Método industrializado com madeira avança no mercado e na moradia social
A construção com madeira utilizando métodos industrializados tem se tornado uma alternativa viável e sustentável para o combate ao déficit habitacional no Brasil. Além de ser uma opção mais econômica, a construção com madeira é mais rápida e eficiente do que os métodos tradicionais de construção. Além disso, a madeira é um material renovável e sustentável, que pode ser cultivado e colhido de forma responsável. No entanto, a construção com madeira ainda é um assunto controverso no Brasil, e é necessário promover debates e conscientização sobre as vantagens e desvantagens dessa prática.
Parte dessa discussão inclusive aconteceu durante o painel “Construção com Madeira: Potencial de Mercado no Brasil” que ocorreu no 96º Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC). Abaixo você confere uma matéria veiculada pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) sobre o que foi visto e conversado durante o encontro.
A construção com madeira utilizando métodos industrializados tem conquistado espaço no mercado brasileiro e promovido debates sobre alternativas no combate ao déficit habitacional do país e à sustentabilidade. Construções eficientes, produtividade e processos otimizados foram pontos convergentes das apresentações dos representantes de empresas que trabalham com métodos construtivos industrializados, durante painel, nesta quarta-feira (12), no 96º Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC).
“A industrialização é um caminho sem volta, e o desafio da construção no país é gigantesco”, afirmou Renato Correia, vice-presidente da Região Centro-Oeste da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). “Vencer o desafio do déficit habitacional de 6 milhões de moradias é um desafio brutal, e o propósito desse setor é ser instrumento dessa solução”, completou.
Embora o insumo seja o mesmo, o desenvolvimento dos produtos e a sua implementação pela Noah Construtech e pela TecVerde Engenharia são diferentes, com madeira engenheirada e woodframe, respectivamente. “Podemos implementar de duas formas, em partes, como parede, laje, pilar, vigas, ou por módulo”, explicou Nicolaos Theodorakis, CEO da Noah. Ele considera que está se formando no país uma cadeia a favor de uma construção mais sustentável, industrializada, otimizada e eficiente. E destaca também o bem-estar e o design do produto imobiliário.
Os representantes das empresas consideram haver mais semelhança do que diferenças entre os métodos. A forma arquitetônica, a preocupação com a agenda ESG e a produção em escala são convergências apontadas.
“A industrialização é a palavra que nos move. A TecVerde trabalha na tecnologia viável para larga escala”, afirmou José Márcio Fernandes, sócio e CEO da TecVerde. “Nosso foco é eficiência e custo. Quem vai definir como é o produto não será o arquiteto ou o dono da construtora. Será um conjunto de profissionais que envolve engenheiro de produção e de logística”, disse.
“Para entrar em uma tecnologia como a que adotamos precisa mudar a forma de pensar”, pontuou. A TecVerde atua em empreendimentos de habitações do programa Minha Casa, Minha Vida, e também de alto padrão. Ele afirmou que, em 14 anos, a empresa já produziu mais de 8 mil unidades, em 12 estados, e que há 32 mil pessoas morando em casas de woodframe com 92% de satisfação.
A arquiteta Ana Belizário, da Urbem, que produz madeira engenheirada, afirmou que o produto da empresa está alinhado ao consumidor que procura conservação do meio ambiente e sustentabilidade. Ela aponta um mercado promissor para a construção com madeira. “O Brasil tem muita área para plantar floresta com produtividade alta. Juntando a base da floresta e o mercado de construção civil pujante, vamos ter muito desenvolvimento no setor nos próximos anos”, disse.
“O mercado é abrangente e há muito espaço a desenvolver”, afirmou Karine Corrêa, do Instituto Senai de Tecnologia em Construção Civil. Segundo ela, o Senai pode apoiar de várias formas: na capacitação, com as redes de laboratórios para validação dos materiais e sistemas construtivos, consultorias e desenvolvimento de projetos inovadores na área.
Fernandes aponta a questão tributária como uma das barreiras para o uso da tecnologia. Segundo afirmou, a tributação na forma convencional é de 4% em regime especial e na industrializada, 6,2%, considerando 20% de industrialização. “Quando vou para 80%, a tributação vira quase impeditivo. Precisa ser 17% mais eficiente para vencer essa barreira”, afirmou.
O painel “Construção com Madeira: Potencial de Mercado no Brasil” tem interface com o projeto “Cenários e Transição para uma Economia da Indústria da Construção de Baixo Carbono”, da Comissão de Meio Ambiente e Sustentabilidade – CMA/CBIC, em correalização com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional).
Por Leticia Vieira e Luciene Araujo com informações da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).