Materiais alternativos: economia ou estilo de vida?
Materiais alternativos podem reduzir muito os custos de uma obra. E não pense que para isso é preciso renunciar a beleza ou conforto.
Muitas pessoas não têm condições financeiras para a compra da maioria dos materiais tradicionalmente utilizados nas obras. No entanto, conseguem morar em lares aconchegantes e muito sustentáveis. Afinal, um pouco de criatividade na escolha de materiais e tecnologia produz resultados surpreendentes, garante arquiteta urbanista Luana Marques.
Pós-graduada em Sustentabilidade no ambiente construído, ela destaca ainda que a escolha dos materiais está associada ao estilo de vida, a exemplo a permacultura nas eco vilas.
Materiais Alternativos
Nesse contexto, fique atento para gastar menos na obra ou mesmo para atender à decisão de uma vida mais simples.
Utilize ao máximo os recursos da natureza e materiais recicláveis. Ou seja, materiais alternativos como, bambu, superadobee e coberturas verdes são ideais.
“E os resultados são ainda melhores se você aliar esses materiais a tecnologias, por exemplo, como captação de água da chuva e banheiro seco.
As possibilidades são muitas”, aponta Luana.
Para o “ponto alto” da casa, a sugestão é usar cobertura verde, a inércia da terra mantém a temperatura interna ideal, aquece no inverno e refresca no verão. Podendo ser utilizado como vegetação para cobertura, plantas medicinais como boldo e de opções de crescimento mais lento como as suculentas.
Bambu
Na lista de materiais alternativos, o bambu não pode ficar de fora. Ele é utilizado na construção civil há séculos, desde a construção de cabanas.
Além disso, é antiga a sua utilização como material estrutural na América do Sul, principalmente na Colômbia. Mas, também, em países como China e Japão.
A planta versátil pode ser utilizada para diversas finalidades. Entre elas está a aplicação em construções de baixo custo. Em países como a Colômbia, as casas e os edifícios construídos com esse material são muito comuns.
No entanto, na hora de escolher o bambu para fazer uma construção, é preciso ter alguns cuidados! Afinal, existem mais de 1000 espécies da planta. Deve-se priorizar aquelas que têm mais resistência física, além de serem menos suscetíveis ao ataque de pragas, como fungos e insetos.
Para o profissional utilizar o bambu em suas obras, também é interessante observar as benfeitorias pelas quais a planta passou antes de ser disponibilizada para venda. É preciso garantir que o processo de cura — em que é retirado o excesso de seiva — tenha sido feito corretamente, por exemplo.
Iluminação natural
Reduza ao máximo o gasto com energia, porque é uma excelente forma de economia. Por isso, abusar de portas e janelas bastante amplas é uma ideal muito boa. Afinal, a luz do sol ilumina os ambientes.
A pedagoga Sônia Mattos é uma apaixonada por luz natural. “As janelas de minha casa são bem grandes e também optamos por uma área interna com jardim que garante bastante claridade na sala e acesso aos quartos”, conta. E ela complementa: “essa energia do sol é tudo de bom para o humor da família”, garante.
Assim, além de aumentar o contato com a natureza e seu bem-estar, você colabora com a sustentabilidade.
Aproveitamento de água pluvial
A água da chuva pode ser aproveitada nas atividades do lar que não exigem água potável. Essa água pode ser utilizada em vasos sanitários. Bem como em mangueiras para lavar calçadas e carros, porém deve ser usar luvas de borracha como EPI e sapato fechado para evitar o contato com a pele humana.
Para isso, é preciso criar uma rede hidráulica alternativa, a partir de um reservatório separado com essa finalidade. A principal fonte da água da chuva é o telhado onde está exposto a sujidades, fuligens, fezes de pássaros que podem conter patógenos.
No entanto, mesmo que de forma mais simples, o reaproveitamento da água é viável. “Nós reutilizamos a água usada no segundo enxágue da roupa, por exemplo, para lavar o quintal ou mesmo o chão dos banheiros. Já fica até cheirosinho”, brinca Sônia.
Superadobe
E se o assunto gira em torno de materiais alternativos, a técnica conhecida como terra ensacada, chamada de superadobe (earthbag), é um processo bem simples. E que se utiliza de basicamente dois elementos: solo argiloso e sacos de polipropileno. Os trabalhadores preenchem sacos de polipropileno com solo argiloso e moldam no próprio local. Em seguida, passam por um processo de compressão, que pode ser manual ou mecânico. Por fim, os construtores colocam os sacos onde irão levantar as paredes.
Assim que os profissionais colocam a parede na altura desejada, eles retiram os sacos de polipropileno das laterais. E, caso desejem, rebocam a superfície.
A principal característica do superadobe é sua simplicidade e rapidez em relação ao adobe comum. Além de ser um material com baixo custo e conforto térmico e acústico, as construções têm grande resistência. O Superadobe é um material considerado “sustentável”, por utilizar recursos locais.
Banheiro seco
Banheiro seco é uma versão de vaso sanitário que funciona sem o uso de descarga de água. Esse modelo de vaso é mais sustentável do que a bacia sanitária convencional, pois reduz o gasto de água e energia, além de possibilitar o aproveitamento dos dejetos como adubo para as plantas ornamentais.
Deve ser voltado à orientação que há maior insolação no período do dia, para que haja a desidratação das fezes e não acarrete o mau odor.
A preocupação deve ser não implantar em locais próximos de corpos hídricos ou em nível de lençol freático seja alto para evitar a contaminação.