Litoral, Contorno e novo eixo econômico: os planos para o futuro da Serra

Alex Pandini

No blog anterior, falamos um pouco sobre as mudanças estabelecidas para o ordenamento territorial – urbano e rural – da Serra por meio do Plano Diretor Municipal Sustentável (PDMS), em vigor desde março deste ano após aprovação da lei na Câmara de Vereadores, cuja minuta foi elaborada por profissionais de carreira da prefeitura, a qual serviu de base para o texto final construído após amplo debate com a sociedade serrana.

 

Agora, vamos focar em 3 aspectos apresentados pelo secretário de Meio Ambiente da Serra, Claudio Denicoli. As propostas para o litoral, o contorno do Mestre Álvaro e a Avenida Mestre Álvaro (que é como vai se chamar o trecho da BR 101 que corta o município, entre Carapina/Boa Vista e Serra Sede.

 

Litoral

Apesar do PDMS permitir a construção de edifícios com gabarito alto, a regra não se aplicará para as praias da Serra. “Não queremos que aconteça o que aconteceu na Praia da Costa, por exemplo”, diz Denicoli, se referindo ao sombreamento da faixa de areia devido à altura dos prédios. Dessa forma, as praias de Bicanga, Manguinhos e Jacaraípe não poderão ter edificações que impeçam a visagem do mar, tampouco obstruam os raios solares na areia. Em Manguinhos, por exemplo, o gabarito ficou limitado a 2 andares. “Regra geral, a uma quadra do mar não há possibilidade de gabarito alto, e aí, paulatinamente, na medida em que se afasta da faixa litorânea, o limite vai aumentando, menos em Manguinhos, onde a comunidade decidiu que não quer”, explica Denicoli.

O novo documento também prevê incentivos para o turismo de lazer e esportivo, o que possibilita que esta e as próximas gestões tenham projetos de fomento para hotéis, pousadas, restaurantes e casas de eventos, além de incentivo ao artesanato e manifestações culturais.

 

Contorno

Já no Contorno, ficou estabelecido pelo PDMS o desenvolvimento do que o secretário chama de “eixo estruturante ambiental”, uma zona econômica, mas de baixo impacto. Em suma, a ideia é incentivar a instalação de empresas de logística – seguindo a vocação natural da região – e sem liberação para fins residenciais. “Acreditamos que é a melhor destinação, nas cerca de 50 reuniões que fizemos para discutir o plano moradores e empresários também se mostraram convencidos disso”, afirma o secretário.

O monte Mestre Álvaro. Foto: divulgação Prefeitura Serra.

 

Novo Eixo

Talvez a visão de futuro mais ousada do PDMS seja a estratégia pensada para o trecho da BR 101 que corta o município da Serra, e que vai deixar de receber as carretas e caminhões que transportam carga pelo estado e Brasil afora após a inauguração do Contorno do Mestre Álvaro. O trecho da rodovia será municipalizado (isso já estava estabelecido antes mesmo do PDMS), e irá se chamar Avenida Mestre Álvaro. A ideia é fomentar o surgimento de um centro econômico nos moldes das principais avenidas das metrópoles, como a Avenida Paulista, em São Paulo. “Queremos atrair o segmento das classes média alta e alta, muitos já têm negócios aqui mas ainda moram em Vitória e Vila Velha porque muitas vezes faltam opções de entretenimento e lazer”, explica Claudio Denicoli.

 

A avenida vai compreender, como dissemos, desde a subida da Rodovia das Paneleiras, a partir de Carapina, até Serra Sede, será municipalizada até o fim do ano e a prefeitura tem um grande projeto, que demanda parcerias com outros órgãos, para transformar a BR 101 em uma avenida moderna, onde seja fácil circular de carro, bicicleta e à pé. Entre as melhorias, faixas exclusivas para ônibus, ciclovia e várias passagens de nível para melhorar a mobilidade entre um lado e outro da cidade. O PDMS prevê prédios espelhados, residenciais e comerciais (no sistema misto já descrito no blog anterior), sendo que não haverá estacionamento à frente das lojas, mas sim nas ruas de trás, bem como prédios voltados exclusivamente para este fim (edifícios garagem). “Queremos que a avenida continue com um comércio intenso, e seja um lugar para viver, circular com conforto, paisagismo, bares, cafés, restaurantes, espaços culturais, um centro pujante que vai mudar a cara da cidade”, resume o secretário.

Foto de Alex Pandini

Alex Pandini

Alex Pandini é jornalista, tem 53 anos e mais de 3 décadas de experiência profissional em rádio, jornal, TV, assessoria de imprensa, publicidade e propaganda e marketing político. Além de repórter e apresentador na TV Vitória, é responsável pelo conteúdo da plataforma ConstróiES.