Fiscalizar uma obra e garantir a manutenção dela é essencial para evitar graves problemas. Nos últimos 15 dias, dois desmoronamentos de edifícios trouxeram mais uma vez esse debate à tona.

Por isso, a importância das ações de fiscalização, as responsabilidades nas obras e as punições necessárias foram tema do programa Quem Constrói, nesta quarta-feira (19/07), pela Pan News (90,5 FM). O convidado ao Papo com Especialista foi o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia, o Crea-ES, engenheiro Jorge Silva.

Fiscalizar

O presidente abriu a conversa elogiando o papel de informar a população. Nas palavras do convidado, “um excelente trabalho à sociedade de levar as orientações, o conhecimento”. Defendeu que as as pessoas com informação se sentem mais seguras, especialmente nessa área da construção civil, da habitação.

Em seguida, o primeiro ponto técnico foi a responsabilidade do Conselho e como a fiscalização do exercício profissional beneficia a população. Primeiramente, ele explicou que o Conselho é sustentado pelo rendimento oriundo das contribuições de profissionais e empresas devidamente registrado na entidade.

Então, destacou a função. “O Crea age principalmente em cima do exercício ilegal da profissão e da atuação do clandestino. E não é para defender o profissional. É para defender a sociedade população contra os efeitos nocivos do maus profissionais”, apontou o presidente.

O Crea também é o órgão fiscalizar de estruturas em que haverá concentração de muitas pessoas. Por exemplo, a estrutura do Festival de Alegre e do Sambódromo, para os Desfiles das Escolas de Samba de Vitória.

Profissional habilitado

Ele reiterou que todas as construções devem ter um profissional devidamente habilitado, registrado, ou uma empresa especializada. “Porque aí está a segurança na construção ou reforma de um imóvel, evitando danos, colapsos, que podem levar até a morte de pessoas”, disse.

Silva relembrou casos de desabamentos no Espírito Santo que geraram muita polêmica, especialmente por ocorrerem em construções novas. Entre eles, a piscina que desabou sobre a garagem do edifício Parador, na orla de Itaparica, em Vila Velha (2021). Bem como o desmoronamento de condomínio Grand Parc, também de luxo, em Vitória (2016).

Segundo ele, em 99% das ocorrências desse tipo faltou um profissional devidamente habilitado, responsável por aquele tipo de serviço, por aquela obra. “É o que a gente tem verificado nos casos de imóveis que fomos fiscalizar porque apresentaram graves problema elétrico ou hidrossanitário ou ainda sofreram um colapso, um desabamento”, disse.

E acrescentou o fato de ser muito preocupante, uma vez que a maioria das pessoas passa anos e anos juntando dinheiro para adquirir um imóvel.

Resultados 1º semestre

Há dois anos, quando teve início a atual gestão do Conselho, havia muito trabalho a fazer. “Eram 800 mil obras e serviços irregulares nas áreas de engenharia, agronomia e geociência. Hoje já conseguimos regularizar pouco mais de 300 mil desse montante”, enumerou o presidente.

Durante as ações fiscalizatórias, o Crea abriu 8.900 novos postos de tarbalho, ao retirar profissionais não habilitados do mercado. Além disso, eram 23 mil profissionais ativos no Conselho. Atualmente, são mais de 44.700 profissionais atuando de forma regular. Ele conta que muitos órgãos de governo não exigiam especialização para determinadas áreas em suas licitações. E isso mudou. “Por exemplo, obras em redes de esgoto, para as construções das unidades de pronto-atendimento, dos imóveis de modo geral”.

Foco na segurança ao fiscalizar

“A segurança das pessoas no dia a dia, o cuidado com a vida é o foco do trabalho do Crea”, garante o presidente da entidade.

Destacou que o Espírito Santo tem mais de 45 mil barragens, que merecem uma atenção diferenciada. E afirmou que o apoio da população é fundamental. “Quando alguém perceber algum risco, um possível dano à sociedade, comunique o Crea. Só entrar no site do Crea-ES , temos diferentes canais de atendimento“.

O engenheiro ainda afirmou que a ação anteriormente era punitiva. Agora, ela é orientativa, educativa e punitiva. E o foco está em cobrir todo o Estado. “Para você ter uma ideia, nos últimos dois anos e meio, nós crescemos em 31,8% em quantitativo de fiscalizações. Foram mais de 40 mil ações. e somente este ano, mais e 5 mil punições”, enumera o gestor.

A tecnologia foi uma grande aliada nesse processo, incluindo o uso de drones e satélites, além de treinamento de pessoal. Jorge Silva contou que para ampliar ainda mais a ação do Conselho, estão abrindo novas inspetorias. “Em Alegre, Venda Nova do Imigrante, Barra de São Francisco, Serra e Nova Venécia”.

Quem Constrói

Apresentado pelas jornalistas Letícia Vieira e Luciene Araujo, o programa tem uma edição semanal, com duração de 25 minutos.

A cada edição um bate-papo com um especialista do setor, para abordar os mais variados assuntos desse universo, que movimenta a economia nacional. Quem Constrói vai ao ar toda quarta-feira, às 15 horas, na rádio Pan News, 90,5 FM.

O programa debate tudo sobre o setor, traz as novidades e tendências de construção, tecnologia, arquitetura e decoração.

“A indústria da construção é um desses temas que merecem destaque. O programa Quem Constrói aborda os principais desafios e oportunidades do setor”, aponta o superintendente de conteúdo da Rede Vitória, Alexandre Carvalho.

Interatividade

O ouvinte também tem voz no Quem Constrói. Ele pode interagir enviando dúvidas e sugestões de tema que gostaria de ouvir. Da mesma forma, críticas são bem-vindas. A comunicação pode ser feita por e-mail ([email protected]) ou pelo whatsapp – (27) 99953-8614.

A participação dos ouvintes tem crescido a cada semana. “Temos tido um retorno muito positivo. Logo que o programa termina, a gente começa a receber mensagem, principalmente pelo whatsapp”, conta a jornalista Letícia Vieira. Os ouvintes pedem informações adicionais sobre os temas, tiram dúvidas e sugerem pautas.

Confira o programa na íntegra:

Leia também:

Um imóvel desabou: e a manutenção?