Construção modular é o futuro da arquitetura?
O setor de construção civil é marcado por uma grande diversidade de produtos e sistemas, que variam de acordo com o orçamento do cliente, o local onde a obra será construída e qual a finalidade do projeto. Ao longo dos anos, a indústria da construção civil vem passando por várias mudanças. E um dos novos processos que está ganhando bastante força nos mais distintos mercados consumidores é o Modular Building (construção modular).
Nesse tipo de construção, os módulos são pré-fabricados em ambiente fora do canteiro de obras. Podem ser justapostos ou acoplados e, assim, formar tanto uma edificação vertical quanto horizontal. E, nesse tipo de sistema, você pode acionar ou subtrair módulos sem afetar o resto da operação do edifício, sem necessidade de reforma.
No auge da pandemia, o Hospital Municipal M’Boi Mirim, feito com módulos metálicos, foi levantado na zona sul de São Paulo em apenas 36 dias, se tornando a construção hospitalar mais rápida do Brasil.
Mas, será que a construção modular é o futuro da arquitetura? Vai dominar o setor? Profissionais garantem que esse sistema veio pra ficar e em muitos países já é a tendência mais marcante na construção civil.
Futuro
No Brasil, a mão de obra para a construção civil ainda é muito barata, se comparada aos custos dos países mais desenvolvidos.
A tecnologia tradicional, envolvendo lajota, cimento e britas, apesar de dar mais trabalho, fazer mais sujeira, envolver mais pessoas, ainda apresenta um custo viável, o que acaba atrasando um pouco as mudanças de processos na construção, explica o arquiteto Sandro Pretti.
A favor do sistema modular está a rapidez garantida na entrega das casas feitas no sistema modular tem ganhado cada vez mais adeptos em todo o país e, da mesma forma, no Espírito Santo.
“Já temos visto com mais frequência tanto a demanda por estruturas de containeres em estabelecimentos comerciais e mesmo imóveis para locação; quanto as de cabana, por exemplo, como as que vêm sendo feitas em Domingos Martins”, aponta Pretti.
O arquiteto enfatiza que a tecnologia empregada é mais moderna, com maior assertividade quanto à qualidade do material.
Além disso, os módulos são entregues no local definido pelo cliente praticamente prontos, o que agiliza o tempo de conclusão da obra de forma significativa.
“Entre as vantagens desse sistema, está a garantia de não haver estouro de orçamento nem de cronograma. Se formos considerar uma propriedade para locação, entre 60 e 100 metros quadrados, podemos entregá-la concluída em quatro meses. Enquanto uma estrutura de alvenaria levaria pelo menos oito meses para ficar pronta. Estamos falando de seis meses a mais de ganho”, exemplifica.
Acesso
Em relação às dificuldades que podem ocorrer em relação aos sistema modular, Pretti destaca que é preciso considerar o local de instalação, uma vez que alguns acessos dificultariam a chegada dos módulos. “Tivemos conhecimento de um estabelecimento comercial modular que foi projetado para a região de montanha e houve problema na entrega, pois o acesso ao terreno era muito íngreme e chovia no dia. O caimnhão que transportava o módulo acabou atolando e foi necessário um outro guindaste para retirar o módulo, o que aumentou muito o custo do processo”, conta Sandro, já destacado se tratar de uma exceção. “Via de regra, a garantia de se concluir a obra dentro do orçamento e do cronograma planejado é o principal fator que tem levado clientes a optarem pelo sistema modular”, reitera o arquiteto.
E foi exatamente essa segurança que levou Gabriel Cury, sócio-proprietário do Blu Food Park, na Praia da Costa, a optar pelo conceito de parque de alimentação modular, que conheceu no Paraná. “Tempo é dinheiro e mão de obra precária. Não podíamos correr risco de erro. E o sistema modular nos dava essa segurança. Tínhamos ainda o argumento de que, se o negócio acabasse, poderíamos vender os containeres para qualquer lugar, por se tratarem de cozinhas prontas”, relata Cury. O negócio deu tão certo, que o empresário já estuda outros projetos de construção modular.
Por: Leticia Vieira e Luciene Araujo