Quando falamos em PLANEJAMENTO aparecem duas grandes dúvidas: perseguir o antigo caminho do correr atrás do prejuízo (apagar fogo, consertar o estrago, consertar os defeitos, etc), ou agir preventivamente evitando o prejuízo. Todos sabemos o custo de cada uma das opções, mas a prática nos tem mostrado que nossa opção tem sido freqüentemente orientada ao vamos fazer já, não temos tempo para ficar planejando.
O antigo e muito interessante filme, O Gerente Desorganizado (Siamar) toca neste assunto de forma magistral. Richard Louis, o personagem principal da obra, prefere se embolar nas tarefas do dia-a-dia, correr atrás dos problemas, fazer tarefas dos funcionários (falta de delegação e confiança), entre outras ações, que ele considera urgente, do que praticar a delegação e o planejamento bem estruturado com vistas a obter melhor produtividade na empresa. Resultado: O nosso personagem, em meio ao caos administrativo, sofre um infarto e vai para o céu onde é recebido com desconfiança por São Pedro o dono da chave do paraíso. A finalidade do filme, dividido em dois módulos, A Maldição (diagnóstico do comportamento do gestor) e A Salvação (Soluções apontadas para a melhoria da produtividade do gestor), é a de promover uma grande e profunda reflexão sobre a necessidade de Planejar e Agir no sentido da realização de projetos e atividades de forma produtiva e organizada.
Considerando que o cenário do filme é o ambiente da velha Inglaterra, podemos dizer que o problema não é apenas nosso, ou seja, tem muita gente pelo mundo a fora preferindo a CORREÇÃO ao invés de optar pela PREVENÇÃO e pelo planejamento bem feito, participativo e bem conduzido na organização.
Fica então a pergunta por que tanta ênfase na correção e no sistema fazer e consertar? No meu entendimento, a correção tem um efeito de estar preocupado em corrigir os problemas, afinal somos pagos para resolver problemas, e esta preocupação vai gerar uma ação salvadora do chefe, e ele geralmente gosta de se sentir o salvador da pátria (Vejam post anterior sobre o Don Pepino e o Matador de Jacarés). Corrigir problemas dá um tremendo Ibope e o cara pode ficar famoso. Quem resolve muitos problemas acaba virando um super chefe, e outras explicações por aí. Infelizmente, a prevenção raramente dá grande ibope pois ela é silenciosa e discreta.
Na prática da rotina diária todos nós temos que resolver os problemas que aparecem, e isto é verdade. Não há o que discutir. O que devemos discutir é se tudo que precisamos fazer é considerado URGENTE, URGENTÍSSIMO (Tarefas Reativas), e quando é que teremos tempo para fazer as coisas IMPORTANTES (Tarefas positivas, ativas) prevenção de problemas (que não dá tanto Ibope), novos projetos, inovação, visão de futuro… ? Quando?
As alternativas apontam para uma nova postura. Precisamos dar uma olhada nas metodologias gerenciais dos grandes líderes, nas boas práticas das melhores empresas, nos casos de sucesso de organizações vencedoras para entender os motivos que levaram aqueles ou aquelas organizações bem sucedidas encontrarem tempo para PREVENIR, PLANEJAR E AGIR no sentido das soluções do presente e dos grandes desafios do futuro. Acredito que a mudança do paradigma do chefe bombeiro apagando incêndios para o líder visionário e realizador de uma nova ordem organizacional deve passar por um novo sistema educacional.
Concluindo, coloco uma questão extra, referente ao processo da EDUCAÇÃO na discussão do PLANEJAMENTO EFICAZ. Surgiu recentemente uma listagem com as 50 cidades mais violentas do mundo (ou seja, problemas aos montes que precisam de correção). Se pegarmos cada uma delas e verificarmos o índice educacional respectivo, veremos claramente uma correlação positiva entre baixo índice educacional com altos índices de criminalidade. Nada é tão importante ao planejamento e visão de futuro do que a boa educação.
Pensando e vivenciando o Planejamento, é preciso que fiquemos de olho nas estatísticas para não haver enganos, nem hoje e nem no futuro. A Revista Veja 2250 apresenta uma reportagem sobre o desempenho Brasil no mundo. Os meios de comunicação fizeram grandes manchetes: Brasil sobe para o 6º. Lugar no PIB total, abaixo apenas de USA, China, Japão, Alemanha e França. E os outros indicadores não divulgados? Por exemplo: PIB per capita: 47º. Lugar. IDH, 84% (inclui a educação, expectativa de vida e renda) e por fim, um outro indicador, o da Publicação de Artigos Científicos: estamos no honroso 13º. Portanto não se iludam com este 6º. Lugar, pois temos muito o que PLANEJAR E AGIR no sentido de um país pleno com empresas e organizações públicas com qualidade e bons resultados para mostrar.
Como diz o amigo Mangabeira, a luta é grande!
Boa reflexão Getúlio, atuo nessa área e concordo contigo que temos um longo caminho a percorrer e “a luta é grande!”.
Sempre digo aos meus alunos e colegas de implantação: “planejamento sem ação é sonho”. Com o gerenciando resolvemos problemas, planejando antevemos soluções.
Abraço e parabéns.