Construção enfrenta desafios com envelhecimento da mão de obra

Alex Pandini

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A mão de obra é motivo de preocupação para a maioria dos empresários da construção civil. Atualmente, o número de entrantes para trabalhar no setor é muito pequeno em relação ao que era no passado. Há um envelhecimento na idade média de ajudantes, carpinteiros, mestres de obra e engenheiros.

 

Com base nos dados da Rais – Relação Anual de Informações Sociais -, fica evidente que o setor não está atraindo tantos jovens para trabalharem nos canteiros de obra como no passado. De 2015 a 2022 houve redução de 9,33% no número de empregados com carteira assinada com idade até 39 anos. Já o número de trabalhadores com 40 anos ou mais subiu 13,99% no mesmo período, no Espírito Santo.

 

Essa realidade não é constatada apenas na indústria da construção capixaba. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que a idade média dos trabalhadores em obras no Brasil era de 37,4 anos em 2012. Em 2023, esse número subiu para 41,2 anos.

 

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Diferentes fatores explicam esse envelhecimento da mão de obra, dentre eles, o aumento da expectativa de vida no Brasil. Em 2012, a expectativa de vida era de 74,8 anos. Em 2023, esse número subiu para 77,3 anos. Isso significa que as pessoas estão vivendo mais tempo e, consequentemente, trabalhando por mais tempo.

 

Outro fator é a diminuição da natalidade. A taxa de natalidade no Brasil vem diminuindo nos últimos anos. Em 2012, a taxa de natalidade era de 2,0 filhos por mulher. Em 2023, esse número caiu para 1,7 filhos por mulher. Isso significa que há menos jovens no mercado de trabalho, o que contribui para o aumento da idade média dos trabalhadores.

 

A formalização do mercado de trabalho também pode ser considerada fator para que o público 40 mais esteja mais presente nas obras. O mercado de trabalho brasileiro vem se formalizando nos últimos anos. Isso significa que mais trabalhadores estão registrados em carteira, o que lhes dá acesso a direitos como aposentadoria e seguro-desemprego. Isso faz com que os trabalhadores permaneçam no mercado de trabalho por mais tempo.

 

Foto Elsa Fiúza Agência Brasil.

 

A questão, de acordo com o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Espírito Santo (Sinduscon-ES), Douglas Vaz, é como fazer com que o setor seja atrativo para a mão de obra mais jovem. “Sabemos que precisamos fazer a indústria da construção se tornar mais moderna e mais industrializada. A tecnologia é o caminho para que a indústria aumente a produtividade e o bem-estar dos trabalhadores, para que volte a motivar pessoas em início de vida ativa profissionalmente”.

 

Além de atrair mão de obra mais jovem, ainda é preciso qualificar. Esse tema foi analisado no Mapa do Trabalho 2022-2025, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em que calcula que 9,6 milhões de trabalhadores precisam ser qualificados para ocupações industriais no Brasil. Desse total, pelo menos 2 milhões se referem à capacitação inicial – ou seja, preparar pessoas para preencher novas vagas ou repor desligamentos.

 

A mesma CNI, em outro estudo, constata que cinco em cada 10 indústrias no país enfrentam falta de trabalhador qualificado. Mas, como lidar com esse déficit de mão de obra? Mais ainda: como atrair um novo público – jovens, principalmente – para atividades em ambientes longe do ar-condicionado do escritório ou da comodidade do home office?

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Alex Pandini

Alex Pandini é jornalista, tem 53 anos e mais de 3 décadas de experiência profissional em rádio, jornal, TV, assessoria de imprensa, publicidade e propaganda e marketing político. Além de repórter e apresentador na TV Vitória, é responsável pelo conteúdo da plataforma ConstróiES.