O crescimento das mulheres na construção
Mulheres estão ganhando cada vez mais espaço na construção. Em um cenário predominantemente masculino, o setor da construção tem ampliado cada vez mais a participação feminina, segundo levantamento do Ministério do Trabalho e da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). O estudo, disponibilizado em 2021, aponta que as mulheres representavam cerca de 10,85% da força de trabalho nos canteiros de obra, em comparação com os 10,32% registrados em 2019.
“Para um setor, considerado motor da economia brasileira, os números ainda são considerados baixos”, avalia a presidente da Comissão de Responsabilidade Social (CRS) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ana Cláudia Gomes.
Mulheres na construção
Apesar de ainda representarem uma parcela inferior a 20% do total de profissionais no setor, o crescimento é significativo nos últimos anos. Em 2020, foi registrado um aumento de 5,5% de cargos com carteira assinada ocupados por mulheres no Brasil. Enquanto em 2019, houve 205.033 postos de trabalho ocupados por mulheres; em 2020 foram 216.330 vagas.
Além disso, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) fez um recorte entre os anos de 2007 e 2018. E o resultado foi um crescimento de 120% no número de mulheres trabalhando na construção.
Capixabas na obra
No Espírito Santo não é diferente. O Estado acompanhou o crescimento da presença feminina nos canteiros de obras. Em 2018, eram 3.809 funcionárias com carteira assinada no setor. Em 2021, este número subiu para 4.681, cerca de 22%.
Diretora de Recursos Humanos do Sinduscon-ES, Apasra Sipolatti reitera que o número ainda é baixo em relação à quantidade de homens na construção civil. “Representa menos de 11% em todo o Brasil. No Espírito Santo, em 2021, elas eram cerca de 9% da mão-de-obra do setor”, destaca.
#elasconstroem
O desafio é promover a inclusão e ampliação de oportunidades para mulheres na área. Assim, a Comissão iniciou o projeto “Elas Constroem”, com o intuito de fortalecer a presença feminina no setor. A partir da iniciativa, parceiros e associados à CBIC impulsionam outros trabalhos.
Segundo a vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF), engenheira civil Mirelle Antunes Corrêa, a entidade tem desenvolvido diversas iniciativas. O objetivo é criar um ambiente mais inclusivo e seguro às trabalhadoras. Além disso, o Sinduscon-DF conta com o investimento em capacitação e formação de profissionais mulheres. Ou seja, oferece cursos exclusivos, como os de pintura e almoxarife. E, mais recentemente, cursos que abrangem áreas como gerenciamento financeiro e outros.
A iniciativa não visa apenas inserir as mulheres no mercado de trabalho. Mas, também, aprimorar suas habilidades e aumentar as oportunidades de progressão na carreira.
Prevenção
A entidade também conta com ações para a prevenção de assédio e combate a violência. “Muitas ações têm sido implementadas para a promoção da igualdade de gênero e para a disseminação de ações concretas voltadas para a valorização das mulheres e combate a violência. Realizamos palestras de sensibilização e conscientização, abordando temas como violência e assédio”, explicou Mirelle.
Outra ação citada pela engenheira foi a cartilha com especificações para um canteiro de obra mais inclusivo, que conta com projeção de áreas mais reservadas, garantindo a privacidade e segurança das trabalhadoras. “Essa cartilha tem como objetivo de eliminar quaisquer formas de discriminação e garantir um ambiente de trabalho saudável”, afirma a engenheira.
Para completar o amparo às funcionárias, o Sinduscon-DF criou o programa de denúncias contra a violência, que conta com o apoio do Governo do Distrito Federal. A iniciativa estabelece um canal seguro e confidencial onde as mulheres podem relatar situações de risco, violência ou assédio.
“Construindo Mais Cidadania”
O Sindicato da Indústria da Construção do Pará (Sinduscon-PA) tem se destacado pela parceria com o Tribunal de Justiça local, no projeto “Construindo Mais Cidadania”. A iniciativa conta com um módulo específico voltado à conscientização sobre a violência doméstica e familiar, que já alcançou mais de 6 mil trabalhadores do setor.
A gestora do Sinduscon-PA, Eliana Veloso, destacou que o projeto tem tido bons resultados. As apresentações promovem boas práticas e levam informações àqueles trabalhadores e trabalhadoras que não sabem como agir nesse tipo de situação.
“Temos muitos depoimentos de trabalhadores que não conheciam as diversas formas de violência possíveis. Nem os canais de comunicação disponíveis para denúncia”, diz Eliana.
O projeto “Construindo Mais Cidadania” é uma resposta concreta aos desafios enfrentados pelas mulheres no contexto da violência doméstica, afirmou a gestora. Além disso, Eliana apontou a importância de promover a conscientização e a educação em relação a esse tema, não apenas a trabalhadores da construção. Mas também à sociedade como um todo. “Queremos contribuir para a construção de um ambiente seguro e livre de violência para todas as mulheres”, finaliza a gestora do Sinduscon-PA.
O tema tem interface com o projeto “Responsabilidade Social na Indústria da Construção”, da Comissão de Responsabilidade Social (CRS/CBIC), com a correalização do Serviço Social da Indústria (Sesi Nacional).
Com informações da Agência CBIC