O que o mercado imobiliário pode nos ensinar sobre profundas mudanças no pós-Covid?

Transformações no panorama do mercado imobiliário no pós-Covid são muito mais profundas do que as já constatadas mudanças de hábitos de clientes, corretores e empresas. No contexto geral, todo mundo já percebeu que a pandemia mudou as regras do jogo, mas não me refiro somente ao atendimento, às estratégias de marketing, utilização das Redes Sociais ou às inovações tecnológicas que dinamizam a performance das construtoras, corretores e satisfação do cliente. Hoje, no IMVC Vender, vou mais além.

O que quero ressaltar é que os impactos do pós-pandemia serão tão profundos que ainda estamos na superfície, talvez nem tenhamos nos atinado ainda.

Estou falando da estrutura das cidades que serão erguidas e isso envolve a necessidade de uma revisão do planejamento urbano, com novas formas de trabalho, lazer e circulação, além de mudanças no modelo de mobilidade urbana e melhores condições de moradia.

Quem vai falar sobre esses assuntos é o Ary Bastos, um dos maiores especialistas em incorporação imobiliária. Ary acompanhou todas as mudanças nos últimos 30 anos do mercado imobiliário e, por ser uma pessoa consultada pelos planos diretores do Espírito Santo, tem muito a nos dizer sobre tais tendências.

Acompanhe a entrevista exclusiva:

No Espírito Santo, olhando a nossa demografia, especialmente a Grande Vitória e áreas adjacentes, você enxerga um mar de oportunidades para um novo mercado imobiliário? Quais serão os verdadeiros desafios a serem enfrentados?

Ary Bastos: O grande desafio de incorporadoras e loteadoras vai ser encontrar a adaptação do novo conceito de moradia. As unidades imobiliárias deverão ter espaços maiores. A versão gourmet da varanda ganha ponto para que a família possa desfrutar da gastronomia. Nos apartamentos, varandas com piscinas, para atender de forma individual a qualidade de vida das pessoas. Os espaços que antes estavam sendo minimizados, terão de ser redimensionados para que haja maior conforto. Há um movimento de migração das pessoas para casas, loteamentos e chácaras porque a pandemia desperta a busca por essas moradias. Loteamentos e condomínios horizontais vão ter que ganhar espaços comerciais, pois as pessoas não vão querer se deslocar por longas distâncias.

Muitos empreendimentos já estavam preparados para serem lançados sem o impacto pandêmico que vigorou nos últimos 120 dias. Como você acha que devem se comportar as loteadoras e as incorporadoras frente a esse panorama e como essas empresas podem readaptar seus produtos dentro dessa nova realidade?

Somente a adaptação irá mostrar os novos caminhos para o mercado imobiliário. Loteadoras e incorporadoras terão de buscar e proporcionar mais qualidade de vida para os clientes. Espaços como a varanda, área para entrega do delivery, salão de festas, sanitários, sala gourmet para encontros restritos, cozinha, sala, acredito que tudo será redimensionado dentro desse novo conceito. O loteamento, com certeza, terá que abrigar o conceito de bairro autossuficiente, com área business e comercial para evitar deslocamentos até o trabalho, supermercado, médico ou escola, por exemplo. Os loteamentos e condomínios horizontais terão de criar alternativas para bens e serviços para que as pessoas não precisem sair do condomínio, elas serão atendidas ali mesmo, tudo próximo e com qualidade.

A Grande Vitória é caracterizada pelos modelos de condomínios verticais. Sabemos que isso não vai mudar da noite para o dia, mas você avalia que construtoras, notadamente conhecidas por dominarem o padrão vertical, irão diversificar suas ações para condomínios horizontais? Quais são as áreas metropolitanas com maior potencial para que isso aconteça?

As construtoras com certeza já estão procurando áreas mais afastadas, menos adensadas, para a construção de condomínios de casas ou até mesmo de prédios em condomínios, com maior espaçamento, dentro do novo conceito do pós-pandemia. É importante pontuar que os Planos Diretores também terão que se readequar a esse cenário pós-pandemia, pois a legislação visa o ordenamento do desenvolvimento urbano da cidade, facilitando a urbanização. Temos acompanhado o êxodo de pessoas que optaram por fixar moradia nas montanhas capixabas, Domingos Martins e Pedra Azul. Outra região muito procurada é a das Três Santas: Santa Teresa, Santa Leopoldina e Santa Maria de Jetibá. O município de Marechal Floriano também. Essas regiões estão sendo muito visitadas pelos incorporadores, visando a construção de condomínios, para oferta de um novo tipo de moradia, tendência no mercado imobiliário, com espaços maiores e maior conforto para o enfrentamento de possíveis novas pandemias.

A tecnologia, antes conhecida apenas no mundo digital, parece estar encontrando profundos meandros na Construção Civil. Você acredita que na área de incorporação, tão tradicional e pouco flexível, existe espaço para o surgimento de novas empresas? Você acha que a tecnologia também mudará a maneira como se faz negócio na área de incorporação?
A tecnologia está vindo no sentido de facilitar a vida do cidadão. Na construção civil não é diferente, temos cada vez mais a inovação para facilitar. A forma de como comercializar, com repassar a informação, o conhecimento do produto, de fazer com que a pessoa possa de fato tomar a decisão mais correta para a compra do imóvel, cada vez mais a tecnologia vai fazer esse papel. Acredito que ainda teremos um avanço muito forte da tecnologia na construção e incorporação. É um caminho sem volta. É necessário que todos os profissionais do segmento imobiliário estejam preparados para o avanço da tecnologia.

Se você quer continuar acompanhando o que muda no cenário das cidades após a pandemia, liga o radar no “Imóvel pra Você”! Aqui você recebe informações para enfrentar mudanças no seu estilo de vida de forma assertiva, junto com o mercado imobiliário.

Vamos juntos!

Thiago Abreu

@ContadoAbreuOficial

 

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