todos os envolvidos estiverem a par do andamento do projeto.
De acordo com estudo do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral, um negócio instalado em uma aceleradora, incubadora ou parque tecnológico tem maiores chances de prosperar que outro sediado em um escritório próprio ou alugado. “O grande “segredo” do sucesso, é o compartilhamento de informações e de experiências entre as pessoas de diferentes backgrounds, formações e em diferentes estágios de desenvolvimento profissional”.
Para Diego, a transparência também é fundamental para garantir a agilidade na operação, pois o tempo é um fator crucial para os negócios na Nova Economia.
3. Vantagem competitiva leva ao sucesso
Um negócio inovador também não se sustenta se não tiver uma vantagem competitiva. É esse fator que permite que a empresa não precise ficar “correndo atrás do próprio rabo” ou “andando em círculos”, ou seja, não precise alterar sua estratégia, seu negócio, o tempo todo, buscando novas opções para o sucesso.
“Quando se tem esse ativo, a empresa pode investir sua energia na busca pela próxima vantagem competitiva, que irá novamente impulsioná-la mais adiante. Um exemplo, é a Netflix, uma das mais bem-sucedidas empresas globais da Nova Economia. Quando foi competir com a Blockbuster no aluguel de filmes, a empresa criou a assinatura e entrega de DVDs em domicílio. Quando a concorrência começou a fazer o mesmo, a Netflix passou a entregar conteúdo em streaming.
“Os concorrentes correram atrás, e a empresa teve tempo suficiente para ser a líder, usufruindo das vantagens competitivas e dando mais um passo adiante: lançando produções próprias na plataforma. Nos três momentos, a Netflix enfrentou pesada concorrência, mas continuou a cobrar um valor justo por seu serviço. Isso preserva o ciclo virtuoso: cobrando um preço justo, a empresa democratiza o acesso ao serviço, agrega mais clientes, e então tem mais recursos para continuar a apostar em inovação e planejar a próxima vantagem competitiva”, exemplifica.
4. Ousadia é o caminho
Se existe uma única palavra para definir as empresas da Nova Economia, é ousadia. Para alcançar o sucesso nessa nova realidade econômica, é preciso ousar, não ter medo de apontar novos caminhos e se arriscar. “Risco, falha, transparência radical, inovação e sucesso caminham juntos. Sem um desses fatores, é muito difícil conseguir o outro. Não é viável querer inovar sem falhar ou correr riscos, ou ter um negócio bem-sucedido sem ser transparente”, explica ele
Na visão do autor, a inovação acarreta também abrir mão de algo hoje para tentar ter algo amanhã. “É preciso ter coragem para se desfazer da segurança do presente para vislumbrar o futuro que se aspira: o de negócios disruptivos e que façam a diferença para a sociedade, beneficiando a todos e apresentando soluções que funcionam. Na Nova Economia, a ‘conta em dólares’ chega sempre no final”.
Diego Barreto é Vice-Presidente de Finanças e Estratégia do iFood e professor de estratégia, negócios digitais e nova economia. É mestre em administração pelo International Institute for Management Development (IMD Business School), com passagens acadêmicas pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e Fundação Instituto de Administração (FIA). Mentor Endeavor e da 500 Startups (Vale do Silício). É autor do livro NOVA ECONOMIA – Entenda por que o perfil empreendedor está engolindo o empresário tradicional brasileiro.