Energia incorporada: você sabe o que é?
Energia incorporada é assunto sério. Ela se refere à quantidade total de energia utilizada para extrair, processar, fabricar, transportar, instalar e, eventualmente, descartar um material de construção.
O avanço sustentável da industrialização, ainda que num ritmo mais lento do que o ideal, ganha mais espaço a cada dia. Assim, aumenta também a disseminação de soluções econômicas que possibilitam a redução do consumo de materiais, recursos humanos, energéticos, temporais e financeiros em escalas diversas.
E na academia, os estudos acerca do consumo de energia e seu impacto no meio ambiente também ganham mais atenção. Nesse contexto, utilizar a medida de energia incorporada é uma maneira de se qualificar cientificamente os materiais de construção.
Energia Incorporada
Esta energia pode vir de várias fontes, incluindo combustíveis fósseis, energia nuclear e energia renovável, explica o professor de Arquitetura e Urbanismo da Ufes, Augusto Alvarenga. Arquiteto doutor pela Universidade Politécnica da Catalunha, na Espanha, ele aponta importantes motivos para a utilização de materiais de construção com pouca energia incorporada.
O primeiro deles é a redução do impacto ambiental. Afinal, a produção de materiais de construção muitas vezes é responsável por grandes quantidades de emissões de carbono. “Ao usar materiais com baixa energia incorporada, é possível reduzir a pegada de carbono de um edifício”, explica o professor.
Benefícios
Outro ponto importante é que materiais de construção com baixa energia incorporada requerem menos energia para produzir. Portanto, “isso resulta em menores custos totais para os fabricantes e, potencialmente, para os consumidores”, diz. E a lista não para por aí:
- Sustentabilidade: Usar tais materiais pode ajudar a promover uma visão de longo prazo para a sustentabilidade no setor da construção. Isso pode ser especialmente importante à medida que os recursos naturais se tornam cada vez mais escassos.
- Resiliência: Materiais com baixa energia incorporada podem ser mais resistentes a oscilações no fornecimento de energia ou nos preços dos combustíveis fósseis. Isso pode tornar os projetos de construção menos suscetíveis a atrasos ou custos adicionais ligados a essas flutuações.
- Melhoria na Eficiência Energética: Além de usar menos energia na sua produção, alguns materiais de construção com baixa energia incorporada também podem melhorar a eficiência energética do edifício, uma vez concluído. Isso pode levar a economias de energia a longo prazo para os ocupantes do edifício.
Ciclos de Vida
Ao considerar a importância da energia incorporada nos materiais de construção, é crucial considerar toda a vida útil do material, enfatiza Alvarenga. Ou seja, desde a extração e produção até a demolição e descarte. “Isso é conhecido como uma abordagem de ciclo de vida, que pode fornecer uma imagem mais completa do impacto ambiental total de um material de construção”, explica.
E ele cita exemplos de ciclos de vida:
Madeira: A madeira renova-se naturalmente e geralmente requer menos energia para ser processada do que a maioria dos outros materiais de construção.
Bambu: bem como a madeira, o bambu é um recurso renovável que pode ser cultivado e colhido rapidamente.
Pedra Local: A pedra que é extraída localmente pode ter uma energia incorporada relativamente baixa, especialmente se for utilizada sem grandes alterações.
Adobe: O adobe, um tipo de argila, foi usado como material de construção por milênios. É durável e tem excelente qualidade de isolamento térmico.
Concreto reciclado: Ao reutilizar o concreto de edições demolidas, pode-se reduzir a energia incorporada que seria necessária para fabricar novo concreto.