Obras nacionais podem ser mais rápidas e baratas a partir de 2024
A partir do próximo ano, os grandes programas governamentais de habitação, mobilidade e infraestrutura, entre outros, deverão utilizar tecnologia integrada que reduz os custos e o tempo de conclusão das obras, além de contribuir para a descarbonização na construção civil.
Durante reunião interministerial na sede do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do MDIC, Uallace Moreira, destacou a importância estratégica da construção civil para a política de neoindustrialização, que é coordenada pelo vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin.
“A construção civil gera 7 milhões de empregos e tem um efeito extraordinário em toda sua cadeia. Uma cadeia que possui importante papel tanto na inovação, como na sustentabilidade e na transição estratégica, como demonstra o próprio BIM”, afirma ele.
Vale destacar que BIM é a sigla em inglês para “Building Information Modelling” – em português, Modelagem da Informação da Construção. Trata-se de um conjunto de tecnologias e processos integrados que permite a criação, a utilização e a atualização de modelos digitais da obra, de modo colaborativo, servindo a todos os participantes do empreendimento durante o ciclo de vida da construção.
Grandes obras
Na reunião desta segunda, o secretário apresentou a minuta de decreto de reestruturação do Comitê Gestor aos participantes governamentais. O governo também irá ouvir os setores privados ligados ao tema. A expectativa é que o decreto seja publicado até outubro.
“A iniciativa é fundamental para o fomento de pautas importantes relacionadas ao BIM, como a sua introdução nas construções do Minha Casa Minha Vida. Bem como nas obras do Novo Plano de Aceleração do Crescimento; e no aperfeiçoamento da formação nos cursos de engenharia e arquitetura. Da mesma forma, para a estruturação do setor público para contratar obras em BIM, considerando que a nova legislação de licitação e contratos estabelece o uso preferencial desse sistema”, avalia Rafael Codeço, diretor de Desenvolvimento da Indústria de Bens de Consumo Não Duráveis e Semiduráveis do MDIC.
A adoção do BIM também está alinhada a um dos objetivos das missões criadas no âmbito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), que busca adensar as cadeias produtivas com uso de sistemas digitais inteligentes, de acordo com o diretor.
Segundo Codeço, a difusão do BIM terá importante papel na reativação da indústria da construção, que nos últimos dez anos perdeu 22,9% dos postos de trabalho e teve a renda do trabalho reduzida ao menor nível desde 2007.
Redução de custos e de prazos
Com esse projeto, a qualidade do processo da construção aumentará. Bem como a ferramenta permite a compatibilização de diferentes projetos de maneira precisa. Da mesma forma, antecipar a detecção de interferências físicas e funcionais, evitando desperdícios de prazo, custo e materiais durante a execução da obra.
Rafael Codeço destaca os resultados obtidos em projetos da Secretaria Nacional de Aviação Civil em obras de cinco aeroportos regionais pelo método BIM: Maringá (PR), Passo Fundo (RS), Joaçaba (SC), Bom Jesus (PI) e Dourados (MS). “Nessas obras, que totalizaram um investimento aproximado de R$ 260 milhões, não se registrou Termos Aditivos por falhas em projeto”, informa.
Outro caso citado pelo diretor é o de uma escola municipal de Florianópolis (SC), com 5.400 m² de área construída. “Na licitação, previram um prazo de 24 meses para conclusão da construção. No entanto, finalizaram o processo com um ano de antecedência, beneficiando a população local”.
*Por Aline Pagotto, com informações do Portal gov.br