Mulheres são 10,8% na Construção Civil e 30% na corretagem de imóveis

Alex Pandini

 

As vitórias rumo à equidade de gênero nos setores imobiliários e de construção civil estão em marcha, mesmo que ainda não tenham atingido velocidade máxima. No Brasil, a entrada das mulheres na profissão de corretor de imóveis só foi autorizada em março de 1958.

 

Em 2023, nos primeiros 5 meses, 60% das novas contratações no setor da Construção Civil foram de pessoas do sexo feminino, de acordo com o  relatório do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o que demonstra que a tendência é de crescimento.

 

Em 2010, os dados do Painel da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho, mostravam que 7,8% da força de trabalho formal da Construção Civil pertencia às mulheres. Em 2021, esse número subiu para 10,85%, representando aproximadamente 207 mil mulheres empregadas no setor no Brasil.

 

No mercado imobiliário, o número de mulheres corretoras cresceu impressionantes 144% na última década, mas elas ainda representam apenas 30% dos profissionais legalmente ativos na área, conforme revela a pesquisa mais recente do Conselho Federal de Corretores de Imóveis (COFECI).

 

Divulgação.

 

ANÁLISE

Para Maria Eugenia Fornea, CEO da incorporadora Weefor, empresa de Santa Catarina, estado com forte presença nos mercados imobiliário e da construção, embora haja avanços na conquista da equidade de gênero no mercado imobiliário, ainda há muito a ser feito. “Nos canteiros de obras e na engenharia, o predomínio masculino persiste, dificultando a inclusão. Apesar de uma maior presença feminina em áreas como comercialização, marketing e desenvolvimento de produtos, é crucial avançar para garantir a participação de todos e reconhecer a sensibilidade feminina como um ativo valioso em setores tradicionais”, afirma.

 

DESAFIOS E OPORTUNIDADES

De acordo com a CEO, um dos maiores desafios para as mulheres que atuam no mercado imobiliário é justamente lidar com esse ambiente formado majoritariamente por homens, que podem ser resistente à mudança e à inclusão. “No entanto, estamos testemunhando uma mudança gradual, impulsionada por líderes femininas que estão conquistando espaço em posições estratégicas e promovendo uma cultura mais diversificada e inclusiva”, garante Maria Eugenia.

 

Paula Morais, arquiteta e fundadora do Estúdio Convexo Arquitetura, atua nesse ramo há 17 anos e conta que, quando era mais jovem, ao chegar no canteiro de obras, nem sempre se sentia desconfortável. “No entanto, atualmente, isso já não me causa incômodo. Tornou-se tão natural para mim que, ao longo do tempo, desenvolvi tanta confiança quanto os homens, e a presença masculina já não me intimida.”

 

VANTAGENS DA EQUIDADE

Paula acrescenta que a perspectiva das mulheres tem um impacto direto nos projetos imobiliários, influenciando o produto final entregue ao mercado. “A abordagem inovadora e multidisciplinar das mulheres, aliada à agilidade nas tomadas de decisão, reflete nossa capacidade de lidar com múltiplas tarefas simultaneamente. Essa versatilidade, exigida pela demanda social, representa um diferencial no setor, ressaltando a diversidade de pensamento e a inovação nas decisões tomadas”, declara a arquiteta.

 

Já Maria Eugenia acredita que a equidade de gênero no setor imobiliário e de incorporação traz uma série de vantagens. “Para o sucesso no desenvolvimento de projetos imobiliários é essencial ter uma compreensão abrangente dos impactos econômicos, sociais e ambientais envolvidos. Uma equipe diversificada está mais bem preparada para tomar decisões que atendam às necessidades dos clientes e demais partes interessadas, resultando em mais inovação, eficiência e resultados sustentáveis a longo prazo, garante a empresária.

Foto de Alex Pandini

Alex Pandini

Alex Pandini é jornalista, tem 53 anos e mais de 3 décadas de experiência profissional em rádio, jornal, TV, assessoria de imprensa, publicidade e propaganda e marketing político. Além de repórter e apresentador na TV Vitória, é responsável pelo conteúdo da plataforma ConstróiES.