Participação especial do amigo e colaborador do Blog Gestão e Resultados, Robson Melo.
ESG é o que bem recentemente se convencionou chamar de orientação para os investimentos de sustentabilidade.
Sustentabilidade, conceito para um desenvolvimento que busca equilibrar as dimensões econômica, social e ambiental, agora e para as futuras gerações. Em outras palavras, deixar um legado, e este deve ser bom.
Já faz décadas, uns 75 anos, que este patamar de responsabilidade com o Planeta e a Humanidade vem sendo construído. Muito tempo? Depende. Se revisitarmos as civilizações pre-contemporâneas, não. Mas se ficarmos na contemporânea, a caminhada parece ser muito lenta.
ESG diz respeito a orientar os investimentos com atenção ao Desenvolvimento Sustentável e, portanto, o desenvolvimento civilizatório, com boa Governança, além de cuidar para que o meio ambiente esteja equilibrado com as demandas da Sociedade ou Humanidade. Enviroment, Social and Governance, a sigla em inglês.Por que uma linha do tempo para chegar à moda ESG? Fundamentalmente, para reconhecer que o processo civilizatório com o que a Humanidade pactuou há 75 anos, tem passos de uma caminhada que precisam ser recordados. E para também fazer justiça com alguns abnegados pregadores desta boa nova, predecessores do ESG.
Desde o fim da 2ª Guerra Mundial, em 1945 surge a ONU -Organização das Nações Unidas- para manter a estabilidade entre os países, ou seja, a paz, mediante a cooperação econômica, social, cultural e humanitária. Inicialmente 50 países, hoje 193. Surge daí o Direito Internacional, estabelecido através de acordos para o interesse comum, quais sejam, paz, segurança, proteção ambiental e desenvolvimento social.
ESG não nasce do sistema financeiro por “geração espontânea” neste setor. É fruto de outros acordos multinacionais, começando pelo propósito da paz, passando pela organização do trabalho, este como fonte de dignidade (vide OIT), pela qualidade de serviços e produtos (vide ISO), pela proteção ambiental (vide PNUMA), por financiamentos sócio e ambientalmente responsáveis (vide Princípios do Equador) e seus derivados. Então, agora, tudo isso no termo ESG para dar balizamento no mercado de ações.
OIT – Organização Internacional do Trabalho, a primeira agência especializada da ONU em 1946; a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948); a Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio (1948); a Organização Mundial da Saúde (1948); o Tratado para Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (1965); o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (1972); a Convenção sobre os Direitos das Crianças (1989); a Declaração sobre Justiça Social para uma Globalização Equitativa (2008)…
Pulei, aqui nesta linha do tempo, a Organização Internacional de Normalização (1947), para agora conectar e render homenagens aos gurus da Qualidade, de Dr. Deming em 1954 no Japão, passando por Juran, Ishikawa até Falconi no Brasil.
Do Dr. Deming nasce o fundamento de qualquer empreitada, seja da Qualidade, da Economia, da Sustentabilidade, enfim, da paz e bem para todos, a firmeza de propósito, hoje chamada de Governança, com a regência da cúpula, isto é, da liderança de seus idealizadores, investidores, conselheiros e gestores.
A governança, destacada na sigla ESG, é a constância de propósito, o 1º Princípio de Deming, dentre os 14 ensinados por esse “papa” da Qualidade. Trazendo para os termos ambientais, é não se deixar contaminar por greenwashing, ou maquiagem verde, que só aparece na peça publicitária e não encontra sustentação no dia-a-dia empresarial, organizacional, ou da política pública.
Olhar sobre este passado, aqui “linha do tempo”, traz satisfação. Os gurus e nosotros seus discípulos não pregamos no deserto. E mais, não é de hoje…!
Por fim, 10 anos do blog Gestão&Resultados precisa ser comemorado nesta retrospectiva salutar de uma caminhada pela Qualidade, ampla, geral e irrestrita, com cujo criador, o Getúlio Apolinário Ferreira, caminhamos.
Venham mais 10 anos! Firmeza de propósito!
Robson Melo é Consultor para a Sustentabilidade, engenheiro na indústria, tendo participado de ensinamento direto na JUSE (Japanese Union of Scientists and Engineers), com Dr. Ishikawa.
Ilustrações: Getúlio A. Ferreira