Participação especial: Consultor Leanked, Nils Alves ·
Inovação e Kaizen (melhoria contínua) são opostas? Podem ser integradas? Ou é tudo uma questão de perspectiva?
Embora sejam dois temas que surjam normalmente em reuniões estratégicas para tomada de decisões, a verdade é que acabam por ser um pouco paradoxais. Grande parte das empresas e indústrias, existe duas formas de resolver os problemas, seja através de:
- Inovação tecnológica – em maquinaria e sistemas relacionado a um elevado investimento;
- Kaizen – bom senso, método de criatividade e qualidade e ferramentas de baixo custo, checklists e cultura organizacional.
A inovação implica destruição criativa: os produtos inovadores destroem ao mesmo tempo que criam. Esses novos produtos destroem velhas técnicas, estruturas e postos de trabalho. Do mesmo modo, são:
- Criadas novas técnicas;
- Definidas novas estruturas;
- Criadas novas oportunidades de emprego.
O progresso é uma consequência deste processo destruidor e criativo.
A destruição criativa acaba por fazer uma seleção natural das empresas, promovendo as que tenham agilidade para acompanhar a mudança. Para uma empresa sobreviver são necessários fatores como a criatividade e a paixão, de forma a despertar a destruição criativa e a descontinuidade.
Por outro lado, o Kaizen procura, através do envolvimento das pessoas, simplificar processos e atingir níveis excepcionais com os recursos disponíveis.
Um pequeno exemplo:
Uma peça para ser produzida passa por diversos postos de fabricação. No último posto de trabalho é verificada.
Hipoteticamente, caso a peça não esteja conforme na sua origem só será identificada no final do processo produtivo. Iremos trabalhar uma peça que está não conforme alocando custos de transformação, tempo de produção e pessoas.
A solução está em realizar um controle à entrada e saída de cada posto de fabricação, sendo que se estivesse não conforme deverá ser imediatamente corrigida.
INOVAÇÃO E KAIZEN – Quadro da integração esforços, sinergia e resultados.
Na perspectiva Kaizen, a qualidade é responsabilidade de todos e não só de um departamento específico.
Existem empreendedores e consultores de sucesso que defendem uma em prol da outra, por exemplo Vijay Govindarajan: defende que quanto mais a empresa estiver estruturada sob a gestão da qualidade, menor será a presença de inovação, isto porque está completamente regulamentada e definida.
Ou seja, por um lado existe o Kaizen japonês e a sua forma de pensar orientada ao processo. Por outro lado, existe o pensamento ocidental orientado para a inovação e para os resultados.
O ideal é um equilíbrio onde as pessoas sejam inovadoras e criativas, e em simultâneo melhorem continuamente os processos envolvendo-se nos mesmos. É papel das empresas e dos respetivos líderes decidir quando devem utilizar cada uma das abordagens na sua estratégia, tendo em consideração as necessidades do mercado e os limites da sua organização para que possa sobreviver e crescer.
Artigo original de Nils Alves
Blog Leanked – Aveiro, Portugal.
Ilustrações: Getúlio A. Ferreira