Mais uma espetacular contribuição do amigo Omar Souki para o Gestão & Resultados, veja:
Eu cursava o doutorado em comunicação na Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, quando Pamela, minha ex-esposa, me disse: “Você precisa mesmo estudar comunicação. porque não sabe se comunicar!”. Estava tão focado nos estudos que não valorizei aquele comentário. Enfim, na universidade eu não era cobrado pelo que eu era em casa, mas sim, pelo meu desempenho nas matérias cursadas. Além disso, eu não estava estudando comunicação interpessoal, mas sim, comunicação de massa (rádio, televisão e jornais). Mas, à medida que o tempo passa, mais valorizo o diálogo, tanto em casa, quanto no trabalho.
O que vem a ser o diálogo? “Fala ou colóquio entre duas ou mais pessoas, conversa, troca de ideias. Contato ou discussão entre duas partes em busca de acordo”. O oposto do diálogo se expressa naquele ditado que ouvíamos na infância: “Manda quem pode. Obedece quem tem juízo!”. Embora, ainda vejamos isso acontecer nos lares e nas empresas, esse não é o caminho recomendado para a harmonia e a produtividade. Pelo contrário, quanto maior for a troca de ideias, melhores serão os resultados na vida e nos negócios.
Para que haja interação entre nós e os outros é importante que estejamos dispostos a investir em nossos relacionamentos. O diálogo não surge espontaneamente. É preciso querer escutar o outro. Há pessoas que têm mais facilidade para o diálogo. Em geral, são aquelas que vieram de lares onde essa prática era observada, ou que desenvolveram essa sensibilidade através de seus estudos. O que é necessário para que haja diálogo?
1. Valorização da harmonia. O que é a harmonia? A paz. Jesus enviou os seus apóstolos para que levassem a paz. Nos lares em que houvesse abertura para a paz, ela permaneceria ali. Se não houvesse, a paz voltaria para os apóstolos.
2. Ter paciência para escutar. Quando a pessoa valoriza a harmonia, ela aceita o outro como ele é. Não como ela gostaria que ele fosse. A aceitação é traduzida pela escuta. Aqueles que escutassem a mensagem de Cristo—que estivessem abertos ao diálogo—receberiam a paz.
3. Ter humildade. É aceitar que não temos todas as respostas. Entender que o outro tem direito de pensar diferente, de almejar algo que foge à nossa compreensão. Dependendo da forma com que as pessoas foram criadas, elas desenvolvem visões de mundo diferentes. Ter humildade para escutar seus pontos de vista e chegar a um acordo é fundamental.
4. Dar de si, antes de pensar em si. Esse é o lema do Rotary Club e é também uma das coisas mais difíceis de colocar em prática: pensar primeiro no outro, depois em nós mesmos. Por mais paradoxal que pareça, isso só acontece quando nos amamos profundamente. O amor ao próximo se maximiza quando—através da fé em Deus—alcançamos enorme autoconfiança. Exemplos: Mahatma Gandhi, Martin Luther King, Madre Teresa, Irmã Dulce, Padre Libério, etc.
O sustentáculo de nossos relacionamentos é o diálogo. Algo que pode ser conquistado quando nosso objetivo é viver em harmonia com os demais. A harmonia se desenvolve à medida que cultivamos a paciência de escutar. Para isso, é preciso que tenhamos a humildade de valorizar os outros e as suas necessidades e aspirações.
Omar Souki, engenheiro, escritor e palestrante com atuação em todo o país e no exterior.