Economista alerta para redução da atividade em 2024
Segundo o economista chefe da TM3 Capital, Lucas Dezordi, o Brasil deve se preparar para enfrentar uma redução no crescimento econômico em 2024. As projeções indicam uma desaceleração significativa, com uma expectativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em torno de 1,5%, em comparação com os 2,9% estimados para 2023.
A redução do crescimento do PIB tem influência da elevada taxa de juros reais, que, atualmente, está acima de 7%, ou seja, muito expressiva para que as atividades econômicas possam expandir o seu nível de atividade. Em relação à inflação esperada para 2023, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), é de 4,75%. Para 2024, a expectativa é de 3,9%.
CONSTRUÇÃO CIVIL
De acordo com Dezordi, os setores que serão mais impactados pela política de taxa de juros são os de varejo e a construção civil, principalmente pela dificuldade de crédito e financiamento bancário. “O desafio é criar uma condição macroeconômica mais estável para o Brasil e reduzir ainda mais a taxa de juros em 2024, mais próximo a 8,5%. Isso pode ser possível se a atividade econômica se mostrar mais fraca e a inflação cair. Essa é a grande dificuldade da economia brasileira, voltar a crescer com juros baixos”, pontua Dezordi.
Um cenário ainda distante do ideal para reaquecer a economia terá impacto direto no setor da construção civil, cuja cadeia produtiva se espalha ainda para o mercado imobiliário, metais, vidros, cerâmica, lajota e tijolo, e ainda, decoração, arquitetura e design. Somente na construção civil, foram geradas cerca de 223 mil novas vagas com carteira assinada. No total, o setor emprega atualmente cerca de 2,7 milhões de trabalhadores.
CENÁRIO INTERNACIONAL
Num cenário global, a perspectiva é que o ano de 2024 tenha um menor ritmo de crescimento. Em relação aos Estados Unidos, as projeções apontam para uma desaceleração econômica, com a manutenção dos juros no início do ano em torno de 5,3%. “Se o processo inflacionário começar a diminuir, há expectativa de uma redução marginal na taxa de juros no final do primeiro semestre, possivelmente em 0,25%”, conforme explica Dezordi. Prevê-se que o crescimento econômico dos Estados Unidos seja mais contido no próximo ano.
Dezordi ainda comenta uma certa preocupação sobre a China, destacando que a crise no setor imobiliário pode piorar em 2024. Como a economia chinesa depende muito de investimentos na área da construção civil, o ritmo de crescimento tende a cair e provavelmente a economia asiática não vai conseguir gerar uma expansão do PIB acima de 5%. O ambiente econômico na região pode apresentar uma desaceleração significativa, influenciando as decisões e estratégias econômicas globais.