Industrialização pode reduzir o déficit habitacional
Déficit habitacional é um problema grave no Brasil. O país tem falta de quase 7 milhões de moradias. Mas, a industrialização do setor da construção é uma ferramenta que pode contribuir com a resolução deste gargalo.
O tema foi destaque durante encontro entre a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a Caixa Econômica Federal e a Secretaria Nacional de Habitação (SNH), nesta terça-feira (4), em Brasília. O evento foi promovido pela Comissão de Habitação de Interesse Social (CHIS), da Câmara. E teve como objetivo o debate sobre novidades nas regras do MCMV, além das novas modalidades operacionais. O encontro contou com a presença de empresários de todas as regiões e a participação de mais de 90 pessoas online.
Déficit Habitacional
A partir da retomada do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), a quantidade de unidades previstas para minimizar a realidade de moradias no país nos próximos 20 anos, é de cerca de um milhão de habitações por ano. A informação dada pela vice-presidente de Habitação da Caixa, Inês Magalhães, acendeu o alerta para a necessidade de uma maior escala de produção.
“Nós ainda não conseguimos avançar muito na industrialização do setor da construção. O crescimento em unidades é um processo intenso que precisa evoluir, e a industrialização pode conduzir isso”, apontou. Da mesma forma, Inês destacou que há expectativa de que a Reforma Tributária, em tramitação no Congresso Nacional, beneficie a pauta.
O presidente da CBIC, Renato Correia, apontou a relação da industrialização do setor com a necessidade de ampliação nos investimentos e de capacitação. “A nossa mão de obra tem diminuído, é preciso investir também na profissionalização”, enfatizou.
Modernização
Ele defendeu que a habitação é a porta de entrada de todos os outros direitos do cidadão. Bem como destacou que o setor está atento à necessidade de industrialização dos processos, não apenas para a modernização dos procedimentos, mas para garantir um melhor ambiente de trabalho aos profissionais. “O ambiente de trabalho precisa ser mais atrativo, mais acolhedor, para que o funcionário da construção tenha orgulho e queira estar conosco”, disse.
A vice-presidente da Caixa apontou que a retomada do MCMV trouxe desafios importantes como o equilíbrio entre o acesso da população de baixa renda, em paralelo ao acesso da classe média ao programa. A entidade vê a segmentação como essencial. “É preciso olhar para o déficit e formatar produtos direcionados para condições de renda para cada público, e podemos alcançar isso com informação, tecnologia e parceria”, reforçou Inês.
Ela ainda abordou a retomada do Faixa 1, que reforça a importância do programa. “Parte da população brasileira não tem acesso ao crédito e tem dificuldade de acesso ao mercado de trabalho. É fundamental que as condições do Faixa 1 sejam utilizadas, predominantemente, pela população de maior vulnerabilidade”, apontou. Segundo Inês, a Caixa começa a aplicar as novas regras do programa, a partir desta sexta-feira (7).
Atendimento direcionado
Clausens Duarte, presidente da CHIS, destacou que o atendimento direcionado à baixa renda é essencial. Afinal, essa é a população com maior concentração no déficit habitacional. Portanto, é fundamental olhar para esse déficit habitacional do país. “A construção tem o compromisso, a dedicação e o empenho para combater essa chaga social. O Censo, divulgado pelo IBGE na última semana, trouxe informações importantes que podem dar o norte em muitas de nossas ações. O conjunto da sociedade precisa de um olhar diferenciado para a habitação de interesse social. Com informações e parceria conseguiremos traçar caminhos importantes para a melhor formação das cidades”, disse.
Outro ponto destacado durante o evento foi o projeto com os governos locais para o MCMV com o objetivo de escalar parcerias. O diretor executivo de Habitação da Caixa Econômica Federal, Rodrigo Wermelinger, ainda explicou as propostas para o programa com recursos do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) e do FGTS.
Diálogo
O secretário Nacional de Habitação, Hailton Madureira, e a diretora do departamento de Provisão Habitacional da SNH, Ana Paula Maciel Peixoto, estiveram presentes no evento. Eles esclareceram as principais dúvidas sobre as políticas públicas relacionadas ao MCMV.
Madureira destacou o importante papel que a CBIC tem desempenhado para a construção de um programa eficaz e atraente para o mercado. “Para construir habitação é necessário diálogo. A CBIC tem papel fundamental em fazer essa ponte entre setor público e privado. Vamos manter essa agenda e construir o futuro”, apontou.
Segundo Madureira, o programa tem uma grande capacidade de entrega de unidades habitacionais pelo programa e com a melhoria de crédito e a baixa de juros, será possível chegar a dois milhões de unidades durante os quatro anos do atual governo, apontou.