Como o FGTS Futuro impacta a construção civil?  

Alex Pandini

Reprodução. Crédito: Super Engenharia.

 

O Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) autorizou no final de março uma novidade: o uso do FGTS Futuro em financiamentos imobiliários. O objetivo é que a população de baixa renda tenha mais acesso à casa própria. O valor do FGTS a ser recebido poderá ser usado para ajudar a pagar as prestações de imóveis adquiridos no Minha Casa, Minha Vida (MCMV). São beneficiadas as famílias com renda mensal de até R$ 2.640 (dois salários mínimos). A expectativa é que cerca de 60 mil famílias com renda até dois salários mínimos sejam beneficiadas por ano. A nova modalidade só poderá ser utilizada para novos financiamentos.

 

O blog traz hoje a análise de Eduarda Tolentino, CEO da BRZ Empreendimentos, incorporadora com sede em Belo Horizonte. Para Eduarda, com a aprovação da medida a situação vai favorecer o fechamento de contratos no setor. “Atualmente, os bancos permitem que o cliente comprometa até 30% da sua renda para financiamento habitacional. Caso tenha uma aprovação condicionada entre 20% e 29% dos seus ganhos, a medida estabelece o complemento dessa condição com o FGTS Futuro, aumentando assim o acesso ao crédito”, diz.

 

EXEMPLO

Eduarda Tolentino exemplifica com a seguinte situação: um cliente que ganha R$ 2.640,00 poderia comprometer até R$ 792,00 para pagamento da prestação, com um financiamento liberado de R$ 157.900,00. Caso o banco aprove 25% do seu comprometimento de renda, ou seja, R$ 660,00 de prestação, o crédito liberado seria de R$ 145.000,00. O FGTS Futuro, neste caso, permitirá que o indivíduo complemente a porcentagem não liberada pelo banco com os depósitos mensais. “Isso faz com que o cliente tenha a capacidade de pagar por mês R$ 792,00, sendo que R$ 132,00 serão caucionados por meio dos depósitos futuros do FGTS, bem como o valor de financiamento total. Essa medida significa uma ampliação aproximada de 8% no poder aquisitivo das famílias”, explica a especialista.

 

Eduarda Tolentino, CEO da BRZ Empreendimentos. Foto divulgação.

 

CONSTRUÇÃO CIVIL

Eduarda avalia que, diante desse panorama, “a demanda por produtos e serviços imobiliários dispara, dando um sinal verde para as companhias investirem com força em novos projetos. A medida também impacta a economia geral, visto que, com o aumento da procura por moradia, cresce a abertura de novas vagas de emprego. E com mais pessoas empregadas, mais o dinheiro gira no país. Sem falar que a construção civil está no topo dos setores que mais empregam no Brasil.

 

“Outro ponto positivo é a possibilidade de ampliação de atendimento das faixas do Minha Casa, Minha Vida. Inicialmente, apenas a faixa 1 está contemplada, porém o plano governamental é expandir o atendimento para a faixa 2, que atende rendas de até R$ 4.400,00, e faixa 3, que abrange ganhos de até R$ 8.000,00. Com o aumento do limite, cresce o leque de tipos de empreendimentos que as construtoras poderiam investir com maior segurança. Mas para chegar a esse patamar, é preciso que o CCFGTS (Conselho Curador do FGTS) aprove as regras em andamento, o que está sendo aguardado pelo mercado ainda para o primeiro semestre de 2024.

 

NUANCES

“Caso a pessoa consiga aumentar a sua renda no trabalho, ela automaticamente passa a receber uma parcela maior do FGTS. Dessa forma, todo o valor a mais depositado será utilizado para a amortização da dívida, trazendo mais segurança para o cliente, o banco e as construtoras. Agora, se a parcela de FGTS depositada for menor, o banco fará a incorporação do saldo restante ao montante contratado, diluindo a diferença no prazo total.

 

“Por enquanto, o único aspecto preocupante, visto como um desafio pelo mercado, diz respeito aos casos de demissão do funcionário. Na prevenção desse possível risco, a CEF propôs a suspensão do pagamento da parcela por até seis meses e a incorporação dos valores suspensos na dívida total. A ideia tem o propósito de dar uma margem para que o profissional retorne ao mercado de trabalho e volte a fazer o pagamento com os depósitos do FGTS”, de acordo com a CEO da BRZ Empreendimentos. 

 

Eduarda finaliza dizendo que, em conversas com outros players da construção civil, as empresas já estão em movimento para expandir o portfólio de ofertas e aguardando a extensão do programa para as demais faixas. “O setor precisa de demanda para crescer e as pessoas da sua própria casa para morar. Nada melhor do que unir o útil ao agradável”, define. 

 

SOBRE A BRZ EMPREENDIMENTOS

A BRZ Empreendimentos é uma incorporadora nascida em 2010, em Belo Horizonte. A inovação está no DNA da companhia, que investe fortemente em ações de tecnologia dentro de seus projetos. Despontando como liderança no sudeste brasileiro, a empresa chegou à marca de 100 lançamentos imobiliários em 2022. 

Foto de Alex Pandini

Alex Pandini

Alex Pandini é jornalista, tem 53 anos e mais de 3 décadas de experiência profissional em rádio, jornal, TV, assessoria de imprensa, publicidade e propaganda e marketing político. Além de repórter e apresentador na TV Vitória, é responsável pelo conteúdo da plataforma ConstróiES.