No 1º Fórum Brasil-Espanha, ministro Gilberto Kassab destacou que, a partir de 2019, os dois países estarão unidos por 10 mil km de cabos submarinos com fibra óptica de alta capacidade para comunicação de dados ágil e segura.
Brasil e Espanha têm consciência de que investimentos em pesquisa geram oportunidades para enfrentar crises econômicas. A avaliação é do ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, que participou do 1º Fórum Espanha‐Brasil, nesta última segunda-feira (24), em São Paulo (SP).
Kassab ilustrou a vocação brasileira em tecnologia digital com os exemplos do sistema de declaração de Imposto de Renda via internet, das eleições com urnas eletrônicas e dos avanços em automação bancária. “Todas essas situações demonstram que vale a pena continuarmos a acreditar em pesquisa e que precisamos cada vez investir mais recursos públicos e privados em ciência”, disse. “E mais do que isso: parcerias são fundamentais para um desenvolvimento mais rápido, para que a gente possa promover intercâmbio de conhecimento e potencializar o que acontece aqui e em qualquer canto do mundo.”
O ministro enfatizou ter “plena convicção” de que parcerias recentes têm aproximado Brasil e Espanha em pesquisa e comunicações, ao lembrar que, em 2017, o país europeu recebeu delegações com dirigentes da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do próprio Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), ao lado da Embratel. “Nós temos oportunidade de investimentos importantes para fortalecer os campos das políticas públicas de inovação, da infraestrutura e da formação de pessoal.”
Parcerias
Nas palavras de Kassab, a parceria mais emblemática é a construção de 10 mil quilômetros de cabos submarinos entre Brasil e Europa, anunciada nesta segunda. “Nossos países estarão unidos por fibra óptica a partir de 2019, fazendo com que a comunicação de dados seja mais ágil e segura”, comentou, em referência ao projeto EllaLink, que ligará diretamente Fortaleza e São Paulo a Lisboa e Madri. A empreitada terá capacidade total de 72 terabits por segundo (Tbps).
Fornecida pela Alcatel Submarine Networks, a rede já possui estações em Praia Grande (SP), Fortaleza e na cidade portuguesa de Sines. A conexão chegará por via terrestre, em um anel protegido de fibra óptica, a datacenters de São Paulo e das duas capitais ibéricas. A infraestrutura poderá ainda se conectar, em seu caminho oceânico, aos arquipélagos das Canárias, da Madeira e de Cabo Verde. Um dos objetivos do projeto é servir às comunidades de pesquisa da América Latina e da Europa.
Atualmente, oito cabos submarinos ligam o Brasil a outros países: sete direcionados para os Estados Unidos e apenas um para a Europa – ainda assim tecnologicamente superado e com menor capacidade.
Edital
Kassab adiantou que a Finep prepara uma chamada pública com o Centro para Desenvolvimento Tecnológico Industrial (CDTI), da Espanha, a fim de apoiar projetos inovadores a serem realizados por consórcios que reúnam empresas e instituições de ciência e tecnologia (ICTs) brasileiras e espanholas. “Esses convênios vão proporcionar investir recursos em questões específicas, que efetivamente devem contribuir para gerar soluções de infraestrutura aos dois países, com modernizações, aperfeiçoamentos e técnicas de produção.”
Em março, Finep e CDTI firmaram ainda a decisão de estabelecer fluxos de intercâmbio de pessoal técnico entre suas sedes, no Rio de Janeiro e em Madri, com vistas à troca de conhecimento sobre metodologias e práticas de apoio. Outra parceria prevê a colaboração entre as ICTs integrantes do Sistema Nacional de Laboratórios em Nanotecnologia (Sisnano) e do Imdea Nanociencia, unidade do Instituto Madrilenho de Estudos Avançados (Imdea).
O terceiro convênio destacado pelo ministro inclui a Fapesp e concentra-se na formação de recursos humanos, por meio do financiamento de bolsas de estudo. “Temos essa oportunidade de levar brasileiros à Espanha e, com isso, participar diretamente dos projetos em que estamos envolvidos”, explicou. “E a recíproca é verdadeira, com a vinda de espanhóis ao nosso país.”
Fonte: Ascom MCTIC