Ano Novo começando e é hora de pensarmos fortemente no nosso modelo de gestáo e estratégias. Veja o artigo de hoje…
O Autor do livro Potência Empreendedora, André Duek utiliza sua experiência e aponta os cuidados que os novos donos de negócio devem ter para se saírem bem no início da jornada
Decidir largar a vida executiva e encarar uma jornada empreendedora nem sempre é um caminho fácil. Porém, é a escolha feita por grande parte dos profissionais após trilharem uma carreira de sucesso, com cargos e conquistas no bolso. De acordo com a edição 2022 do relatório da Global Entrepreneurship Monitor (GEM), feita pelo Sebrae e Associação Nacional de Estudos em Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (Anegepe), 67% da população brasileira está envolvida com o tema – já tem um negócio, está se movimentando para ter ou deseja começar a empreender nos próximos três anos.
Apesar de terem grande experiência no mundo corporativo, os executivos encaram um novo mundo e estilo de vida no empreendedorismo, no qual o cargo de CEO dá lugar ao dono do negócio que está começando uma nova jornada em um novo universo. “A consciência do que não fazer é tão importante quanto a sabedoria e o bom senso sobre aquilo que deve ser realizado. Para dar a largada da melhor forma, é importante ter em mente o fato de que não importa muito o que o empreendedor fez como executivo. Ele está começando do zero”, diz André Duek, empreendedor serial, autor do livro Potência Empreendedora e ex-CEO do Grupo Fórum.
O empresário, que decidiu largar a carreira executiva e encarar o empreendedorismo fora do país há mais de uma década, conta que um dos cuidados que o empreendedor deve ter é não pensar com a cabeça de executivo, algo que muitas vezes pode fazer um negócio ir por água abaixo. “Em uma empresa pequena não existem letrinhas: não vale escrever no cartão de visitas que você é CEO. Não caia nessa armadilha do ego”, aconselha.
Na visão de Duek, o empresário precisa ter “culpa” no início da sua vida empreendedora. “Muitos começam um negócio com aquela vontade de fazer um investimento substancial e uma estrutura robusta de recursos. Mas no início é importante fazer mais com menos, ou seja, investir e gastar o mínimo possível, responsabilizando-se por otimizar ao máximo o capital disponível”. Segundo ele, o percentual investido no negócio deve ser infinitamente desproporcional ao patrimônio do empreendedor, ficando entre 1% e 5% daquilo que ele possui.
André iniciou sua vida empreendedora ao montar uma imobiliária na Flórida – a Duek Lara Group – com um investimento inicial de US$30 mil, com um sócio e uma gerente que cuidava da operação – financeiro, marketing e backoffice. “Mesmo 10 vezes maiores do que quando iniciamos, ainda somos dois sócios e apenas dez pessoas na equipe. Com essa base simples, comercializamos, em média, 200 imóveis por ano e movimentamos US$150 milhões em 2022 com a venda e aluguel de propriedades variadas”.
Cuidado para não cair em ciladas!
Além da boutique imobiliária, Duek ainda é dono de vários outros negócios, como uma empresa de motorhomes, que teve investimento inicial de US$10 mil. Com essa vivência, André lista algumas dicas para iniciar um negócio de sucesso:
- Cuidado ao se espelhar em grandes empresas e empresários. “A realidade deles hoje, os recursos e a estrutura de que dispõem é muito diferente daquilo que o empreendedor tem quando está começando um negócio”.
- Não faça budget do seu negócio. Duek enfatiza a importância de trabalhar com um “orçamento zero”, simplificando tudo o que for possível. “Eu sempre busquei gastar o mínimo possível, inclusive em situações como as viagens de negócios. Eu participava de eventos, mas sempre me hospedava em hotéis que custavam um quinto do valor do oficial e viajava em voos super básicos e econômicos. Sempre digo: “gaste como se você fosse um office boy nessa fase”.
- Não contrate um monte de colaboradores e nem escolha a estrutura mais cara. O empreendedor pode optar por fazer um website básico da empresa e ele mesmo cuidar das redes sociais, assim como escolher um espaço básico, porém confortável, para iniciar a empresa. Um coworking é uma boa alternativa, conforme aponta Duek. “Nada de sair contratando logo uma secretária, assessoria de comunicação e marketing digital, uma pessoa para cuidar de TI e outra para cuidar da operação. Use sua própria mão de obra. Trabalhe muito”.
- A família faz parte do negócio. Por um período, o tempo com a família será reduzido pela necessidade de estar na linha de frente da nova empresa. “Não se esqueça de alinhar muito bem isso com sua família. Deixe claro para eles as razões pelas quais você precisará se dedicar muitas horas ao trabalho nesta fase inicial. Fale do propósito da empresa, mostre que você está trabalhando pelo bem-estar deles. Caso isso não aconteça, sua vida poderá virar um inferno de cobranças. O seu tempo é o seu negócio”.
- Não faça um plano de negócios extenso.A ideia, segundo ele, é ter um plano sucinto para um período máximo de 3 anos e, mínimo, de 1 ano. “A ideia é ter clareza sobre quais são as grandes metas e quais possíveis caminhos para chegar até lá. Tenha cuidado para não tornar esses horizontes uma ideia fixa. A maior atenção, na fase inicial, deve estar voltada para as metas de curto prazo, sejam semanais, mensais e trimestrais. Eu estabeleci com a minha equipe que a nossa meta é vender US$1 bilhão em 10 anos. Mas se eu ficar com a mente só pensando nisso, não vou atender bem quem me procurar para comprar um apartamento de US$500 mil, que pode ser a base para eu chegar aonde eu quero no futuro. Cuide bem de cada cliente”, reforça.
- Cuidado na hora de escolher um sócio. Para André, é preciso avaliar muito mais do que se a pessoa tem ou não conhecimento técnico – isso é apenas 30% do caminho. “As afinidades de valores pessoais, princípios e a capacidade de dialogar, de abertura para colaborar, importa muito mais. Observe primeiro os aspectos pessoais. É importante que o patrimônio de ambos seja próximo, para que não haja desconforto em relação ao estilo de vida um do outro”.
- Mercado internacional.Por que não? Para muitos empreendedores, cruzar a fronteira está fora de cogitação. “A concorrência com outras companhias brasileiras será pequena ou quase inexistente, sua empresa ganhará muito em reputação de marca dentro do Brasil, irá se tornar mais competitiva e dinâmica em termos de gestão, estratégia e execução, terá receitas em moeda forte e acesso a potenciais negócios”, avalia. Mas, para isso, Duek recomenda dar um passo por vez. “Participe de feiras e eventos no exterior, faça benchmarking, conheça pessoas e crie parcerias com empresas locais. Realize testes de mercado e vendas à distância. Aprenda tudo o que puder, identifique oportunidades e expanda seus horizontes”, conclui.
Colaborou Paula Cohn da Digital Trix
Ilustrações: Getulio A. Ferreira