Ruas arborizadas e um cantinho bucólico. Foto do blog.

 

O mundo contemporâneo transformou a forma das pessoas lidarem com quase tudo. A tecnologia avançada modificou as relações de trabalho, a mobilidade hoje é possível em escala global, as relações interpessoais se intensificaram pelas plataformas digitais. O conceito de morar também foi modificado, não só pelos avanços tecnológicos citados, mas também pela verticalização das cidades.

 

Mas uma coisa não se perdeu. O desejo humano da experiência comunitária e de pertencimento a um espaço. Não apenas morar em uma determinada localidade, mas fazer parte do lugar, construir uma memória afetiva. Uma experiência que, convenhamos, nem todos os lugares são capazes de oferecer. Dessa forma, o desejo cada vez mais levado em conta na hora de adquirir um imóvel é encontrar um recanto onde se possa, mais do que residir em um apartamento, se conectar ao entorno, suas ruas e bares, a presença reconhecida do cotidiano nas pessoas da vizinhança, aquele “bom dia” ou “boa tarde” corriqueiro que dizem muito mais…

 

Em Vila Velha, existe um lugar assim. Fica na Praia da Costa, mas é quase que um bairro à parte. É o Parque das Castanheiras, um conjunto de quadras, num território pequeno entre o final da praia da Sereia, os pés do Morro do Moreno e o Canal da Costa, fazendo divisa com a Vila Militar.

O Morro do Moreno. Foto do blog.

 

O SURGIMENTO

O Parque das Castanheiras surgiu na década de 70, quando ali só existiam as casas dos oficiais militares que atuavam no 38º B.I. O entorno era uma extensa área desabitada, quando uma construtora da época fez um loteamento, inicialmente com 60 casas. Foi então a iniciativa privada que deu início à ocupação do lugar, tendo sido inclusive responsável pela instalação do saneamento (rede de esgoto).

 

Das primeiras 3 quadras, o loteamento foi crescendo, vieram os anos 80, a prefeitura investiu na infraestrutura (calçamento), os primeiros edifícios foram sendo erguidos, e dos anos 90 em diante cada vez mais gente foi descobrindo o Parque das Castanheiras, e se encantando pelo diferencial de qualidade de vida. Um dos primeiros moradores é o seu Gilson Pacheco, que foi proprietário da construtora Direção, que deu origem ao loteamento. “Aqui eram casas com enormes quintais, alguns pareciam chácaras, tudo muito florido e arborizado”, conta. De fato, alguns terrenos possuíam 2 mil m² de área.

 

BUCOLISMO

O tempo passou, veio a verticalização, mas o Parque das Castanheiras jamais perdeu o charme bucólico que o caracteriza, diferentemente de outros bairros da Grande Vitória. O urbanismo convive com ruas repletas de árvores (muitas delas, as castanheiras que dão nome ao local), com o Morro do Moreno pertinho oferecendo um cartão postal vivo aos olhos, assim como a colina do Convento da Penha, que se visualiza de diversos pontos.

Visagem do Convento da Penha. Foto do blog.

 

Foi esse bucolismo que atraiu Fred Salvador, empresário que se mudou para o Parque das Castanheiras em 2015. “Eu curto natureza, vou sempre fazer trilha no Morro do Moreno, a praia é aqui pertinho também, e há uma estrutura que favorece a prática de esportes. Depois, notei que, pelas ruas, as pessoas olham no olho, passam a te reconhecer e, se gostarem de você, te acolhem como eu nunca tinha visto”, diz.

 

COMÉRCIO E SERVIÇOS

Fred também reparou que havia poucos restaurantes na região (eram 3 ) e decidiu investir nesse potencial. Ele abriu o Don Aguilar em junho de 2017, com o conceito de integrar o espaço ao ambiente charmoso do bairro. Assim, obteve licença do Município para fazer um parklet, uma novidade até então. O restaurante é inspirado nas casas de “parilla” argentinas e uruguaias, e o nome é uma homenagem ao pai de Fred, falecido recentemente. Ele conta que, em breve, a casa vai oferecer um vinho chamado “Aguilar Blend”, produzido com exclusividade pela vinícola Arte Viva, do Rio Grande do Sul.

Parque das Castanheiras tem um polo gastronômico. Foto do blog.

 

Hoje, além do Don Aguilar, o Parque das Castanheiras possui um corredor gastronômico, com variadas opções, tudo de muita qualidade e bom gosto, sem perder o charme de um cantinho aprazível e tranquilo. Além de restaurantes, há bares e cafeterias, que se tornaram opção para toda a cidade e também gente de Vitória e outros municípios, mas que são frequentados assiduamente em sua maioria por moradores do Parque das Castanheiras, que podem desfrutar dos serviços a poucos metros de onde vivem.

 

Além disso, o Parque das Castanheiras tem uma rede de serviços de padarias, redes de farmácia, diversas escolas no entorno, seja na Praia da Costa ou no Centro, num raio de 1 km de proximidade, o que torna o lugar ainda mais interessante para viver e criar os filhos.

 

MELHORIAS

Toda essa potencialidade exigiu do Poder Público mais investimentos. Recentemente, o Governo do Estado deu início a uma intervenção que vai aprimorar o fluxo de trânsito, por meio de melhorias em diversas ruas, um investimento de cerca de 3 milhões e meio de reais.

Obras do Governo do Estado melhoram a infraestrutura viária. Foto do blog.

 

VIDA SAUDÁVEL

Sem contar a praia, que oferece uma infraestrutura para a prática de diversos esportes. Outro morador do Parque das Castanheiras, Rafael Paganoto enfatiza essa característica. “Eu caminho pela orla e vejo gente fazendo caminhada, correndo, fazendo ciclismo, jogando vôlei de praia, futevôlei, praticando natação, canoa havaiana, é uma academia a céu aberto”, brinca Rafael, que é publicitário e não esconde o amor que sente pelo lugar.

 

Não bastasse tudo isso, nas manhãs de sábado é possível ter acesso a produtos da agricultura familiar capixaba, na feira orgânica que acontece na rua Maria da Penha Queiroz. São frutas, verduras e outras hortaliças sem agrotóxico, fresquinhas porque colhidas horas antes da comercialização, e vendidas diretamente por quem produz, além de ovo caipira, mel, pães, bolos e doces.

 

A conscientização sobre a importância de ter qualidade de vida, de pertencer a um território com sentido comunitário, viver e não apenas morar, ter e guardar experiências, todos esses valores têm levado cada vez mais gente a olhar com mais interesse para lugares como o Parque das Castanheiras, em Vila Velha.