Entrevista: especialista em crédito imobiliário fala sobre financiamento
O sonho da casa própria é um dos maiores desejos de muitas pessoas em todo o mundo. Ter um lar para chamar de seu, decorar de acordo com suas preferências e criar memórias com a família é algo que muitos almejam.
No entanto, nem sempre é fácil realizar esse sonho, especialmente quando se trata do financiamento. E todas as noticias sobre aumento da taxa de juros como a informada pela Caixa Econômica na ultima quarta (12), sempre trazem apreensão.
Nós conversamos com o Ricardo Gava, especialista em crédito imobiliário, sobre o que fazer para conseguir condições mais vantajosas no financiamento.
Confira a entrevista
Constrói ES – Diante do cenário de juros, inclusive com ajuste da Caixa, o que se deve observar antes de buscar um financiamento?
Ricardo Gava – A maioria dos brasileiros sonha com a casa própria, e é preciso levar em conta alguns pontos antes de colocar em prática esse objetivo. Primeiramente, o ideal é realizar uma boa pesquisa de condições para o financiamento.
São diversas taxas e condições presentes no mercado, geralmente oferecidas pelos maiores bancos do país que atuam no financiamento imobiliário.
Uma dica importante é contar com uma assessoria de crédito, que vai avaliar o perfil do cliente, sua capacidade de pagamento, e em seguida, oferecer uma comparação entre as opções ideais para ele disponíveis no mercado.
Essa consultoria não tem custo adicional, já que é remunerada pelo banco que o cliente escolher para seu financiamento. É uma forma inteligente de, entre tantas opções, ter uma orientação precisa e personalizada para as condições de cada um e para poder tirar seu projeto do papel.
Constrói ES – O que se deve comparar, além da taxa de juros, para escolher o modelo ideal?
Ricardo Gava – Um financiamento imobiliário não leva em conta só a taxa de juros, embora ela seja o principal fator para compor o valor a ser pago. O Custo Efetivo Total (CET) do financiamento imobiliário é a verdadeira taxa final, e que é preciso observar.
Ele abrange a taxa de juros, seguros, encargos e tarifas cobrados pela instituição financeira. Portanto, nem sempre a menor taxa de juros significa um custo final menor. Como há indexadores diferentes entre as instituições, o custo dessas tarifas extras pode variar, portanto é preciso estar atento a elas.
A escolha do sistema de amortização também é importante, podendo ser PRICE ou SAC. Pela Tabela Price, as parcelas são fixas do início ao fim. Neste sistema, a maior parte da primeira prestação é formada por juros. Ao longo do financiamento, o valor pago em juros cai e a amortização sobe, mas o valor da parcela é sempre o mesmo.
Já no SAC, é mantido o mesmo valor de amortização durante todo o financiamento, mas diminui o valor pago em juros, o que reduz o valor da prestação durante o contrato. Em ambos os modelos, o cliente tem a possibilidade de quitar o saldo devedor ao longo do financiamento, evitando assim pagar os juros que incidiriam nas parcelas seguintes.
Constrói ES – O financiamento é um projeto de longo prazo. Então como se planejar para não virar dívida?
Ricardo Gava – É importante que a prestação mensal do financiamento imobiliário não ultrapasse 30% da renda bruta mensal familiar. Essa margem de segurança instituída pelo Banco Central diminui os riscos de inadimplência, o que levaria à cobrança de juros e ao risco de se perder o imóvel.
É preciso ter em mente que ele pertence ao banco até o final do financiamento. Um bom valor de entrada ajuda a diminuir o custo final da operação, e para isso, é possível avaliar da utilização do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) que é um grande aliado, podendo ser usado como parte de pagamento do imóvel .
Por Leticia Vieira e Luciene Araujo